Era Uma Vez Um Gênio

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Um dos Melhores Filmes do Ano e Um dos Melhores Filmes de Drama/Aventura do Ano. A solidão pode ser tanto acolhedora quanto incômoda: Incômoda quando não gostamos de estar sozinhos, e acolhedora por reconhecermos algum prazer na presença de si próprio e gostar da própria companhia (algo que geralmente leva à eterna discussão de “liberdade ou solidão?” que já gerou diversos memes na Internet). Além disso, não deve haver sentimento que nos move tanto quanto o Amor. Afinal, somos capazes das mais variadas coisas por Amor (seja por namorado ou namorada, pais e filhos) e gostamos do sentimento de estarmos com alguém que amamos de forma recíproca. E Era Uma Vez Um Gênio compreende bem sobre as duas coisas, e nos mantém vidrados na tela com suas histórias e o seu visual incrível, em um filme diferenciado e muito bom.
Narrando a história da professora Alithea, que descobre um gênio que lhe concede três desejos e ainda narra alguns casos da sua vida, Era Uma Vez Um Gênio traz George Miller de volta à direção depois do jovem clássico Mad Max: Estrada Da Fúria, e aqui, George Miller como bom contador de histórias, torna impossível não desviar a atenção da tela com as histórias contadas pelo Gênio, e que devidamente narradas como um conto, facilita melhor nosso envolvimento com a história e com a lógica da narrativa, cujo ritmo mantém a história sempre em movimento e que faz o filme passar rápido. E entre as histórias narradas, o roteiro explora a aproximação entre Alithea e o Gênio, e suas conversas se tornam fascinantes muito em função da racionalidade e inteligência que ela possui, que contrasta com a própria natureza absurda do Gênio, e que Alithea jamais deixar de expressar a sua desconfiança e também seu fascínio ao conhecer alguém cheio de histórias como o Gênio. Mas é aí que está: Alithea e o Gênio são duas criaturas que, em sua solidão, acabam não apenas se encontrando, como também se reconhecem, e sabem qual é a sensação. E sem revelar muito, mas o desejo que Alithea acaba pedindo deverá causar, no mínimo, reações no espectador, não por ser algo chocante, mas por Alithea ser uma personagem tão racional e inteligente, que ela decida pelo que decidiu, confesso ter esperado algo diferenciado inicialmente. E talvez por isso que o filme surpreenda nesse aspecto, já que a decisão acaba se revelando bonita e tocante de certa forma.
E tecnicamente o filme merece aplausos por conseguir ser um espetáculo, mas sem jamais tirar o foco do essencial para a narrativa: Os figurinos e o design de produção conferem um visual incrivelmente estilizado e mais do que perfeito para os propósitos do filme, especialmente na recriação de época que é absolutamente deslumbrante em suas cores e cenários (e vale notar como cada conto tem uma cor predominante que sintetiza seus temas, como o dourado e o vermelho), enquanto a fotografia explora ao máximo a beleza dos cenários e a estilização confere uma atmosfera fantasiosa perfeita. Já os efeitos especiais são excelentes e até mesmo, a artificialidade ocasional confere um charme ao filme, enquanto o design de som se mostra incrivelmente imersivo, e até mesmo o compositor Tom Holkenborg é obrigado a compor a trilha sonora de forma muito mais contida que o habitual (já que o compositor é acostumado a criar trilhas excessivamente barulhentas a ponto de soarem intrusivas, e cujos trabalhos são de altos e baixos), e o resultado acaba sendo muitíssimo interessante e complementa bem os diversos contos sem jamais chamar a atenção para si, surpreendendo ao criar um belíssimo tema no terceiro ato que é uma sinfonia que sintetiza os temas do filme de maneira belíssima.
Revelando-se de certa forma um filme diferenciado, já que histórias do tipo estão incrivelmente em baixa nos cinemas, como também parecem não se encaixar em um mundo cada vez mais cínico e avesso a sentimentos, o filme ainda traz duas ótimas atuações centrais (Tilda Swinton confere inteligência e curiosidade à sua personagem e Idris Elba traz sua habitual imponência, mas explora o fascínio e o sentimento que o Gênio tem pelos humanos e por aqueles que o chamam) e uma direção muito boa de George Miller (que aqui dirige com segurança absurda, saltando entre a fantasia e as sequências dentro do quarto de hotel, que se convertem em uma espécie de filme de câmera, como Os Oito Odiados e 7500, mas conferindo um estilo notável a cada conto), enfim, é um filme surpreendentemente tocante e muito bom. Recomendado. Baseado no Conto de A.S. Byatt. Estrelado por: Idris Elba (A Fera – 2022 e dublou Sonic 2 – O Filme) e Tilda Swinton (Memoria e A Crônica Francesa). E na Direção está: George Miller (Mad Max 1,2,3 e 4 e Happy Feet: O Pinguim 1 e 2).
Nota: 9!!!!
Status do Filme: Disponível Em Plataformas Digitais e no Amazon Prime Video

Gênero: Drama/Aventura
Duração: 108 Minutos [1h48]

Classificação Indicativa: 16 Anos
Inadequações: Violência, Conteúdo Sexual e Drogas Lícitas

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