O Culpado

OCulpado

Lançado Diretamente no Netflix no Brasil e nos EUA. Refilmagens são algo comum em Hollywood, ainda mais para revisitarem grandes clássicos, no entanto, é comum também vermos obras de outros países que ganham suas próprias versões americanas, com resultados nem sempre eficientes, afinal, para cada Suspíria, existem dúzias que empalidecem diante do original (um exemplo é o excelente terror tailandês Espíritos – A Morte Está Ao Seu Lado se tornar o fraquíssimo Imagens Do Além). E neste caso, o original Culpa é um filmaço intenso e objetivo, e que ganha em O Culpado sua versão americana, que traz um bom clima de tensão (especialmente a partir de determinada reviravolta), mas que empalidece totalmente diante do filme que o inspirou.
Narrando a história de um ex-policial que recebe a ligação de uma mulher sequestrada, O Culpado traz a mesmíssima história do original dinamarquês lançado em 2018 (e que assisti há quase 2 meses), sendo uma típica refilmagem que chega a recriar e manter os mesmíssimos diálogos do original, mudando apenas os nomes dos personagens (e a língua falada, é claro) e sem fugir muito da estrutura e da ordem dos acontecimentos, e é impressionante como O Culpado não sustenta a tensão pelo filme todo, que só de fato melhora quando uma reviravolta acontece (a mesma do original), onde aí sim, o filme consegue funcionar por conta própria (ainda que preso à sombra do original) e finalmente nos prende quando o filme atinge o seu ponto alto, quer dizer, até o filme se acovardar no seu final (neste caso, apenas quem viu o original, vai saber no quê o filme se acovarda).
Tolo a ponto de tentar trazer os casos de violência policial para a história com o intuito de tentar soar atual, mas sem desenvolvê-los apropriadamente (algo que o original não tentava desenvolver já que era a situação que importava no filme), eu até poderia transcrever aquela crítica aqui para citar alguns dos pontos fortes desse filme se ela não fosse uma versão bastante inferior de algo bastante superior, e que pior, ao tentar trazer algumas diferenças para com o original, só mostra a discrepância absurda entre um e outro, e como este O Culpado parece uma versão de Culpa bem mais covarde e que subestima a inteligência do espectador. Se o original se mantinha em um único lugar durante o filme todo, nos forçando a sentir a ansiedade com o protagonista e imaginando o que estava acontecendo do outro lado da linha, aqui o competente diretor Antoine Fuqua trata de colocar alguns planos que mostram o mundo lá fora (as queimadas no início do filme não têm necessidade nenhuma para a história) e também mais alguns planos que mostram o que está acontecendo do outro lado da linha, como se não fôssemos capazes de imaginar o que está acontecendo (talvez no intuito do filme não ficar cansativo por se ambientar em um único lugar, mas essa desculpa é ridícula, já que o original funcionava muito bem em um único ambiente, e dezenas de filmes igualmente eficientes – e americanos – também) e matando no processo um dos principais motivos da eficácia daquele longa. Além disso, tentar humanizar o personagem através de uma filha soa artificial e infla o filme desnecessariamente (mesmo tendo a mesma duração do original), já que fica impossível gostar do protagonista, que se mostra um terrível profissional e péssimo colega de trabalho, e fica bem claro que uma pessoa como Joe não deveria estar trabalhando ali (nem mesmo estando rebaixado para a função, como no caso dele), já que o personagem se mostra grosseiro e explosivo demais para o trabalho de receber ligações de emergência (o que fica ainda pior quando comparamos a atuação de Jake Gyllenhaal com a excelente atuação de Jakob Cedergren no original dinamarquês, que se mostrava extremamente disciplinado e corretamente frio na sua abordagem ao telefone, como se deve ser nessa área de trabalho).
Trazendo Jake Gyllenhaal, um ator que gosto, se entregando a histrionismos com uma frequência alarmante para dar mais emoção à atuação (e que pior, não convencem, pois o que ator faz aqui deverá provocar a ira de funcionários que trabalham constantemente com atendimento telefônico), mas que convence nos momentos que a emoção é retratada de forma menos explosiva, demonstrando sua preocupação com quem está do outro lado da linha (aliás, as atuações vocais também são bastante eficientes, e devo destacar Peter Sarsgaard que mesmo sem aparecer, traz o momento mais tocante do filme), além de uma fotografia eficiente, um ótimo design de som (que assim como o original, nos leva a ouvir e imaginar o que está acontecendo do outro lado da linha, mas sem a mesma eficácia, já que em alguns momentos vemos o que está acontecendo), um interessante design de produção (a central de ligações surge bem espaçosa e visualmente interessante) e uma eficiente trilha sonora, O Culpado prova que às vezes refilmar um filme é desnecessário, pode ser que funcione melhor apenas para quem não viu o original dinamarquês e não ligar para os detalhes que tornariam essa refilmagem minimamente convincente, mas ainda assim, entre o original e uma pintura mal-acabada, é melhor ficar com a original. Refilmagem de Culpa de 2018. No Elenco do Filme está: Jake Gyllenhaal (Homem-Aranha: Longe De Casa e dublou Spirit: O Indomável) e Christina Vidal Mitchell (Noite Do Terror e Sexta-Feira Muito Louca) com as Vozes de Ethan Hawke (Estocolmo e Fé Corrompida), Riley Keough (O Diabo De Cada Dia e O Chalé), Eli Goree (Uma Noite Em Miami… e Raça), Da’Vine Joy Randolph (O Último Turno e Meu Nome é Dolemite), Christiana Montoya, Paul Dano (Okja e Um Cadáver Para Sobreviver) e Peter Sarsgaard (A Sombra De Stalin e Mentira Incondicional). Produzido por: Nic Pizzolatto (produziu seriado True Detective). E na Direção está: Antoine Fuqua (Infinito e O Protetor 1 e 2).
Nota: 6,5!!!!
Status do Filme: Disponível no Netflix

Gênero: Suspense
Duração: 89 Minutos [1h29]

Classificação Indicativa: 16 Anos
Inadequações: Violência e Linguagem Imprópria

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