Bardo, Falsa Crônica De Algumas Verdades

Bardo,FalsaCronicaDeAlgumasVerdades

Bardo, Falsa Crônica De Algumas Verdades é uma bobagem pretensiosa e vazia, ainda que visualmente bela.
Narrando a história de um renomado jornalista e documentarista retornando à sua terra natal e encarando uma crise existencial, Bardo, Falsa Crônica De Algumas Verdades busca conferir uma atmosfera surreal desde o início, como se estivesse nos levando em uma série de sonhos, por vezes sem o menor sentido e alguns beirando o absurdo ou abstrato (como qualquer coisa envolvendo um bebê bizarro feito com fraquíssimos efeitos especiais), e o pequeno fiapo de trama é apenas uma desculpa para criar esse tipo de narrativa. Porém, apesar de alguns planos esteticamente belíssimos e a estrutura parecer interessante em teoria (e que só fará algum sentido no final), o filme se torna inchado e cansativo, se alongando em passagens que poderiam ser diminuídas ou eliminadas (além de tornar a estrutura confusa em sua lógica), e pior, assistimos tudo aquilo encantados com algumas cenas lindamente fotografadas ou filmadas com muito esmero, mas sem conseguir criar o mínimo de conexão com o espectador, criando um vácuo emocional completo na história (e isso também se aplica para as atuações, que até parecem decentes, mas o vácuo entre filme e espectador é imenso a ponto de não nos importamos com personagem algum do filme).
Dirigido por Alejandro G. Iñárritu sem o menor autocontrole, conforme o filme se desenrola, mais fica claro que o protagonista do filme é um avatar seu na narrativa, como se ele estivesse falando sobre si mesmo, no entanto, o diretor, arrogante e autoindulgente como só ele (ele disse que O Regresso deveria ser visto em um templo, o que é engraçado já que a cinefilia em geral passa o maior pano do mundo para Iñárritu – já que ele faz filmes artísticos, logo, é um Cinema bem mais artístico que os demais, longe dos blockbusters -, mas tratam de xingar Christopher Nolan e Denis Villeneuve apenas por dizerem que seus filmes merecem ser assistidos no Cinema, preferencialmente em uma sala IMAX), trata de encher a narrativa com simbolismos bobos e longas passagens que soam dispersas e que parecem não levar a nada, arrastando o filme ao máximo, além disso, o diretor revela a partir de seu personagem/avatar a sua visão completamente arrogante, pretensiosa e simplesmente chata (o que torna impossível separar o artista da sua obra), ainda assim, o diretor mostra mais uma vez que dirige seus filmes muito bem (e faz questão de mostrar isso), apostando em longos planos que surgem virtuosos e impressionantes em seu cuidado na decupagem (geralmente com diversas sequências envolvendo dezenas de figurantes e que se tornam ainda mais impressionantes pelo cuidado e esmero técnico), e no final das contas, a impressão que se tem é que Iñárritu se tornou infeliz depois de ganhar seus Oscars, e que ao tentar voltar às suas origens (é seu primeiro filme no país natal desde a sua estreia na direção com Amores Brutos), bem, acho que não fez diferença alguma voltar às origens já que o filme carrega os principais traços que marcaram seus últimos filmes.
Ao menos, o filme se mostra sempre interessante de assistir em seus aspectos técnicos, muito por conta de sua excelente fotografia, que adota uma lógica surreal e por vezes grandiosa ao frequentemente adotar lentes grandes angulares (que deformam as laterais da imagem, enquanto expandem a profundidade de campo da imagem) que ressaltam essa atmosfera meio surreal, concebendo ainda planos esteticamente belíssimos que exploram ao máximo a beleza de cada cenário visto ao longo do filme e que impressionam pela imponência ou pela beleza plástica (vale destacar também o belo design de produção e o imersivo design de som).
Cínico ao usar de um personagem para descrever o que de fato é o seu filme, é surpreendente que o próprio filme acabe se descrevendo da maneira franca como o filme faz, como se Iñárritu estivesse blindando o filme e a si mesmo das críticas que recebeu, e não tenho como não concordar, pois o filme “É pretensioso. Desnecessariamente onírico. É onírico para esconder o seu texto medíocre. Uma somatória de cenas sem sentido. Metade do tempo, eu morria de rir, a outra metade, morria de tédio. Devia ser metafórico, mas não tem inspiração poética. Como se tivesse sido roubado. Um plágio. Mal encoberto.“. Indicado ao Oscar 2023 de Melhor Fotografia. No Elenco do Filme está: Daniel Giménez Cacho (Memoria e Sibéria) e Ximena Lamadrid (seriado Quem Matou Sara? – ¿Quién Mató a Sara?). E na Direção está: Alejandro G. Iñárritu (O Regresso e Birdman Ou (A Inesperada Virtude Da Ignorância)).
Nota: 4!!!
Status do Filme: Disponível no Netflix

Gênero: Drama
Duração: 159 Minutos [2h39]

Classificação Indicativa: 16 Anos
Inadequações: Violência e Conteúdo Sexual (Nudez)

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