Uma Vida Oculta

Um dos Melhores Filmes do Ano e Um dos Melhores Filmes de Drama do Ano. Uma Vida Oculta é um filme excelente que traz uma fotografia magnífica e uma tocante e forte história real, ainda que se alongue demais em alguns momentos.
Trazendo a história real de Franz Jägerstätter, que se recusou a se aliar ao Nazismo na Alemanha e enfrenta as consequências da sua escolha, Uma Vida Oculta surge como uma versão meditativa do excelente Até o Último Homem onde não mostra os horrores do campo de batalha e sim, o peso das escolhas do protagonista (cuja convicção e batalha pessoal rivalizam com a do protagonista de Até o Último Homem). Investindo praticamente boa parte de seu primeiro ato para retratar o protagonista e sua esposa em sua vida pacata em uma aldeia, e como aos poucos ele vai refletindo sobre a sua escolha e também a reação dos demais à mesma, o filme traz aí seus melhores momentos, onde o protagonista parece avaliar essa escolha e reconhece que isso pode ser sua sentença de morte, com sua convicção falando mais alto. E se o segundo ato peca ao gastar tempo demais em momentos e passagens que alongam o filme e onde suas quase três horas são sentidas, o fator emocional da história fala mais alto, já que a história do protagonista é forte, melancólica e poderosa.
Fugindo da narrativa mais solta e por vezes abstrata de seus filmes, aqui o diretor Terrence Malick ancora sua história em uma narrativa mais simples e direta, usando da sua típica marca autoral para a história ao adotar um ritmo contemplativo e pausado, que parece meditar e se encantar diante da beleza das locações assim como na escolha do protagonista e do peso que vem com ela, trazendo também as suas típicas narrações que aqui são feitas através das cartas que Franz e sua esposa trocam ao longo da prisão do primeiro. No entanto, essa decisão acaba custando um preço alto ao seu segundo ato, que investe em passagens mais longas do que o ideal e também em planos que pouco acrescentam à história, soando como autoindulgência do diretor.
Felizmente, apesar das barrigas ocasionais ao longo do filme, isso é mais que compensado pela beleza visual do filme, que traz uma fotografia magistral, sublime e magnífica, onde o diretor aposta em planos com máxima profundidade de campo que parece buscar a mais absoluta beleza de cada cenário visto ao longo do filme (e sua comunhão com os personagens) e que exploram ao máximo a beleza das locações (que são de tirar o fôlego), onde cada plano chega a dar vontade de emoldurar em um quadro, e ainda chega a parecer que estamos assistindo ao filme em 3D sem óculos. A fotografia também é narrativamente hábil ao explorar o calor e o aconchego naturais que tomam conta da Alemanha antes do início do Nazismo, que passa a tirar a beleza e onde uma atmosfera triste toma conta do filme. É um belíssimo trabalho que merecia ter sido mais reconhecido na temporada de premiações.
Sempre envolvente e emocionante em sua história, Uma Vida Oculta ainda traz ótimas atuações (August Diehl está excelente e se destaca em sua sobriedade ao mostrar seu personagem lidando com suas escolhas e retratando suas dores e anseios, Valerie Pachner se sai muito bem como o apoio emocional do protagonista e retrata também seu desgaste e a ausência emocional do marido, e ainda traz boas participações do elenco coadjuvante), um belíssimo design de produção (que faz uma boa recriação de época, mas se destaca em seu uso incrível das lindas locações), bons figurinos, uma trilha sonora magistral e belíssima (onde além de ótimas composições clássicas, o compositor James Newton Howard adota composições melancólicas e tristes que nos faz sentir a beleza daquele mundo e a tristeza que passa a tomar conta, trazendo ainda um uso de violinos bastante similar ao utilizado pelo compositor em sua magnífica e subestimada trilha sonora do excelente A Vila), um ótimo design de som, enfim, é um filme excelente. Altamente Recomendado. Baseado em uma História Real. No Elenco do Filme está: August Diehl (Armadilha Do Caçador e Kursk – A Última Missão), Valerie Pachner (O Chão Sob Meus Pés e Deu Ruim), Michael Nyqvist (Fúria Em Alto Mar e Invasão De Privacidade), Bruno Ganz (A Tabacaria e A Casa Que Jack Construiu) e Matthias Schoenaerts (The Old Guard e Kursk – A Última Missão). E na Direção está: Terrence Malick (De Canção Em Canção e Cavaleiro De Copas).
Nota: 9,5!!!!
Status do Filme: Indisponível

Gênero: Drama
Duração: 174 Minutos [2h54]

Classificação Indicativa: 14 Anos
Inadequações: Violência e Temas Sensíveis
Tema: Drama Biográfico