Till – A Busca Por Justiça

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Till – A Busca Por Justiça peca pela abordagem visual, mas traz uma história real trágica e revoltante, que é elevada pela atuação avassaladora de Danielle Deadwyler.
Trazendo a história de uma mãe que após ter o seu filho único de 14 anos assassinado brutalmente, busca trazer justiça à trágica morte do seu filho, Till – A Busca Por Justiça volta a escancarar mais uma vez a partir de uma história real o período mais extremo do racismo (e o fato de que esse mal não tenha sido extirpado da sociedade só prova como a humanidade falhou), onde traz uma história que, embora inicialmente pouco segura em como aborda a dramaticidade da sua história, aos poucos ela vai se tornando mais confiante. Eficaz em expor o racismo da época (o filme é ambientado em 1955), o filme envolve e emociona em função da dor dilacerante de uma mãe, e na força descomunal que ela encontra para trazer alguma justiça ao filho (e não deixa de ser curioso de como a mídia parece tentar usar da dor de uma mãe para promover uma causa, mesmo que necessária), e a tragédia da história (que infelizmente, ainda continua nos dias de hoje) nos leva a se revoltar com o absurdo retratado na época.
No entanto, o filme peca por trazer uma abordagem visual que soa incompatível com a trágica história que está sendo narrada: Adotando um visual tão colorido que chega a parecer estilizado e fantasioso, diria que essa abordagem faria sentido em um musical clássico ou em um Vingança e Castigo, sou capaz de acreditar que a direção tinha a intenção de emular um estilo clássico influente do Technicolor, ou mesmo de destacar o contraste da beleza estética do filme com a da tragédia narrada. No entanto, mesmo trazendo um design de produção belíssimo e uma fotografia com cores expressivas, o resultado acaba tornando a narrativa pouco sutil, tornando aquilo que poderia ser sutil em artificialidade/caricatura por parte de seus atores (basta observar como os personagens racistas se comportam no filme), e isso compromete de certa maneira o que está sendo contado no filme, já que o tom caricatural bate de frente com a sobriedade que a direção leva o elenco e algumas das passagens do filme. E a diretora Chinonye Chukwu acerta nos momentos mais intensos do filme, como na sequência que mãe e filho se despedem e que a direção injeta ali a tristeza de uma mãe que não sabe que será a última vez que vê o filho, ou no excepcional longo plano que a protagonista defende seu filho no tribunal, e especialmente a sequência na funerária, que não há como negar, é aterrorizante e emocionalmente devastadora. Por outro lado, momentos como o dolly shot em que a protagonista recebe a notícia da morte do filho ou aquele que começa no caixão aberto e vai se distanciando até revelar a fila de pessoas para ver o corpo do menino, soam como mero exercício de estilo, que acabam diluindo esses momentos mais dramáticos.
Felizmente, a força e intensidade da história é tamanha que ela consegue contornar seus aspectos visuais e funcionar em sua dramaticidade. E certamente o principal fator para o sucesso do filme é a atuação de Danielle Deadwyler, e a atriz consegue nos levar a sentir desde o início o temor nem um pouco infundado de deixar o filho ir para uma região bastante racista, e ver o pior medo de um pai ou mãe acontecer para ela nos atinge em cheio. E a atriz convence e emociona nas passagens mais tristes e dramáticas, desde a maneira com que toca carinhosamente o cadáver destruído do filho ou o sutil momento que ela faz o nó de uma gravata para a testemunha, como se estivesse fazendo aquilo para o filho, e principalmente na longa sequência do seu testemunho e que em um longo plano de mais de 5 minutos, retrata a força e a dor da sua personagem de forma avassaladora. Mais ainda é ver como a personagem cresce ao longo do filme, onde encontra força a partir de uma dor que nunca vai sarar. E no entanto, há uma felicidade em vermos aquele plano final: A dor nunca irá sarar, claro, mas o pequeno Till permaneceu vivo na memória dela e na História, ao contrário dos racistas cuja vivência já está destinada ao lixo da História.
Contando ainda com ótimas atuações (Jalyn Hall confere carisma ao pequeno Till, Sean Patrick Thomas surge ótimo e confere imenso apoio emocional à protagonista, e o filme ainda traz uma participação de luxo da grande Whoopi Goldberg, que faz uma bela atuação), excelentes figurinos, uma bela trilha sonora, uma ótima maquiagem, enfim, é um filme muito bom.
Nota: 9!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais

Baseado em uma História Real.

Gênero: Drama
Duração: 131 Minutos
Classificação Indicativa: 14 Anos (Violência, Temas Sensíveis e Drogas Lícitas)
Distribuição: Universal Pictures
Direção: Chinonye Chukwu
Elenco: Danielle Deadwyler, Jalyn Hall, Frankie Faison, Haley Bennett, Sean Patrick Thomas e Whoopi Goldberg

O Alfaiate

OAlfaiate

Lançado nos Cinemas nos EUA. Lançado Diretamente em Plataformas Digitais no Brasil. O Alfaiate é um suspense elegante e que nos envolve em sua narrativa tensa e instigante.
Trazendo uma história que funciona melhor se não soubermos de muita coisa, O Alfaiate adota uma narrativa similar a de obras como Os Oito Odiados e 7500, que se ambienta praticamente em um único ambiente, e com isso, o roteiro é inteligente em estabelecer com calma a rotina do alfaiate ao mesmo tempo em que planta pequenas pistas que serão recompensadas ao longo do filme. Com isso, quando a história engata, o filme se torna ainda melhor e mais instigante, e a direção e o roteiro de Graham Moore são felizes em sustentar a tensão pelo filme todo ao trazer diversos pontos de tensão e explorá-los de forma a elevar nossa tensão (um exemplo disso é aquele que envolve um baú). E ao se ambientar em um único cenário, a direção explora ao máximo a tensão entre os personagens e a situação que estes se encontram, criando uma constante sensação de desconfiança que nos deixa sempre incertos sobre o que vai acontecer. Melhor ainda é que o filme se mostra enxuto, se desenrolando em um ritmo crescente, e ainda concluindo de maneira bastante satisfatória (embora achei que o filme poderia terminar alguns minutos antes sem a necessidade de mais uma reviravolta em seus minutos finais).
Sempre tenso e elegante em sua forma, o filme ainda conta com atuações muito boas (Mark Rylance está impecável em sua atuação, conferindo o tom certo de ambiguidade ao personagem e uma afabilidade que nos leva a gostar de seu personagem, já que o ator se mostra sempre seguro em cena, nos convencendo de suas habilidades como um nobre alfaiate e da sua autêntica vontade de ser uma bússola moral diante dos demais personagens, Johnny Flynn está ótimo como o personagem mais imprevisível do filme, Zoey Deutch e Dylan O’Brien permanecem atores carismáticos, e Simon Russell Beale confere alguma humanidade como um dos assassinos, mostrando se importar com os demais personagens), uma ótima fotografia, um design de produção muito bom (e a alfaiataria se destaca ao revelar o cuidado do ambiente, com as diversas peças de roupas e tecidos espalhados), excelentes figurinos, uma trilha sonora elegante (e que traz temas que conferem um ar clássico ao filme), enfim, é um ótimo filme.
Nota: 9!!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Amazon Prime Video

Gênero: Suspense
Duração: 105 Minutos
Classificação Indicativa: 14 Anos (Violência e Drogas Lícitas)
Distribuição: Universal Pictures
Direção: Graham Moore
Elenco: Mark Rylance, Zoey Deutch, Johnny Flynn, Dylan O’Brien, Nikki Amuka-Bird e Simon Russell Beale

Ferrari

Ferrari

Ferrari é envolvente em sua história e interessante como estudo de personagem, revelando-se um filme excelente.
Abordando um período atribulado de Enzo Ferrari em meio a novas corridas, a Ferrari à beira da falência e um casamento instável, Ferrari mostra-se menos interessado em funcionar como biografia e mais em mostrar um determinado período da carreira daquele homem, e inicialmente senti que o roteiro parece demorar a encontrar um centro narrativo identificável ao espectador, já que o início do filme (e boa parte do primeiro ato) traz diversos acontecimentos e tramas que surgem rapidamente sem um devido contexto. Felizmente, conforme o filme se desenrola, melhor ele vai se alinhando em seu roteiro, e quando o filme engata, ele não para mais. Eficaz ao criar um frequente clima de tensão ao trazer uma série de problemas e enfrentamentos pessoais ao protagonista, e que nos leva a sentir um pouco do peso e da turbulência na vida do biografado (além, é claro, da sua visão de trabalho), o filme adota um tom frequentemente sério e sóbrio na história, mas que flerta ocasionalmente com o melodrama e o novelesco (como a boa trilha sonora do filme ressalta em muitos momentos do filme com uma dramaticidade quase exagerada, além da frequente carga trágica imbuída ao personagem), e se nem sempre os tons parecem se encontrar (especialmente no primeiro ato), ao menos funciona em grande parte do tempo.
Trazendo o retorno do diretor Michael Mann na direção, é mais do que notável o talento do diretor para as sequências de ação e de corrida (é dele também filmes excelente como Colateral, Inimigos Públicos e os jovens clássicos Fogo Contra Fogo e O Informante), mas também de conduzir o drama de seus personagens. E se as sequências de corrida são muitíssimo bem realizadas através da montagem disciplinada (que corta nos momentos certos) e através da fotografia com os enquadramentos que jamais nos perde no meio da correria, mas que também encontram alguma beleza nas paisagens que os motoristas estão (como o espetacular plano aberto que vemos o início de uma corrida à noite ou aqueles que estendem a distância durante a corrida, retratando o foco absurdo dos corredores), o diretor aborda nas passagens focadas nos personagens os seus típicos planos que ficam quase próximos do rosto dos seus atores, aproximando-nos deles (adotando também uma paleta de cores bastante sóbria também), chegando ao ápice na belíssima sequência da ópera (em que vemos o efeito daquela ópera em alguns dos seus personagens e as memórias que nascem a partir da bela música). Além disso, é curioso como na cena que Ferrari encontra-se em um cemitério em que a montagem corta de um plano que esconde o rosto de Ferrari para outro que o retrata chorando. E o que dizer do impactante momento de um acidente inesperado, que é retratado de forma chocante e brutal?
Sempre envolvente, Ferrari ainda conta com atuações muito boas (Adam Driver faz um excelente trabalho como Enzo Ferrari ao trazer uma composição disciplinada, que demonstra o talento dele para as corridas e a sua visão acerca das mesmas e da própria empresa, ao mesmo tempo que retrata uma exaustão sutil de um homem que esconde seus sofrimentos, Penélope Cruz faz uma ótima atuação, e embora a atriz frequentemente flerte com o over, quando oscila entre a caricatura de mulher enlutada com a de uma mulher imprevisível, a atriz consegue contornar esses extremos com alguma frequência, Shailene Woodley está muito bem, onde a atriz confere sobriedade e calor humano à sua personagem e o brasileiro Gabriel Leone tem uma ótima atuação e chama a atenção como Alfonso de Portago), um excelente design de som (e como de hábito nos filmes de Michael Mann, o som se destaca ao trazer realismo a diversas passagens, nos fazendo sentir parte das corridas), ótimos figurinos e design de produção (a recriação de época é muito boa e bastante sóbria), efeitos especiais eficientes, uma maquiagem muito boa (especialmente para tornar seus personagens parecidos com as figuras reais), enfim, é um filme excelente.
Nota: 9,5!!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Amazon Prime Video

Inspirado em Fatos Reais.
Baseado no Livro de Brock Yates.

Gênero: Drama/Ação
Duração: 130 Minutos
Classificação Indicativa: 16 Anos (Violência, Conteúdo Sexual e Drogas Lícitas)
Distribuição: Diamond Films
Direção: Michael Mann
Elenco: Adam Driver, Penélope Cruz, Shailene Woodley, Sarah Gadon, Gabriel Leone, Jack O’Connell e Patrick Dempsey

Wonka

Willy Wonka se tornou um personagem marcante no clássico A Fantástica Fábrica De Chocolate de 1971, imortalizado na doce atuação de Gene Wilder. E em 2005, Tim Burton trouxe uma maravilhosa refilmagem que atualizava e expandia o filme original, e que trazia Johnny Depp em uma atuação divertidíssima. De inegável em ambas as versões, é que elas marcaram suas respectivas gerações com uma história doce e divertida. O que nos traz a este Wonka, que não duvido que marcará mais uma geração, e é um filme surpreendentemente maravilhoso, gracioso e de uma magia contagiante.
Buscando apresentar as origens humildes de Willy Wonka antes de se tornar o icônico chocolateiro, Wonka acerta ao adotar um tom de fábula desde o início onde os tons frequentemente caricatos de seus personagens ajudam a nos mergulhar em um universo que se entrega ao fabulesco e ao fantasioso, sem nos fazer racionalizar aquilo tudo, e é um mérito da direção de Paul King em trazer uma atmosfera leve, sempre mágica, de uma inocência tocante que nos despe do cinismo do mundo (algo que ele também havia feito com muito sucesso nos adoráveis filmes do ursinho Paddington). Aliás, é reconfortante assistir ao filme justamente pelo seu clima mágico, doce e inocente, que o Cinema tem perdido cada vez mais. Mais ainda é que a história se torna envolvente, e que o roteiro consegue estabelecer uma âncora emocional importante para o espectador (e que envolve a relação de Wonka com sua mãe, e cujo desfecho é muito emocionante e confere um novo significado ao convite dourado), além de trazer personagens que encantam e divertem com suas peculiaridades, onde ainda traz piadas que flertam com um humor que tende ao infantil e que ao invés de soar bobo, acaba sendo divertido justamente por apostar com força no tom fabulesco da narrativa. Melhor ainda é que o filme também acerta em piadas que divertem pelo inesperado como aquela envolvendo os monges de uma igreja que repetem palavras em cantoria gregoriana ou a de um policial que vai ficando mais gordo a cada nova cena que aparece. Além disso, os números musicais jamais soam excessivos, surgindo nos momentos mais ideais possíveis, e melhor ainda é que as canções são maravilhosas e encantadoras, e seus números musicais trazem uma energia e uma imaginação que contagiam o espectador.
Sempre encantador em seu belíssimo trabalho técnico, Wonka traz um design de produção espetacular que combina a típica recriação de época com uma forma mais fabulesca e colorida que encanta aos olhos. O mesmo vale dizer para os belos figurinos e para a maquiagem, que respeita o tom fabulesco da narrativa, sendo fiel ao período, mas não se furtando em pintar seus vilões como se fossem de desenho animado, e que é mais do que apropriado ao filme (como a governanta e seu ajudante, além do policial que vai ficando mais gordo). Além disso, a fotografia é lindíssima e devidamente estilizada em suas cores vibrantes, trazendo planos que nos mergulham dentro do filme (e acredito que caso o filme tivesse sido lançado em 3D, seria um complemento muito bom) e os ótimos efeitos especiais ajudam a complementar a experiência, conferindo o tom certo de artificialidade para jamais parecerem deslocados no filme.
Contando ainda com ótimas atuações (Timothée Chalamet mostra-se inspiradíssimo em sua atuação, conferindo energia e carisma a Willy Wonka, mas também o tom certo de inocência que ajuda a nos ancorar ao seu personagem, cuja atuação não deve em nada as de Gene Wilder e Johnny Depp, Calah Lane está muito bem e surge como uma ótima revelação, Hugh Grant diverte bastante como o Umpa-Lumpa, enquanto isso, os vilões se divertem a valer com suas divertidíssimas caracterizações, flertando com um over que se encaixa na narrativa, assim como os mocinhos que também encantam com as boas atuações) e uma trilha sonora muito boa, enfim, é um filme excelente.
Nota: 9,5!!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Max

Baseado nos Personagens Criados por Roald Dahl.

Gênero: Aventura/Musical
Duração: 116 Minutos
Classificação Indicativa: 10 Anos (Violência, Atos Criminosos e Drogas Lícitas)
Distribuição: Warner Bros.
Direção: Paul King
Elenco: Timothée Chalamet, Calah Lane, Keegan-Michael Key, Paterson Joseph, Matt Lucas, Mathew Baynton, Sally Hawkins, Rowan Atkinson, Jim Carter, Natasha Rothwell, Rakhee Thakrar, Rich Fulcher, Tom Davis, Olivia Colman e Hugh Grant

Beekeeper – Rede De Vingança

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Beekeeper – Rede De Vingança possui claras influências da franquia John Wick, ainda assim, é um filme que diverte e cumpre o que promete.
Trazendo um apicultor que inicia uma vingança particular após uma amiga falecer após ter suas economias roubadas, Beekeeper – Rede De Vingança segue bem as bases convencionais dos filmes de ação (especialmente aqueles de exército de um homem só), sendo objetivo e direto ao ponto em sua história. Mas é inegável que o filme se inspira fortemente na saga do mítico John Wick (e ligeiramente em Anônimo), e embora falte a elegância daquela franquia, até que Beekeeper – Rede De Vingança se mostra esforçado em tentar alcançar sua influência (mesmo nunca deixando de soar como um sub-John Wick), e até que funciona bem, já que além de trazer um assassino aposentado que volta à ativa após uma morte trágica, temos também uma agência secreta de assassinos, um visual muito bonito e um protagonista que não deve em nada ao mítico John Wick em relação às habilidades.
E embora o filme jamais denota as dificuldades do protagonista, ao menos é eficaz ao instigar uma certa grandiosidade em como esse objetivo será alcançado, especialmente em retratar os vilões como inescrupulosos (flertando pontualmente com a caricatura) a ponto de roubar dinheiro de idosos através de golpes, o que no mínimo sacia o nosso lado de querer ver alguma justiça sendo feita por eles. Por outro lado, o roteiro perde pontos com o seu núcleo investigativo, já que é liderado por uma policial com laços familiares com a amiga do protagonista que faleceu, e além de sua motivação de caçar o protagonista soar implausível e jamais convincente, seu núcleo narrativo sempre parece intrusivo na narrativa, causando pequenos inchaços no filme. Felizmente, as sequências de ação, embora ocasionalmente se entreguem a uma montagem picotada, ao menos são intensas e muito bem realizadas, empolgando em alguns momentos (e o confronto físico entre Jason Statham e Taylor James no clímax é talvez o ponto alto do filme). Além disso, o filme é visualmente interessante, apostando em uma fotografia estilizada e com um uso frequente das cores dourado e amarelo (remetendo, claro, à cor das abelhas), além de um design de produção elegante e bonito em seus cenários, e figurinos que conferem estilo aos personagens (além de piscar ao espectador que aquilo tudo é apenas um filme).
Contando ainda com boas atuações (Jason Statham faz aquilo que já virou sua especialidade e que o ator faz de olhos fechados, quase soando no piloto automático, mas que o ator sempre faz com competência, Emmy Raver-Lampman acaba presa a uma personagem irritante e pouco convincente, Josh Hutcherson foge dos seus tipos bonzinhos e surpreende como um personagem inescrupuloso e que não se importa com ninguém além de si próprio, e Jeremy Irons confere alguma imponência ao filme, mas que não deixa de transmitir um certo medo ao perceber o problema que se meteu), uma direção competente, um design de som muito bom, efeitos especiais eficientes, enfim, é um ótimo filme.
Nota: 8,5!!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Amazon Prime Video

Gênero: Ação
Duração: 105 Minutos
Classificação Indicativa: 18 Anos (Violência Extrema, Drogas e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Diamond Films
Direção: David Ayer
Elenco: Jason Statham, Emmy Raver-Lampman, Josh Hutcherson, Bobby Naderi, Minnie Driver, Jemma Redgrave, Phylicia Rashad e Jeremy Irons

Five Nights At Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim

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Já ouvi falar de Five Nights At Freddy’s e embora conheça sua fama, nunca cheguei a jogar. E este Five Nights At Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim pode ter seu valor como entretenimento moderado, mas é uma bobagem previsível, inchada e convencional.
Trazendo a história de um rapaz que começa a trabalhar de segurança noturno em uma antiga pizzaria desativada com animatrônicos que parecem ter vida própria, Five Nights At Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim se mostra um filme relativamente promissor inicialmente, especialmente em função da boa ambientação que confere um eficiente clima de tensão à narrativa (apesar do exagero nos sustos falsos e bobos). No entanto, o roteiro aposta em bobagens que incham a narrativa, seja para criar conflitos demais para seus personagens (como o desaparecimento de um irmão do protagonista quando este ainda era uma criança, ou a tia do protagonista que é a pura caricatura) ou só para encher linguiça (como a insana capacidade do protagonista sempre revisitar o mesmo sonho por anos a fio, o que o leva a tentar ter sonhos lúcidos). E depois de criar um bom clima de tensão, é em sua metade que o filme se converte momentaneamente em um filme quase infantil ao trazer os animatrônicos brincando com os personagens, e que se torna tão desalinhado do filme que até mesmo a reação do protagonista reflete a nossa, de que é um absurdo. E mesmo quando o filme volta aos eixos, este se mostra tão convencional como qualquer um do gênero, e que desde o início ainda traz reviravoltas previsíveis e facilmente telegrafadas para o espectador.
Prejudicado também pela necessidade de uma baixa classificação indicativa, o que torna o filme um terror por vezes violento, mas sem mostrar muito sangue (e até mesmo a morte mais violenta do filme é retratada sem mostrar muito, e é escura o bastante para não vermos muita coisa), aliás, se tem um motivo que torna o filme minimamente interessante é o seu protagonista, e Josh Hutcherson já provou seu talento como ator, mas aqui é surpreendente como ele consegue tornar seu personagem mais humano e verdadeiro em seus dramas pessoais, conseguindo uma verdadeira façanha de levar a história do filme tão a sério (que convenhamos é um pouco absurda) que nos leva a realmente acreditar nos acontecimentos do filme.
Contando com atuações relativamente eficazes (Mary Stuart Masterson ganha destaque negativo por adotar uma caricatura irritante), uma fotografia e trilha sonora corretas, ótimos efeitos especiais, enfim, é um filme que não causa muito impacto e bem qualquer coisa.
Nota: 6!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Amazon Prime Video

PS.: Há uma cena adicional durante os créditos finais.

Baseado na Franquia de Videogame Five Nights At Freddy’s de Scott Cawthon.

Gênero: Suspense
Duração: 109 Minutos
Classificação Indicativa: 14 Anos (Violência e Medo)
Distribuição: Universal Pictures
Direção: Emma Tammi
Elenco: Josh Hutcherson, Elizabeth Lail, Piper Rubio, Mary Stuart Masterson e Matthew Lillard

Close

Close

Close é um drama que até envolve e se destaca pelas atuações infantis, mas é emocionalmente distante demais.
Narrando a história dos amigos Leo e Remi, que têm sua amizade testada quando começam a frequentar a escola, Close busca criar uma narrativa intimista, onde o diretor Lukas Dhont mostra um olhar notável para retratar os silêncios e olhares das crianças e adultos vistos ao longo do filme, e a amizade deles além de bonita e carinhosa, é ressaltada pela direção através de enquadramentos com espaços vazios entre Leo e Remi quando não estão juntos, ressaltando como eles parecem incompletos sem o outro. Eficaz ao retratar a crueldade infantil que acontece nas escolas, é notável como o filme retrata como as crianças se deixam contaminar por comentários maldosos (e sim, éramos assim na escola, em maior ou menor grau), sem perceber como isso afeta suas relações de alguma maneira.
No entanto, em sua metade o filme traz um acontecimento que nos pega de surpresa (e que é sutilmente prevista através da cor frequentemente roxa – cor associada à morte – que um personagem veste) e com isso, o roteiro passa a retratar a forma com que um personagem reage àquilo, e é fascinante perceber como um passa a tentar preencher o vazio deixado pelo outro ao fazer coisas que costumavam fazer antes, como dormir na casa de outro amigo, ver o show de talentos que um se apresentava. No entanto, este personagem se torna um enigma, já que não se abre nem um pouco, e o sentimento de culpa do personagem, bem mais internalizado, se torna difícil de decifrar. E a meu ver, o personagem parece lidar muito bem com aquilo e nem parece se importar com o que acontece (mesmo quando recebe a notícia), demorando para perceber que de fato, teve alguma parcela de culpa nesse acontecimento (e que, bem, sabemos que esse personagem terá uma vida ainda pior já que se culpará por aquilo pelo resto da vida).
Infelizmente, achei a forma com que o filme se desenrola bastante fria, distante e sóbria demais, e se há mérito em conseguir desenvolver isso onde permite que as emoções que sintamos no filme sejam fruto mais de uma abordagem racional do que emocional e apelativa, confesso que aqui me senti completamente distante da narrativa e não me senti tão envolvido emocionalmente com a história, mesmo me esforçando para encontrar alguma coisa. Tudo bem que o filme pesa na questão da inocência infantil, da homofobia enraizada na sociedade assim como a masculinidade tóxica (embora nestas últimas, o filme não parece indicar como tal personagem se deixa levar muito por comentários bobos, já que nem mesmo a sua família se mostra homofóbica), mas faço um pequeno desafio: Você teria a mesma empatia com o personagem caso ele fosse mais velho? Duvido muito.
Se destacando pela bela fotografia, uma montagem que não torna o filme cansativo, uma trilha sonora sóbria demais, e principalmente pelas belas atuações do elenco (e os jovens Eden Dambrine e Gustav De Waele surpreendem ao trazer uma gama complexa de emoções através dos olhares sutis que parecem revelar sentimentos confusos que ainda não parecem compreender totalmente), enfim, é um filme que infelizmente não me ganhou.
Nota: 6!!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais, no MUBI e no Netflix

Indicado ao Oscar 2023 de Melhor Filme Internacional.

Gênero: Drama
Duração: 104 Minutos
Classificação Indicativa: 12 Anos (Violência, Temas Sensíveis e Linguagem Imprópria)
Distribuição: O2 Play/MUBI
Direção: Lukas Dhont
Elenco: Eden Dambrine, Gustav De Waele, Émilie Dequenne e Léa Drucker

Chamas Da Vingança

ChamasDaVinganca

Confesso que não tive a oportunidade de assistir ao Chamas Da Vingança de 1984 estrelado por uma ainda jovem Drew Barrymore, logo, não tenho como criar comparações. Por outro lado, este Chamas Da Vingança é uma obra objetiva e muito eficiente em termos de suspense e dramaticidade.
Narrando a história de uma garotinha descobrindo poderes pirocinéticos, Chamas Da Vingança traz uma história que de certa maneira remete àquela de Carrie – A Estranha (que assim como este, é baseado em livro de Stephen King) ao criar um paralelo entre a descoberta dos poderes com a puberdade, embora aqui isso seja apenas pincelado. E o filme parece bem mais interessado em movimentar a narrativa, aproveitando as pequenas pausas para desenvolver seus personagens (o fato da família possuir poderes e terem medo de serem pegos, além do poder destrutivo que Charlie possui, ajuda a estabelecer um forte conflito dramático), além disso, a tensão frequente e a urgência da narrativa ajuda a nos envolver com os protagonistas, mantendo algum interesse. Trazendo rompantes de violência que surgem de forma inesperada e por vezes impactante, o filme surpreende também ao apostar na interação dos seus personagens, só é uma pena que o terceiro ato decepciona um pouco ao se entregar ao excesso que tentava escapar e ao trazer mudanças inconsequentes nos seus personagens, finalizando de maneira que termina do nada, o que é um pouco frustrante.
Ainda assim, o filme é curtinho e funciona enquanto assistimos, onde ainda conta com ótimas atuações (Zac Efron volta a comprovar seu esforço e o ator convence muito bem como um pai incrivelmente pragmático, mas que nutre um carinho genuíno pela filha, a pequena Ryan Kiera Armstrong está muito bem e nos convence das suas habilidades e do drama que vive, Michael Greyeyes confere imponência a seu personagem e Gloria Reuben é eficaz em sua atuação, embora flerte perigosamente com a caricatura na modulação de sua personagem), uma direção eficaz, uma trilha sonora muito boa (que ajuda a criar uma atmosfera tensa e por vezes melancólica, além disso, os tons eletrônicos surgem como uma homenagem apropriada às trilhas sonoras dos anos 80 – afinal, a trilha sonora traz, entre seus compositores, o diretor John Carpenter -, embora ocasionalmente exagere na dose no uso de guitarras em algumas passagens), bons efeitos sonoros e especiais, uma fotografia irregular (que peca nas passagens mais escuras onde surge excessivamente escura e difusa), enfim, é um ótimo filme.
Nota: 8,5!!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Amazon Prime Video

Baseado no Livro de Stephen King.
Refilmagem de Chamas Da Vingança de 1984.

Gênero: Suspense
Duração: 94 Minutos
Classificação Indicativa: 16 Anos (Violência Extrema, Drogas Ilícitas e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Universal Pictures
Direção: Keith Thomas
Elenco: Zac Efron, Ryan Kiera Armstrong, Sydney Lemmon, Kurtwood Smith, John Beasley, Michael Greyeyes e Gloria Reuben

Guerra Civil

GuerraCivil

Guerra Civil é intenso em sua abordagem, reflexivo em seus comentários e arrebatador como experiência cinematográfica.
Ambientado em uma guerra civil que acontece nos EUA enquanto alguns fotógrafos de guerra viajam pelo país, Guerra Civil adota uma abordagem quase de guerrilha, se preocupando em nos levar para dentro do caos que passa a tomar conta do país, ao mesmo tempo em que adota uma estrutura de road movie. Logo, como filmes do tipo, temos passagens isoladas que buscam explorar as regiões que os personagens vão enquanto trazem figuras marcantes, pontuando com sequências de ação que retratam a barbárie que toma conta. Além dessa abordagem, o diretor Alex Garland é incrivelmente eficaz em adotar seu estilo paciente e quase contemplativo para retratar a relação dos personagens e seus respectivos desenvolvimentos (como na belíssima e surpreendente sequência da floresta em chamas, e o roteiro fascina em como retrata as personagens Lee e Jessie, e como pouco a pouco elas se tornam espelhos uma da outra, mais precisamente em como Jessie se torna a Lee do início do filme e vice-versa). Vale dizer também que as sequências de ação nada têm de empolgantes, e embora inegavelmente impressionantes (especialmente a que toma conta do clímax, que é arrasadora em todos os sentidos), são sempre intensas e muito bem realizadas.
Menos interessado nos aspectos políticos, o filme prefere se concentrar nas transformações dentro do país, na barbárie que se torna e também na desumanização da sociedade, seja através das sequências de ação ou nas passagens que os personagens vão conhecendo algumas das cidades (desde aquela que uma cidadezinha não parece viver sob o clima caótico e no qual uma personagem diz que é a melhor maneira de viver, ou naquela que é a sequência mais tensa do filme envolvendo a milícia do personagem de Jesse Plemons). E ajuda muito também que a direção aposte frequentemente – junto com a fotografia – em movimentos de câmera menos arrojados e cinematográficos, e bem mais cautelosos, como se um fotógrafo de guerra estivesse tentando acompanhar a ação, o que não só nos ajuda a mergulhar no filme, como também nos aproxima da situação daqueles personagens. E se a montagem vai num crescendo cada vez maior em termos de tensão, saltando entre a ação e as pausas dramáticas com competência, sendo impecável nas sequências de ação, onde sempre nos mantêm a par da geografia da cena, o design de som é arrebatador e irrepreensível ao nos mergulhar no cenário de guerra visto no filme e adota uma abordagem sonora incrivelmente realista e visceral, onde os sons dos tiros, explosões e helicópteros soam realmente ensurdecedores e impactantes, reverberando com imenso realismo e nos fazendo sentir parte mesmo do campo de guerra (e o clímax do filme é arrasador nesse aspecto).
Contando ainda com excelentes atuações (Kirsten Dunst está excelente e totalmente convincente como fotógrafa, conferindo imensa naturalidade e segurança à sua personagem, mas surgindo com um semblante constante de exaustão que denota o cansaço de alguém que viu tantas imagens trágicas na vida, Wagner Moura está muito bem em cena, conferindo carisma a seu personagem e surpreendendo ao conferir certo prazer em sua atividade, Cailee Spaeny se sai muito bem em seu arco narrativo, indo do absoluto terror à segurança, o querido Stephen McKinley Henderson confere imensa força e calor humano para seu personagem e Jesse Plemons rouba o filme para si na sua única cena, que é a mais tensa do filme) e uma escolha atípica e surpreendentemente eficaz de músicas (a trilha sonora instrumental também é eficaz em nos mergulhar no inferno retratado no filme), e no final das contas, não importa como a tal guerra civil começou e quais os motivos para todo mundo estar se matando sem propósito algum (o filme não se importa com tais explicações), a realidade é que a guerra não tem propósito algum além de destruir as vidas de muitos e nos converter em nada mais que uma casca do que éramos humanos. Uma mensagem que Guerra Civil não só compreende, como parece servir de alerta para o que a polarização cada vez maior (seja na política ou em outras áreas) pode acabar nos levando.
Nota: 9,5!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais

PS.: Há uma foto exibida durante os créditos finais.

Gênero: Ação/Suspense
Duração: 109 Minutos
Classificação Indicativa: 18 Anos (Violência Extrema, Drogas e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Diamond Films
Direção: Alex Garland
Elenco: Kirsten Dunst, Wagner Moura, Cailee Spaeny, Stephen McKinley Henderson, Sonoya Mizuno, Jesse Plemons e Nick Offerman

Ruim Pra Cachorro

RuimPraCachorro

Ruim Pra Cachorro é um filme que, apesar de excessos pontuais, é bastante divertido.
Trazendo a história de um cãozinho que após ser abandonado por seu dono, decide se vingar dele junto com seu grupo de novos amigos, Ruim Pra Cachorro deixa claro desde o início que essa não será uma comédia fofinha de animais falantes para crianças, logo, o filme aposta em piadas escatológicas, exageradas e com palavreado (chulo ou não). Logo, é curioso que as piadas consigam funcionar tão bem (ao menos em boa parte do tempo, já que em alguns momentos acaba exagerando na dose), e o diretor Josh Greenbaum (do divertidíssimo Duas Tias Loucas De Férias) junto do roteirista Dan Perrault são corajosos ao prolongá-las ao máximo, tornando-as ainda mais insanas (a sequência dos cogumelos é um divertido exemplo disso, utilizando até mesmo do exagero para diluir uma cena violenta que surge depois), explorando também piadas que apesar de óbvias (como a dos foguetes), são tremendamente eficazes ao explorar as principais características dos cachorrinhos, e bem, não dá para negar, que por mais fofinhos que os cachorros sejam, todos devem lembrar que cachorros são animais e que chegam a comer – e até gostam – de carniça, logo, seria um erro negar a natureza e o instinto animalesco deles (especialmente em uma obra para adultos).
Ciente que lida com uma história envolvendo animais de rua, Ruim Pra Cachorro acaba carregando uma importância surpreendente, já que retrata bem a inocência e o imenso afeto que eles são capazes de proporcionar aos donos (mesmo eles sendo odiosos), e de que devemos sempre tratá-los bem. E a inocência de Reggie em relação ao dono comove em função do seu amor irrestrito, e ao ouvirmos o que eles pensam, fica difícil não se relacionar, afinal, quem nunca se perguntou o que se passa dentro da cabecinha deles, não é? E não deixa de ser curioso que mesmo sendo um filme adulto envolvendo cachorros, é surpreendente que o filme encontre sua parcela de momentos realmente tocantes (e é particularmente doloroso seu início em que a narração de Reggie tão cheia de afeto e amor é contrastada pelo claro comportamento odioso de seu dono ou quando Bug conta a história sobre sua antiga dona, e uma simples frase como “Bom garoto” nos últimos minutos do filme trazem um significado imensamente recompensador, e por isso mesmo, tocante ao personagem e a nós espectadores). Além disso, como bem defende certo personagem, se vingar do dono não é só por um, é por todos os animais que foram abandonados, e representa muito o que de fato, seres humanos (que de humanos não têm nada) que são capazes de abandonar seus pets merecem, e bem, como dono de um pet, não dá para negar o significado do clímax e também a satisfação que causa (apesar do exagero).
Contando ainda com uma ótima dublagem (Will Ferrell se sai muito bem ao trazer uma inocência tocante e um crescimento fascinante para Reggie ao longo do filme e Jamie Foxx é ótimo e divertido ao tornar seu Bug em um cãozinho falastrão, mas que parece esconder em suas atitudes o seu desejo de retribuir carinho), uma fotografia competente, uma boa trilha sonora, enfim, é um ótimo filme.
Nota: 9!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Amazon Prime Video

PS.: Há uma cena adicional durante os créditos finais.

Gênero: Comédia
Duração: 93 Minutos
Classificação Indicativa: 16 Anos (Violência, Drogas e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Universal Pictures
Direção: Josh Greenbaum
Elenco: Brett Gelman e Will Forte com as Vozes de Will Ferrell, Jamie Foxx, Isla Fisher e Randall Park