Ruim Pra Cachorro é um filme que, apesar de excessos pontuais, é bastante divertido.
Trazendo a história de um cãozinho que após ser abandonado por seu dono, decide se vingar dele junto com seu grupo de novos amigos, Ruim Pra Cachorro deixa claro desde o início que essa não será uma comédia fofinha de animais falantes para crianças, logo, o filme aposta em piadas escatológicas, exageradas e com palavreado (chulo ou não). Logo, é curioso que as piadas consigam funcionar tão bem (ao menos em boa parte do tempo, já que em alguns momentos acaba exagerando na dose), e o diretor Josh Greenbaum (do divertidíssimo Duas Tias Loucas De Férias) junto do roteirista Dan Perrault são corajosos ao prolongá-las ao máximo, tornando-as ainda mais insanas (a sequência dos cogumelos é um divertido exemplo disso, utilizando até mesmo do exagero para diluir uma cena violenta que surge depois), explorando também piadas que apesar de óbvias (como a dos foguetes), são tremendamente eficazes ao explorar as principais características dos cachorrinhos, e bem, não dá para negar, que por mais fofinhos que os cachorros sejam, todos devem lembrar que cachorros são animais e que chegam a comer – e até gostam – de carniça, logo, seria um erro negar a natureza e o instinto animalesco deles (especialmente em uma obra para adultos).
Ciente que lida com uma história envolvendo animais de rua, Ruim Pra Cachorro acaba carregando uma importância surpreendente, já que retrata bem a inocência e o imenso afeto que eles são capazes de proporcionar aos donos (mesmo eles sendo odiosos), e de que devemos sempre tratá-los bem. E a inocência de Reggie em relação ao dono comove em função do seu amor irrestrito, e ao ouvirmos o que eles pensam, fica difícil não se relacionar, afinal, quem nunca se perguntou o que se passa dentro da cabecinha deles, não é? E não deixa de ser curioso que mesmo sendo um filme adulto envolvendo cachorros, é surpreendente que o filme encontre sua parcela de momentos realmente tocantes (e é particularmente doloroso seu início em que a narração de Reggie tão cheia de afeto e amor é contrastada pelo claro comportamento odioso de seu dono ou quando Bug conta a história sobre sua antiga dona, e uma simples frase como “Bom garoto” nos últimos minutos do filme trazem um significado imensamente recompensador, e por isso mesmo, tocante ao personagem e a nós espectadores). Além disso, como bem defende certo personagem, se vingar do dono não é só por um, é por todos os animais que foram abandonados, e representa muito o que de fato, seres humanos (que de humanos não têm nada) que são capazes de abandonar seus pets merecem, e bem, como dono de um pet, não dá para negar o significado do clímax e também a satisfação que causa (apesar do exagero).
Contando ainda com uma ótima dublagem (Will Ferrell se sai muito bem ao trazer uma inocência tocante e um crescimento fascinante para Reggie ao longo do filme e Jamie Foxx é ótimo e divertido ao tornar seu Bug em um cãozinho falastrão, mas que parece esconder em suas atitudes o seu desejo de retribuir carinho), uma fotografia competente, uma boa trilha sonora, enfim, é um ótimo filme.
Nota: 9!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Amazon Prime Video
PS.: Há uma cena adicional durante os créditos finais.
Gênero: Comédia
Duração: 93 Minutos
Classificação Indicativa: 16 Anos (Violência, Drogas e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Universal Pictures
Direção: Josh Greenbaum
Elenco: Brett Gelman e Will Forte com as Vozes de Will Ferrell, Jamie Foxx, Isla Fisher e Randall Park