Ruim Pra Cachorro

RuimPraCachorro

Ruim Pra Cachorro é um filme que, apesar de excessos pontuais, é bastante divertido.
Trazendo a história de um cãozinho que após ser abandonado por seu dono, decide se vingar dele junto com seu grupo de novos amigos, Ruim Pra Cachorro deixa claro desde o início que essa não será uma comédia fofinha de animais falantes para crianças, logo, o filme aposta em piadas escatológicas, exageradas e com palavreado (chulo ou não). Logo, é curioso que as piadas consigam funcionar tão bem (ao menos em boa parte do tempo, já que em alguns momentos acaba exagerando na dose), e o diretor Josh Greenbaum (do divertidíssimo Duas Tias Loucas De Férias) junto do roteirista Dan Perrault são corajosos ao prolongá-las ao máximo, tornando-as ainda mais insanas (a sequência dos cogumelos é um divertido exemplo disso, utilizando até mesmo do exagero para diluir uma cena violenta que surge depois), explorando também piadas que apesar de óbvias (como a dos foguetes), são tremendamente eficazes ao explorar as principais características dos cachorrinhos, e bem, não dá para negar, que por mais fofinhos que os cachorros sejam, todos devem lembrar que cachorros são animais e que chegam a comer – e até gostam – de carniça, logo, seria um erro negar a natureza e o instinto animalesco deles (especialmente em uma obra para adultos).
Ciente que lida com uma história envolvendo animais de rua, Ruim Pra Cachorro acaba carregando uma importância surpreendente, já que retrata bem a inocência e o imenso afeto que eles são capazes de proporcionar aos donos (mesmo eles sendo odiosos), e de que devemos sempre tratá-los bem. E a inocência de Reggie em relação ao dono comove em função do seu amor irrestrito, e ao ouvirmos o que eles pensam, fica difícil não se relacionar, afinal, quem nunca se perguntou o que se passa dentro da cabecinha deles, não é? E não deixa de ser curioso que mesmo sendo um filme adulto envolvendo cachorros, é surpreendente que o filme encontre sua parcela de momentos realmente tocantes (e é particularmente doloroso seu início em que a narração de Reggie tão cheia de afeto e amor é contrastada pelo claro comportamento odioso de seu dono ou quando Bug conta a história sobre sua antiga dona, e uma simples frase como “Bom garoto” nos últimos minutos do filme trazem um significado imensamente recompensador, e por isso mesmo, tocante ao personagem e a nós espectadores). Além disso, como bem defende certo personagem, se vingar do dono não é só por um, é por todos os animais que foram abandonados, e representa muito o que de fato, seres humanos (que de humanos não têm nada) que são capazes de abandonar seus pets merecem, e bem, como dono de um pet, não dá para negar o significado do clímax e também a satisfação que causa (apesar do exagero).
Contando ainda com uma ótima dublagem (Will Ferrell se sai muito bem ao trazer uma inocência tocante e um crescimento fascinante para Reggie ao longo do filme e Jamie Foxx é ótimo e divertido ao tornar seu Bug em um cãozinho falastrão, mas que parece esconder em suas atitudes o seu desejo de retribuir carinho), uma fotografia competente, uma boa trilha sonora, enfim, é um ótimo filme.
Nota: 9!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Amazon Prime Video

PS.: Há uma cena adicional durante os créditos finais.

Gênero: Comédia
Duração: 93 Minutos
Classificação Indicativa: 16 Anos (Violência, Drogas e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Universal Pictures
Direção: Josh Greenbaum
Elenco: Brett Gelman e Will Forte com as Vozes de Will Ferrell, Jamie Foxx, Isla Fisher e Randall Park

Sem Ar

SemAr

Sem Ar encontra problemas para sustentar sua história, mas é um suspense tenso e bastante eficiente.
Trazendo duas irmãs que ao mergulharem e uma delas ficar presa após um acidente levá-las ao fundo do mar, dá início a uma corrida pela sobrevivência da outra, Sem Ar busca ser o mais objetivo possível em sua história para poder explorar ao máximo a situação tensa que o filme cria, onde até mesmo as protagonistas são definidas por poucas características para não perder muito tempo. Logo, o filme acaba remetendo ao ótimo A Queda (que nos levava ao limite da tensão a partir de uma situação desesperadora e aparentemente impossível), e este Sem Ar nos deixa quase o tempo todo nervosos a partir da corrida contra o tempo que o roteiro estabelece. Ciente de que a burrice e o desespero da situação levam seus personagens a cometerem atos estúpidos apenas para aumentar a duração do filme (além de trazer algumas faltas de sorte), o filme acaba se enfraquecendo toda vez que tenta esticar e sustentar sua história ao trazer dramas artificiais com o intuito de trazer alguma dramaticidade, o que nos leva a ver a personagem May imaginando conversas e brigas imaginárias com a irmã, além de flashbacks sugestivos para tentar manter o nosso interesse no filme (e ainda que justificados pela consequência de estar muito tempo debaixo d’água, acaba divagando-a demais, quebrando com o ritmo da história, e denuncia a falta de confiança de seu diretor – e roteirista – Maximilian Erlenwein, já que a situação é tensa o suficiente para sustentar a narrativa).
Trazendo uma bela fotografia aquática que traz planos plasticamente belíssimos do fundo do mar e também dos nados das personagens e das diversas partículas de água, tornando a imensidão do oceano assustadora e destacando a pequenez daquelas personagens dentro do mar (é uma pena que ocasionalmente nos perdemos na escuridão do mar), o filme ainda traz um design de som que faz um ótimo trabalho em nos fazer sentir a pressão da água, sendo inteligente nos momentos que o silêncio ressalta o desespero da situação e também na utilização da trilha sonora para não chamar a atenção demais. Contando ainda com boas atuações de Louisa Krause e Sophie Lowe (embora sejam pouco definidas, elas se saem bem com o pouco que têm), enfim, é um bom filme.
Nota: 8,5!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Amazon Prime Video

Refilmagem de Além Das Profundezas de 2020.

Gênero: Suspense
Duração: 91 Minutos
Classificação Indicativa: 12 Anos (Violência e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Paris Filmes
Direção: Maximilian Erlenwein
Elenco: Louisa Krause e Sophie Lowe

Dogman

Dogman

Dogman é um drama trágico e impactante, um estudo de personagem fascinante e um filme excelente.
Ancorando sua história na vida de Douglas, que depois de uma vida de tragédias na infância, vive à margem da sociedade junto com os cães que o acolheram, Dogman tem uma história que funciona melhor conforme a descobrimos, conseguindo nos envolver desde o início ao nos instigar em descobrir mais sobre o seu curioso protagonista. Adotando um tom trágico e triste desde o início, o roteiro busca humanizar e se solidarizar com seu personagem, cujas circunstâncias e desgraças o levaram a tomar uma série de caminhos mais sombrios, encontrando também uma forma de expressar sua mente artística através de shows de drag. Além disso, o carinho que ele sente pelos cães (e vice-versa) é extremamente palpável e tocante, nos fazendo sentir toda a dor de seu personagem ao longo da vida. E com isso, o desenvolvimento da história surpreende por tomar caminhos tão inesperados como a própria vida, e que surpreendem pela emoção que causa (mesmo que aqui e ali, o roteiro deixe de explorar alguns pontos que aprofundariam melhor a vida de seu protagonista). E mesmo quando o filme mergulha em pequenas tramas de roubos, é seu centro trágico que nos retorna ao filme e nos faz lembrar que não há muito espaço para a felicidade e para o amor dentro do universo do filme, além do amor único e verdadeiro que cachorros são capazes de demonstrar aos seus donos. E o filme é tão eficaz em nos ancorar ao seu protagonista, que pouco a pouco, passamos a não só compreender seu personagem, como a encarar os demais personagens como estranhos ou cruéis (algo que aconteceu de certa forma com a obra-prima Edward Mãos De Tesoura).
E é surpreendente que o diretor Luc Besson, apesar de mais acostumado a filmes de ação/aventura e de já ter dirigido alguns dramas, consiga se sair tão bem aqui, já que a história poderia descambar para uma bobagem melodramática. E aqui o diretor surpreende com uma abordagem sensível e sóbria, e embora ocasionalmente perigue flertar com a caricatura explorando desgraças para fins dramáticos (como os flashbacks da infância do protagonista) ou mesmo através de exageros bastantes pontuais (as habilidades caninas que os cachorros desenvolvem ou ao tentar conectar seu protagonista com a psicóloga de uma forma também trágica), o fato é que acaba funcionando dentro do filme, e o diretor só consegue contornar isso por conseguir ressaltar tão bem os elementos humanos da narrativa, assim como o seu tom trágico de uma maneira bastante sóbria (e Besson além de comandar bem a ótima sequência de ação que ocorre no terceiro ato, traz aqui duas sequências inesquecíveis embaladas por músicas de Édith Piaf).
Mas provavelmente o filme não funcionaria se não fosse pelo ator Caleb Landry Jones: Talentoso, o ator surpreende em todas as escolhas para o seu personagem, não temendo encarar aspectos que tornariam seu personagem exagerado (o hábito de se maquiar ganha contornos complexos em relação à sua identidade e condição). Conferindo imenso peso (sua criação católica o leva a questionar o Criador, mas não deixa também de acreditar na sua Fé), Jones transforma Douglas em uma figura inicialmente enigmática, mas cuja voz calma e pacífica já indica alguém tão abalado que encara e justifica todas as decisões de sua vida de forma filosófica, mas não menos tocante. E seria justíssimo caso o ator fosse lembrado nas premiações por sua bela atuação.
Trazendo um final absolutamente sublime e arrebatador, o filme conta com boas atuações do elenco coadjuvante (se Jojo T. Gibbs acaba limitada pelo roteiro já que se torna o nosso avatar dentro do filme, Grace Palma confere alguma luz à narrativa e o jovem Lincoln Powell se sai muito bem na versão infantil do protagonista), uma ótima fotografia (que adota uma paleta de cores fria e melancólica, ganhando cores extravagantes apenas em momentos pontuais, algo que se aplica de certa forma ao design de produção, que também confere realidade ao seu universo), bons figurinos, uma maquiagem muito boa, uma ótima montagem (que torna a narrativa sempre fluida, mesmo com os frequentes flashbacks), uma excelente e climática trilha sonora (que confere o tom perfeito de melancolia e tragédia ao filme, e o uso de violinos carregados e tristes tornam a experiência sempre melancólica e carregada), enfim, é um filme excelente.
Nota: 9,5!!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Amazon Prime Video

Gênero: Drama/Suspense
Duração: 115 Minutos
Classificação Indicativa: 16 Anos (Violência, Drogas Lícitas e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Diamond Films
Direção: Luc Besson
Elenco: Caleb Landry Jones, Jojo T. Gibbs, Christopher Denham, Grace Palma e Lincoln Powell

Godzilla e Kong: O Novo Império

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Gosto de boa parte dos filmes do universo que une Godzilla e Kong (uns mais, outros menos). E o primeiro Godzilla Vs. Kong foi relativamente divertido, ainda que problemático em algumas escolhas (embora funcionava relativamente melhor com o uso do 3D), ainda assim, foi o suficiente para gerar uma continuação. E Godzilla e Kong: O Novo Império até funciona como espetáculo vazio, mas depois de uma primeira metade relativamente boa, se torna um festival de bobagens e barulho sem lógica.
Trazendo os dois titãs se reencontrando para defender o planeta de uma nova ameaça, Godzilla e Kong: O Novo Império tenta criar uma narrativa ligeiramente movimentada, onde em seu primeiro ato cria uma série de mistérios intrigantes que nos prendem ao filme, mesmo com algumas bobagens como a dor de dente do Kong, mas tudo bem, é um filme de monstros gigantes destruindo tudo, podemos relevar algumas coisas. E o filme finalmente parece empolgar quando o personagem de Dan Stevens surge em cena e dá um imenso gás a um filme que precisa disso, conseguindo trazer alguma aventura, mistério e empolgação em um clima divertido e descompromissado. No entanto, quando o filme resolve dar respostas, ele se complica demais ao trazer elementos excessivamente mitológicos e que beiram tanto o absurdo que ultrapassa a fronteira do ridículo e do aceitável dentro de um filme desse tipo. E no momento que apareceu uma civilização que surgiu dentro da Terra Oca, com poderes telepáticos e com direito a rainha e tudo, confesso que desisti de encontrar qualquer lógica ou sentido, pois ficou absurdo demais para funcionar e ridículo demais para ser levado a sério (o que me lembrou de De Volta Ao Planeta Dos Macacos, o pior filme de toda aquela franquia), e pior, a partir dali, o filme se entrega a um festival de bobagens que fica difícil de aceitar, se entregando de vez ao barulho e a um sem fim de sequências de destruição e de porradaria sem lógica, que acaba se tornando exaustivo (e confesso que fiquei horrorizado pela forma com que o Rio de Janeiro é trucidado, ou melhor, eliminado do mapa do Brasil a julgar a destruição vista aqui). Mais ainda, ao levar sua história excessivamente a sério, o próprio filme se impede de ser mais divertido, e que mesmo com quase duas horas de duração, ele parece bem mais longo do que aparenta, sequer dando a impressão de que a história está se desenrolando e caminhando para um clímax.
Por outro lado, há alguns aspectos no filme que o tornam ligeiramente bom: A partir do momento que o personagem de Dan Stevens aparece, o filme funciona incrivelmente bem enquanto exploramos novamente a Terra Oca com os personagens, estabelecendo ali um clima de tensão e descompromisso ideal para esse tipo de filme, apostando também em boas sequências de ação entre Kong e Godzilla (antes de se unirem, eles travam suas próprias batalhas) e também em um senso de humor inesperado (como a reação de Kong após um gorila da sua espécie falar sem parar para ele). E mesmo quando o filme vai piorando aos poucos, pelo menos as sequências de luta sem fim no terceiro ato funcionam bem como espetáculo vazio, e aquela em gravidade zero se destaca pela criatividade e por um plano em câmera lenta absolutamente icônico e memorável, além disso, elas são todas muito bem realizadas e coreografadas, mesmo sendo absurdas e cansativas. E como é de se esperar, os efeitos especiais são excelentes e muito bem realizados (embora aqui e ali soem artificiais), enquanto o design de som é espetacular e eleva à enésima potência o barulho e os ótimos efeitos sonoros, já a trilha sonora surge bem mais equilibrada e interessante que a do anterior, embora nada memorável, servindo mais como bom acompanhamento para o filme.
Contando com atuações decentes (Rebecca Hall se esforça para trazer alguma dramaticidade ao filme, Dan Stevens rouba o filme para si e se torna divertidíssimo de acompanhar, sendo o único do elenco que entendeu aquilo que passou longe aos envolvidos no filme, que é para se divertir, enquanto Kaylee Hottle volta a ser um dos elementos mais interessantes do filme), uma direção competente (que volta a acertar nas sequências de ação, sendo visualmente claras e pontualmente empolgantes, impressionando também na escala de destruição), um ótimo design de produção (a Terra Oca volta a trazer criaturas interessantes e diferentes, com os novos gorilas trazendo um design notável que os tornam ainda mais debilitados que o próprio Kong, enquanto o Skar King traz um visual que o torna assustador – como os olhos de cor diferente -, sem contar o cenário da civilização da Terra Oca com uma abundância de cristais que se torna lindo), enfim, é um filme irregular.
Nota: 6,5!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais

Continuação de Godzilla, Kong: A Ilha Da Caveira, Godzilla 2: Rei Dos Monstros e Godzilla Vs. Kong.
Baseado no Personagens de Propriedade e Criados por Toho Co, LTD..

Gênero: Ação/Aventura
Duração: 115 Minutos
Classificação Indicativa: 12 Anos (Violência e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Warner Bros.
Direção: Adam Wingard
Elenco: Rebecca Hall, Brian Tyree Henry, Dan Stevens, Kaylee Hottle, Alex Ferns e Fala Chen

Seguindo Em Frente

SeguindoEmFrente

Lançado nos Cinemas nos EUA. Lançado Diretamente em Plataformas Digitais no Brasil. Seguindo Em Frente diverte bastante, mesmo com suas mudanças de tom que ocasionalmente o torna sem ritmo.
Trazendo a história de duas velhas amigas que se reencontram em um funeral e decidem se vingar do recente viúvo que traiu uma delas décadas atrás, Seguindo Em Frente tem uma premissa inusitada e potencialmente divertida, e se o primeiro ato consegue ser objetivo e dar o ponto certo da narrativa, logo depois o roteiro parece divagar e criar tangentes narrativas que fogem do conflito central por tempo demais – soando sem conflito ou objetivo, e arrastando o filme no processo – e ainda passa a ganhar contornos mais dramáticos ao lidar com os traumas de suas protagonistas. Com isso, a curtíssima duração do filme parece relativamente mais longa do que aparenta tornando-o sem ritmo devido a essas mudanças de tom, que embora não alcancem um equilíbrio perfeito no tom geral, acabam conseguindo funcionar isoladamente, em um trabalho bem realizado pelo diretor Paul Weitz.
Por outro lado, mesmos esses problemas são mais que compensados pelo prazer cinéfilo de ver veteranos do Cinema se divertindo em cena ou mesmo apenas exercitando seus músculos de atuação em um filme que em teoria, nem precisaria. E ver uma atriz do calibre de Jane Fonda reagir de maneira contida ao falar sobre um trauma que ela não quer falar para o ex-marido (apenas para reagir de forma ainda mais intensa ao confrontar alguém com toda a dor que sentiu e remoeu ao longo de décadas) ou ao soltar uma lágrima sutil ao receber um presente do ex-marido é o suficiente para compensar o filme. Aliás, ao reunir Jane Fonda e Lily Tomlin novamente, elas resgatam a sintonia maravilhosa e divertidíssima da série Grace And Frankie.
Trazendo um desfecho que soa corajoso e irônico ao mesmo tempo, o filme ainda conta com ótimas atuações (Lily Tomlin adota seu jeito despojado e irreverente que é simplesmente maravilhoso, Malcolm McDowell encarna seu personagem com um misto de remorso, mas sem esconder sua personalidade desprezível e o saudoso Richard Roundtree traz imenso carisma em cena e sua cena em que conversa com Jane Fonda é tocante em como revela sutilmente todo um mundo de dores passadas e o desejo de realmente ajudar), enfim, é um ótimo filme.
Nota: 9!!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Max

Gênero: Comédia Dramática
Duração: 85 Minutos
Classificação Indicativa: 14 Anos (Violência, Temas Sensíveis e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Sony Pictures
Direção: Paul Weitz
Elenco: Jane Fonda, Lily Tomlin, Malcolm McDowell, Sarah Burns e Richard Roundtree

Anatomia De Uma Queda

AnatomiaDeUmaQueda

Anatomia De Uma Queda envolve, e mesmo ocasionalmente cansativo, jamais deixa de nos prender à história.
Trazendo uma mulher suspeita de ter assassinado o marido e o julgamento que se segue, Anatomia De Uma Queda busca a partir da sua premissa criar uma narrativa envolvente e fascinante em seus detalhes, e como bom drama de tribunal, o filme envolve e fascina ao buscar retratar todas as possibilidades possíveis do que pode ter causado a queda assim como os detalhes investigativos (inclusive o mais surpreendente, em que testam o volume da voz a partir de determinada distância para ver se era possível ouvir). E com isso, o filme vai aos poucos conferindo ambiguidade e instigando pontos que nos leva a repensar o que está sendo contado, ou mesmo mudar nossa posição em relação ao julgamento ao longo do filme (como a leitura de uma breve passagem da autora do livro que traz ecos do excepcional Instinto Selvagem), o que torna a narrativa sempre interessante.
Porém, falta ao filme o mesmo tratamento que a excepcional Primeira Temporada de American Crime Story teve, onde lá acompanhávamos todas as estratégias de réu e defesa (em que pese também o sistema judiciário francês, diferente do americano), aqui ficamos a partir de certo ponto quase que exclusivamente no julgamento, e mesmo quando o filme sai dali para alguns respiros, acabam sendo relacionados de alguma maneira ao mesmo, o que acaba tornando o filme ligeiramente cansativo, pouco dinâmico em termos de ritmo e visualmente repetitivo. Compreendo que o filme busca explorar diversos pontos (e que são necessários para o desenrolar do julgamento), mas chega um ponto que o roteiro parece atirar possibilidades a torto e a direito, divagando suposições, e abandonando essas possibilidades logo depois. Felizmente, a diretora Justine Triet se mantém sempre no controle da narrativa, permitindo que o julgamento se desenrole com a devida calma e evitando chamar atenção para si, onde aposta em planos que ressaltam a força das atuações e de qualquer detalhe que possa vir a ser útil no julgamento (e o único momento que a diretora chama a atenção é no longo plano em que o menino Daniel depõe em julgamento enquanto a câmera se movimenta entre a esquerda e a direita para indicar qual advogado está falando naquele momento).
Contando ainda com excelentes atuações (Sandra Hüller está fantástica, e a atriz é inteligente não só ao manter um semblante disciplinado e que exala a inteligência daquela mulher – e de como aquilo pode soar ambíguo -, mas também o carinho palpável que sente pelo filho – como o frequente olhar de preocupação que ela lança para ele durante o julgamento, que ela sabe que aquilo poderá mudar a visão que ele tem dela -, e a sequência do seu monólogo em uma gravação é espetacular em sua entrega autêntica e realista, Milo Machado Graner se sai muito bem nas suas sequências mais fortes, mais ainda, atua com imensa naturalidade que a cegueira do personagem não é percebida cedo, e também impressiona ao retratar uma criança recebendo informações demais para algo ao qual ele não estava nem um pouco preparado para ouvir, e merece destaque o cachorrinho Messi que em apenas uma cena impressiona com sua atuação canina), enfim, é um ótimo filme.
Nota: 9!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Amazon Prime Video

Vencedor do Oscar 2024 de Melhor Roteiro Original, foi também indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção – Justine Triet, Melhor Atriz – Sandra Hüller e Melhor Montagem.

Gênero: Drama/Suspense
Duração: 151 Minutos
Classificação Indicativa: 14 Anos (Violência, Drogas Lícitas e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Diamond Films
Direção: Justine Triet
Elenco: Sandra Hüller, Swann Arlaud, Milo Machado Graner, Antoine Reinartz, Samuel Theis, Jehnny Beth, Saadia Bentaïeb, Camille Rutherford, Anne Rotger, Sophie Fillières e Messi

Todos Menos Você

Todos Menos Você segue bem as convenções do gênero, mas ganha pontos pela ótima sintonia dos protagonistas.
Trazendo Bea e Ben que depois de um bom encontro se tornar um desastre, acabam tendo que voltar à convivência para um casamento, Todos Menos Você segue de perto todas as convenções das comédias românticas (dos coadjuvantes engraçadinhos ao velho esquema do “eles se odeiam, mas se amam”), e bem, é aquela coisa, a gente já sabe o que esperar do gênero, mas felizmente o filme compensa seus clichês ao apostar na boa sintonia de seus protagonistas, especialmente quando a troca de farpas entre eles se torna divertida (e a cena do barco é perfeita ao exemplificar o jogo de manipulação deles). E quando eles decidem fingir ser um casal, a encenação deles em tornar a situação o mais convincente possível para os demais acaba sendo ainda mais divertida. Além disso, o frequente bom humor do filme (mesmo quando não acerta nas piadas) e a boa construção do relacionamento de Bea e Ben torna a experiência sempre agradável e divertida, mesmo quando o filme recai nos velhos clichês e no esquematismo da sua história. Por outro lado, as breves inserções de frases shakespearianas em pontos aleatórios do filme soam deslocadas e gratuitas, servindo apenas para lembrar as origens da história (que é livremente baseado em Muito Barulho Por Nada).
Contando ainda com ótimas atuações (Sydney Sweeney e Glen Powell, além de bonitos, criam uma ótima química em tela, e se mostram talentosos ao explorarem os poucos pontos dramáticos que seus personagens possuem, por outro lado, não dá para negar o charme deles, especialmente Powell que diverte com seu charme de cafajeste, já os demais se saem bem nos seus personagens, mas GaTa e Joe Davidson quase roubam o filme para si respectivamente como o amigo de Ben e um surfista maluco), uma direção e montagem competentes (que conferem um ótimo ritmo ao filme, embora aqui o diretor Will Gluck – que já fez comédias românticas que podem ser consideradas jovens clássicos – faça apenas um trabalho correto), uma bela fotografia (que encanta com as locações espetaculares da Austrália), enfim, é um ótimo filme.
Nota: 8,5!!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Max

Gênero: Comédia Romântica
Duração: 104 Minutos
Classificação Indicativa: 16 Anos (Nudez, Drogas e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Sony Pictures
Direção: Will Gluck
Elenco: Sydney Sweeney, Glen Powell, Alexandra Shipp, GaTa, Hadley Robinson, Michelle Hurd, Dermot Mulroney, Darren Barnet e Rachel Griffiths

A Pior Pessoa Do Mundo

APiorPessoaDoMundo

Me chamo Maurício. Recém fiz 30 anos de idade. Uma idade considerada “jovem demais para ser velho, e velho demais para ser jovem”. Não imaginava que chegaria nessa idade tão rápido (especialmente quando ainda era criança ou jovem, afinal, somos todos idiotas quando somos jovens), mas pisquei e cá estou com 30 anos. Cada vez que o tempo passa (e envelhecendo no processo), eu olho para trás e reconheço as minhas próprias virtudes e defeitos, a minha própria história pessoal, os altos e baixos, as dúvidas e receios. De certa forma amadureci. Mas também me questiono sobre o futuro, sobre as coisas que serão inevitáveis na vida de todos, de como a minha vida pode mudar em um piscar de segundos, e assim como lá atrás eu não fazia ideia de como estaria no futuro, hoje também não faço ideia do que a vida me reserva daqui pra frente. E este A Pior Pessoa Do Mundo compreende esses duros questionamentos de uma geração que, como a minha, viveu tantas mudanças (sociais, econômicas e mundiais) que hoje estamos tão perdidos no mundo quanto o resto das pessoas.
Nos ancorando na protagonista Julie e nas suas desventuras amorosas e pessoais, A Pior Pessoa Do Mundo segue uma narrativa relativamente simples, flertando por vezes com obras sobre a vida (algo que também se aplica à abordagem realista por parte da direção), e aí reside seu principal atrativo. Nos levando a acompanhar a protagonista, o filme encanta ao trazer uma personagem interessante e adorável, mas falha e contraditória, e o maior mérito disso é a atriz Renate Reinsve, que em uma bela atuação consegue conferir calor humano e naturalidade a Julie, assim como as muitas imperfeições e contradições da protagonista, não temendo retratá-la por vezes como uma babaca cruel, e a atriz é corajosa ao abraçar todos esses aspectos da sua personagem evitando tornar sua personagem insuportável no processo (e de fato, é uma personagem difícil, e a atriz se sai muito bem nesse aspecto).
E de certa forma, A Pior Pessoa Do Mundo é um filme que conversa com a gente, muito por conta dos seus inspirados diálogos ou momentos, especialmente aqueles que retratam o quão perdidos os personagens estão no mundo ou na vida (o longo monólogo de Aksel foi pessoalmente tocante, tendo em vista sua visão cultural mais tátil e adepta à mídia física, como eu) ou aqueles que retratam a contraditoriedade de seus personagens e sua própria visão de mundo. Mas há momentos que o filme beira o sublime, e que assim como na vida, surgem como momentos mágicos e marcantes em nossa vida, e duas sequências do filme são absolutamente inesquecíveis: Aquela que coloca dois personagens para testar os limites do que pode ser traição encanta pela troca de olhares, de conversas e desafios que revelam o impulso do desejo, mas sem poder se tocar, mas que ainda assim revela sutilmente que ali foi uma noite tórrida (como esquecer do plano da fumaça em câmera lenta?), mas a outra – e minha favorita – é a que mostra o tempo congelando, onde acompanhamos a protagonista correndo enquanto vemos o redor dela totalmente congelado, até encontrar sua paixão e passar horas com ela. É uma sequência de uma beleza lúdica encantadora e que apesar de óbvia em como revela que ao nos apaixonarmos por alguém, o tempo parece parar, ela também encanta pelo ótimo trabalho de efeitos especiais e claro, pelo imenso trabalho que deve ter dado à produção. São momentos assim que tornam o filme muito interessante, e mais ainda, que nos aproxima de seus personagens e de suas próprias reflexões e conflitos. Ainda assim, me vi frequentemente mais fascinado pelas reflexões que o filme me causou do que os demais aspectos do filme (a fotografia aposta em uma bela paleta de cores naturais), e assim como a vida, o roteiro não possui uma estrutura clara, permitindo uma narrativa fluída (mesmo cansando em alguns poucos momentos), mas ainda assim, mesmo envolvido com o filme, me senti emocionalmente distante de sua narrativa.
Contando ainda com ótimas atuações (se Renate Reinsve é o grande destaque, seus companheiros de cena não ficam atrás, e Anders Danielsen Lie e Herbert Nordrum se destacam ao criarem personagens que nos cativa com suas personalidades diferenciadas, nos levando a compreender porquê a protagonista se apaixona por eles, e o roteiro merece créditos por não nos levar a desgostar de um ou de outro), no final das contas, é nas nossas contradições e evoluções que aprendemos com a vida, nas mudanças e acontecimentos inesperados que acontecem, em nossas dores e decepções que causamos a nós mesmos e aos outros, e como boa parte das pessoas, também buscamos e questionamos nosso lugar no mundo e também o que o futuro nos reserva. E mesmo que não façamos a menor ideia de quando chegaremos lá, não duvido que ainda estaremos em dúvida do que a vida nos reserva e do que estamos fazendo de fato com ela quando de fato chegarmos lá.
Nota: 9!!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Amazon Prime Video

2 Indicações ao Oscar 2022 nas categorias de Melhor Filme Internacional e Melhor Roteiro Original.

Gênero: Drama
Duração: 128 Minutos
Classificação Indicativa: 16 Anos (Violência, Conteúdo Sexual e Drogas Ilícitas)
Distribuição: Diamond Films
Direção: Joachim Trier
Elenco: Renate Reinsve, Anders Danielsen Lie e Herbert Nordrum

Feriado Sangrento

FeriadoSangrento

Feriado Sangrento é um terror que, entre erros e acertos, diverte e funciona muitíssimo bem.
Trazendo um pequeno grupo sendo perseguido por um serial killer um ano após uma tragédia em um supermercado, Feriado Sangrento tem como inspiração clara as dezenas de slashers que já cansamos de ver (como os clássicos Pânico, Sexta-Feira 13 e Halloween) e neste caso, os que são ambientados em um feriado específico, se diferenciando por se ambientar no feriado americano de Ação de Graças (e que inexiste na nossa cultura). Mas isso é o de menos, pois o que importa nesses filmes, especialmente quando não sabemos quem é o assassino (como é o caso deste), é tentar descobrir o assassino e se divertir com o próprio filme e com o exagero das mortes. E nesse aspecto, o filme funciona incrivelmente bem, já que o filme tem um ritmo bastante envolvente e fluido, e o roteiro utiliza praticamente todos os clichês do gênero (os jovens são arquétipos batidos e geralmente irritantes), mas como reclamar de algo que já é a base dos filmes do gênero? Além disso, é inegável a sequência do jantar no terceiro ato (uma inspiração do clássico O Massacre Da Serra Elétrica de 1974) que Eli Roth merece palmas por conseguir sustentar a insanidade dessa sequência. Por outro lado, a revelação do assassino achei anticlimática, onde cria um furo estranho em retrospecto (como que o assassino chegou naquele carro antes da protagonista chegar lá, já que ela estava bem à frente dele?), mas ao menos essa revelação tem sua elegância por ser revelada sutilmente em duas cenas do filme (uma delas, logo na primeira cena do filme).
Praticamente um mestre em criar sequências sangrentas e de forte impacto visual, em Feriado Sangrento o diretor Eli Roth volta a demonstrar esse seu talento, não temendo criar imagens chocantes, mas que também flertam com o exagero. E um exemplo claro disso é logo a sequência inicial no supermercado onde ele trabalha entre extremos, e só essa sequência estabelece grande parte dos personagens que veremos, onde o elenco aposta em atuações que são eficazes em seguir seus clichês ou que beiram uma caricatura grotesca (como os personagens de Amanda Barker e Mika Amonsen) e que ganham o desprezo imediato do espectador. Tudo bem que aqui, o exagero dessa sequência pode até ser visto como uma crítica ao consumismo desenfreado, mas há certos exageros que é melhor evitar (e o filme se sai até melhor ao retratar o impacto de uma morte em uma live e ganhando várias curtidas). E sendo um filme do diretor de O Albergue (há duas cenas naquele filme lançado em 2006 no Brasil que até hoje eu não esqueci), o filme entrega com gosto diversas sequências sangrentas e chocantes, e as mortes retratadas no filme são por vezes tão exageradas que nos leva ao riso pontual (como o momento que um termômetro avisa que a “carne” está pronta), mas que para não torná-las engraçadas demais, o diretor acerta ao carregar de tensão essas sequências (gosto muito da sequência que uma mulher é preparada para o forno pelo assassino, e depois a vemos tentando escapar dele dentro de uma casa), apenas para se entregar depois às mortes, que acontecem de forma súbita e inesperada, aumentando o choque e o impacto dessas sequências, que nos leva a se retorcer na poltrona com os closes que nos faz perceber as consequências gráficas da violência, e que o diretor sabe que o público vai se retorcer, e que ele faz questão de mostrar a excelente qualidade da maquiagem utilizada no filme.
Eficaz em seus aspectos técnicos e com boas atuações do elenco (mesmo com personagens que não dão muita margem, são simpáticos o suficiente para funcionar), ainda assim, entre erros e acertos, Feriado Sangrento se equilibra como um slasher divertidíssimo e consciente dos próprios clichês do gênero, e não duvido que, ao menos nos EUA, já vai se tornar um clássico para assistir no feriado deles. Já aqui, só nos resta rever e se divertir enquanto não surge as prováveis novas continuações.
Nota: 9!!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Max

PS.: Há uma cena adicional após os créditos finais.

Baseado no Trailer Falso Thanksgiving exibido em Grindhouse.

Gênero: Terror/Suspense
Duração: 106 Minutos
Classificação Indicativa: 18 Anos (Violência Extrema, Drogas e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Sony Pictures
Direção: Eli Roth
Elenco: Patrick Dempsey, Addison Rae, Milo Manheim, Jalen Thomas Brooks, Nell Verlaque, Rick Hoffman e Gina Gershon

Toc Toc Toc – Ecos Do Além

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Toc Toc Toc – Ecos Do Além é um suspense eficaz até certo ponto, mas se torna surpreendente e acima da média conforme se desenrola.
Trazendo um garoto que passa a ouvir barulhos misteriosos vindos da parede do seu quarto, Toc Toc Toc – Ecos Do Além busca criar um clima tenso desde o início, e não perde muito tempo em apresentar sua história, sendo bastante objetivo nesse aspecto. E com isso, o filme nos envolve, onde cria uma atmosfera tensa e inquietante que nos leva a torcer para o pequeno protagonista, além da história ficar melhor conforme se desenrola. Mas o melhor de tudo é ver como o filme se desenrola, onde é bastante eficaz em plantar pistas em seu primeiro ato que serão importantes mais tarde. E se inicialmente a reviravolta é praticamente telegrafada ao espectador (com personagens com atitudes estranhas ou dizendo que “As aparências enganam.“, e bem, não precisa pensar muito, basta observar a sobra de espaço da casa), o filme acaba surpreendendo a partir da sua metade ao trazer momentos realmente surpreendentes e que nos pega de surpresa de verdade (o terceiro ato mesmo é praticamente uma constante em nos surpreender), o que acaba aumentando ainda mais a tensão da história.
Sim, o filme erra ao esquecer de sutilezas que poderiam não chamar tanta atenção para uma de suas reviravoltas (e um diálogo importantíssimo dito antes da morte de um personagem trata de destruir uma surpresa no clímax da narrativa), por uma sequência de pesadelo que só serve para inflar o filme (e que se torna óbvia pela forma com que é construída, ainda que seja um dos melhores momentos do filme) e também por uma criatura revelada no clímax ser extremamente inspirada em Mama, mas compensa em muitos pontos, como a criatura surgir acertadamente nas sombras em grande parte do filme (o que aumenta seu impacto quando vemos de fato o seu rosto horripilante, e o diretor Samuel Bodin mostra-se ciente da possível artificialidade da mesma, ao adotar planos rápidos o suficiente para que não percebamos isso) e a construção da tensão em diversos momentos do filme, que permite se demorar em algumas passagens para aumentar o nosso nervosismo (como uma tensa discussão entre os pais presenciada por uma professora ou a abertura de uma porta no clímax do filme).
Se revelando uma boa surpresa, o filme ainda conta com boas atuações (Lizzy Caplan e Antony Starr conseguem evocar sentimentos complexos em seus personagens como o amor e carinho pelo filho que contrasta com atitudes extremas dos dois, e mesmo que Caplan fique perigosamente no limite do over, ela usa isso a seu favor, como se indicando que sua personagem esteja à beira da própria derrocada mental, e se Cleopatra Coleman faz um bom trabalho, o pequeno Woody Norman está muito bem ao transmitir todo o seu medo e insegurança), uma direção competente (que faz um bom trabalho ao longo do filme, mas peca pelo uso insistente de lentos movimentos de câmera giratórios, sem um propósito claro), uma ótima fotografia e design de produção (bastante eficazes na atmosfera sombria da narrativa, que surpreende até mesmo ao adotar um visual mais claro na escola e outro mais sombrio na casa do protagonista, indicando ali a vida triste que possui), uma eficiente trilha sonora, ótimos efeitos especiais e sonoros, enfim, é um filme muito bom.
Nota: 9!!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Amazon Prime Video

Gênero: Suspense
Duração: 88 Minutos
Classificação Indicativa: 16 Anos (Violência, Medo e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Paris Filmes
Direção: Samuel Bodin
Elenco: Lizzy Caplan, Woody Norman, Cleopatra Coleman e Antony Starr