Till – A Busca Por Justiça

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Till – A Busca Por Justiça peca pela abordagem visual, mas traz uma história real trágica e revoltante, que é elevada pela atuação avassaladora de Danielle Deadwyler.
Trazendo a história de uma mãe que após ter o seu filho único de 14 anos assassinado brutalmente, busca trazer justiça à trágica morte do seu filho, Till – A Busca Por Justiça volta a escancarar mais uma vez a partir de uma história real o período mais extremo do racismo (e o fato de que esse mal não tenha sido extirpado da sociedade só prova como a humanidade falhou), onde traz uma história que, embora inicialmente pouco segura em como aborda a dramaticidade da sua história, aos poucos ela vai se tornando mais confiante. Eficaz em expor o racismo da época (o filme é ambientado em 1955), o filme envolve e emociona em função da dor dilacerante de uma mãe, e na força descomunal que ela encontra para trazer alguma justiça ao filho (e não deixa de ser curioso de como a mídia parece tentar usar da dor de uma mãe para promover uma causa, mesmo que necessária), e a tragédia da história (que infelizmente, ainda continua nos dias de hoje) nos leva a se revoltar com o absurdo retratado na época.
No entanto, o filme peca por trazer uma abordagem visual que soa incompatível com a trágica história que está sendo narrada: Adotando um visual tão colorido que chega a parecer estilizado e fantasioso, diria que essa abordagem faria sentido em um musical clássico ou em um Vingança e Castigo, sou capaz de acreditar que a direção tinha a intenção de emular um estilo clássico influente do Technicolor, ou mesmo de destacar o contraste da beleza estética do filme com a da tragédia narrada. No entanto, mesmo trazendo um design de produção belíssimo e uma fotografia com cores expressivas, o resultado acaba tornando a narrativa pouco sutil, tornando aquilo que poderia ser sutil em artificialidade/caricatura por parte de seus atores (basta observar como os personagens racistas se comportam no filme), e isso compromete de certa maneira o que está sendo contado no filme, já que o tom caricatural bate de frente com a sobriedade que a direção leva o elenco e algumas das passagens do filme. E a diretora Chinonye Chukwu acerta nos momentos mais intensos do filme, como na sequência que mãe e filho se despedem e que a direção injeta ali a tristeza de uma mãe que não sabe que será a última vez que vê o filho, ou no excepcional longo plano que a protagonista defende seu filho no tribunal, e especialmente a sequência na funerária, que não há como negar, é aterrorizante e emocionalmente devastadora. Por outro lado, momentos como o dolly shot em que a protagonista recebe a notícia da morte do filho ou aquele que começa no caixão aberto e vai se distanciando até revelar a fila de pessoas para ver o corpo do menino, soam como mero exercício de estilo, que acabam diluindo esses momentos mais dramáticos.
Felizmente, a força e intensidade da história é tamanha que ela consegue contornar seus aspectos visuais e funcionar em sua dramaticidade. E certamente o principal fator para o sucesso do filme é a atuação de Danielle Deadwyler, e a atriz consegue nos levar a sentir desde o início o temor nem um pouco infundado de deixar o filho ir para uma região bastante racista, e ver o pior medo de um pai ou mãe acontecer para ela nos atinge em cheio. E a atriz convence e emociona nas passagens mais tristes e dramáticas, desde a maneira com que toca carinhosamente o cadáver destruído do filho ou o sutil momento que ela faz o nó de uma gravata para a testemunha, como se estivesse fazendo aquilo para o filho, e principalmente na longa sequência do seu testemunho e que em um longo plano de mais de 5 minutos, retrata a força e a dor da sua personagem de forma avassaladora. Mais ainda é ver como a personagem cresce ao longo do filme, onde encontra força a partir de uma dor que nunca vai sarar. E no entanto, há uma felicidade em vermos aquele plano final: A dor nunca irá sarar, claro, mas o pequeno Till permaneceu vivo na memória dela e na História, ao contrário dos racistas cuja vivência já está destinada ao lixo da História.
Contando ainda com ótimas atuações (Jalyn Hall confere carisma ao pequeno Till, Sean Patrick Thomas surge ótimo e confere imenso apoio emocional à protagonista, e o filme ainda traz uma participação de luxo da grande Whoopi Goldberg, que faz uma bela atuação), excelentes figurinos, uma bela trilha sonora, uma ótima maquiagem, enfim, é um filme muito bom.
Nota: 9!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais

Baseado em uma História Real.

Gênero: Drama
Duração: 131 Minutos
Classificação Indicativa: 14 Anos (Violência, Temas Sensíveis e Drogas Lícitas)
Distribuição: Universal Pictures
Direção: Chinonye Chukwu
Elenco: Danielle Deadwyler, Jalyn Hall, Frankie Faison, Haley Bennett, Sean Patrick Thomas e Whoopi Goldberg

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