Um Lugar Silencioso: Dia Um

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Gosto muito de Um Lugar Silencioso e sua continuação, muito por conta da tensão constante e do nosso envolvimento com os personagens, além do brilhantismo do design de som. E depois daquela fantástica sequência inicial da continuação que explorava como foi o primeiro dia, eis que chega um novo filme da franquia que explora aquele fatídico dia e Um Lugar Silencioso: Dia Um começa muito bem, mas descamba cada vez mais em função da mão pesada da direção e o absoluto ridículo que toma conta do filme.
Ancorando a história em Sam, uma mulher com câncer, em meio ao início da invasão dos alienígenas com ouvidos sensíveis, Um Lugar Silencioso: Dia Um tem um início muito bom, que estabelece bem seus personagens principais ao mesmo tempo em que estabelece um clima de tensão crescente. E essa primeira metade se mostra inspirada, já que retrata bem o caos e a absoluta imprevisibilidade que toma conta da cidade, além disso, o filme cria um paralelo óbvio com os ataques do 11 de Setembro, ao retratar a cidade de Nova York em cinzas, parecendo também um cenário de guerra. Além disso, o filme é bastante eficaz em alguns dos momentos mais tensos que ressalta a necessidade de silêncio, até mesmo divertindo com uma tática para arrombar uma porta sem que as criaturas ouçam o barulho.
Infelizmente, a partir da metade o filme vai se acumulando em bobagens e sequências que beiram o ridículo que destroem o filme de uma maneira que ofende a inteligência do espectador e mostra a mão pesadíssima do diretor Michael Sarnoski (que também assina o roteiro): Abandonando a narrativa inicialmente movimentada para outra completamente artificial e ridícula envolvendo um envolvimento não romântico entre dois personagens, e sou capaz de entender que o filme quer retratar duas pessoas perdidas que de alguma forma encontram alguma humanidade e beleza em meio a um cenário apocalíptico, mas o resultado soa completamente deslocado e parece saído de A Culpa é Das Estrelas (sério, a carta lida ao final do filme chega a ser muito parecida com aquela lida naquele belo romance adolescente e há uma cena que os personagens repetem “Ok” várias vezes, e ainda bem que esse envolvimento não se torna romântico, pois há limites). Pior ainda é observar o quão pretensiosa a direção é, realmente acreditando estar fazendo um drama belíssimo (que coisa ridícula a sequência do bar), ressaltando a força das emoções dos personagens com seus olhares emocionados, sem perceber que está reforçando o ridículo da situação.
Mas o filme também traz uma série de absurdos que ofendem a inteligência de qualquer pessoa com o mínimo de neurônios: Em sua primeira cena, o personagem de Joseph Quinn, simplesmente brota de uma entrada de água e resolve seguir a protagonista. De onde ele veio? Porque ele decidiu segui-la? Não faço a menor ideia, mas sei que o gato é utilizado como recurso artificial, surgindo nos momentos mais apropriados para provocar tensão (isso quando não surge aleatoriamente nos lugares mais improváveis) e que ainda veio com 500 vidas já que consegue sobreviver a tudo e consegue encontrar os personagens no absoluto caos (e o recurso é tão mal pensado que a protagonista não parece se importar tanto com ele, e nem ele chega a miar durante o filme). Mais que isso, mesmo depois da invasão, quanto mais os personagens abriam a boca para falar, mais eu desejava que eles não a abrissem, já que os diálogos são fraquíssimos. E quando um personagem encontra uma pizza que faltou a fumacinha de recém-assada, pois não é possível que em pleno apocalipse tenha sobrado uma pizza inteira e em estado perfeito. Seria até tolerável se mostrassem o personagem encontrando – ou até assando – a pizza ou tivesse poucos pedaços, mas não, é absurdo demais até para um filme do gênero (e que todos os envolvidos na produção tenham visto essa cena e achassem razoável mantê-la no filme é um disparate). Mas como vou defender um filme em que a protagonista, além de excessivamente apática (nem mesmo a talentosíssima Lupita Nyong’o consegue tornar a personagem mais interessante, apesar da boa atuação), simplesmente decide que quer comer pizza em um lugar extremamente específico em pleno fim do mundo (tudo bem que ela tem câncer e que seja um último desejo, mas caramba, a insistência é tamanha que se torna muito irritante e me faz pensar que é um tremendo de um merchandising ridículo)?
Conseguindo se salvar graças às eficazes atuações do elenco e também pela qualidade técnica da produção: A fotografia é eficaz em criar uma atmosfera tensa e que parece saída de um filme de guerra (algo que se aplica também ao design de produção, que fascina com os cenários destruídos), e se a trilha sonora é irregular e surge em momentos que não precisam, ao menos os efeitos especiais são muito bons e o design de som é excelente, e se destaca pela inteligência de seu uso na primeira metade ao ressaltar o caos antes e depois da invasão alienígena, além dos silêncios das ambientações. Infelizmente, um filme que tinha tudo para ser uma ótima adição à franquia se revelou uma decepção e que em nada lembra da qualidade vista nos excelentes filmes lançados até antes desse aqui.
Nota: 5!!!!
Status do Filme: Em Exibição Nos Cinemas

Prelúdio de Um Lugar Silencioso.
Baseado nos Personagens Criados por Bryan Woods e Scott Beck.

Gênero: Suspense
Duração: 100 Minutos
Classificação Indicativa: 14 Anos (Violência, Medo e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Paramount Pictures
Direção: Michael Sarnoski
Elenco: Lupita Nyong’o, Joseph Quinn, Alex Wolff e Djimon Hounsou

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