Nada De Novo No Front

NadaDeNovoNoFront

Lançado Diretamente no Netflix no Brasil e na Alemanha. Um dos Melhores Filmes do Ano e Um dos Melhores Filmes de Drama/Guerra do Ano. Confesso não ter assistido ao clássico Nada De Novo No Front lançado em 1930 (e que ainda venceu 2 Oscar 1930), mas este Nada De Novo No Front é brutal, implacável e incrivelmente tenso e angustiante, e ainda traz um trabalho técnico impecável.
Colocando o jovem Paul entrando para a Primeira Guerra Mundial e descobrindo nela os horrores brutais da guerra, Nada De Novo No Front se mostra uma obra implacável desde o início com uma sequência inicial que rivaliza com a sequência inicial de O Resgate Do Soldado Ryan (ainda hoje impressionante) ao retratar um jovem desconhecido no campo de batalha e todo o trajeto do seu cadáver passando pelo uniforme sendo recolhido, limpo e pronto para ser reutilizado, reiniciando assim o ciclo que começará com o protagonista (e o repetido som das máquinas de costura se transformando sutilmente em repetidos sons de tiros é um toque genial do som do filme). Triste ao retratar os jovens rostos cheios de alegria que mal sabem o horror que enfrentarão na guerra, o filme não dá concessões ao espectador e nos leva ao inferno junto dos personagens, tornando a experiência absurdamente angustiante, e que se torna ainda pior quando vemos membros de alto escalão vivendo em suas mordomias enquanto diversos soldados lutam por eles em uma batalha brutal, e sendo um filme da Alemanha, é interessante perceber como a última batalha é anunciada por um general (fictício, de fato), mas que indica ali o futuro do país com o início da onda nacionalista que daria início à Segunda Guerra Mundial. Enquanto isso, o roteiro parece não indicar bem o caminho que pretende seguir, especialmente no segundo ato quando a subtrama política envolvendo o futuro armistício começa a tomar forma (e acaba causando pequenos arrastos na narrativa) e seu terceiro ato ainda incomoda com algumas decisões bobas dos personagens envolvendo uma tentativa de roubo (que poderia ser descartada e levada para o conflito final, sem prejuízo algum), mas estes pecadilhos acabam sendo compensados pela intensidade e angústia que o filme provoca no espectador, não temendo enviar o espectador para fora do filme com uma sensação de esgotamento intenso.
Trazendo um trabalho técnico absolutamente irrepreensível e digno de prêmios, Nada De Novo No Front traz seu diretor Edward Berger fazendo aquilo que o diretor Sam Mendes não conseguiu fazer no excelente 1917, onde Berger consegue equilibrar um equilíbrio plástico belíssimo, mas também brutal em seu retrato de guerra (algo que escapou a Mendes que se deixou fascinar pela técnica), onde busca tornar o filme imersivo, e converte as sequências de batalha em um verdadeiro espetáculo do horror, retratando a brutalidade da guerra da forma impiedosa como ela é, e aproveita sabiamente os respiros narrativos para nos envolver com os personagens. Além disso, a fotografia digital (que geralmente confere um aspecto límpido à imagem) ajuda a tornar a sujeira da época e a brutalidade vista em tela ainda mais realista, nos fazendo sentir a guerra na pele. E vale dizer que os momentos de intensa brutalidade são contrastados por instantes mais contemplativos, que encantam pela sua beleza de tirar o fôlego (como a sequência noturna dos caminhões com as faróis acesos ou os diversos planos que retratam as paisagens – seja dentro ou fora do espaço da guerra – que encantam pela sua natureza desoladora e melancólica), e há outros que conseguem ficar no equilíbrio entre o belo e o horror (como a chegada dos tanques) ou mesmo causam impacto pela escala e grandeza retratadas (como os planos aéreos que retratam a escala grandiosa das batalhas). Enquanto isso, o design de produção é impecável na criação dos pântanos e trincheiras criando um contraste com a limpidez e beleza do núcleo político, enquanto a maquiagem é excepcional nas consequências violentas dos combates e nos rostos sujos e carregados de lama dos soldados, jamais deixando de convencer. E vale dizer que o design de som do filme comprova que o premiado design de som de Dunkirk está se tornando influente, pois o som que ouvimos aqui é absolutamente bombástico, nos mergulhando nas trincheiras e nos fazendo sentir o impacto das explosões e dos diversos tiros de maneira brutal (e assim como aconteceu no filme de Christopher Nolan, grande parte do impacto sonoro é concentrado nos canais frontais).
Contando ainda com ótimas atuações (Felix Kammerer retrata muito bem o vazio tomando conta do seu olhar diante de tanto horror e Daniel Brühl convence na determinação de seu personagem, enquanto o restante do elenco desempenha bem seus personagens), uma climática trilha sonora, ótimos efeitos especiais (que se destacam pelo seu uso mais discreto), enfim, é um filme excelente e visceral. Baseado no Livro de Erich Maria Remarque. Vencedor de 4 Oscar 2023 nas categorias de Melhor Filme Internacional, Melhor Fotografia, Melhor Design de Produção e Melhor Trilha Sonora Original, foi também indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Maquiagem e Penteado, Melhor Som e Melhores Efeitos Especiais. No Elenco do Filme está: Felix Kammerer, Albrecht Schuch (Fabian – O Mundo Está Acabando e Transtorno Explosivo), Aaron Hilmer, Moritz Klaus, Adrian Grünewald, Edin Hasanovic (Um Dia Para Sempre e Meu Fim. Seu Começo.), Devid Striesow (Então, Vou Nessa! e Nós Somos Jovens. Nós Somos Fortes.) e Daniel Brühl (A Porta Ao Lado e King’s Man: A Origem). E na Direção está: Edward Berger.
Nota: 9,5!!!!
Status do Filme: Disponível no Netflix

Gênero: Drama/Guerra
Duração: 147 Minutos [2h27]

Classificação Indicativa: 16 Anos
Inadequação: Violência Extrema

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