Oscar 2024

Oscar2024

Ontem [10/03/2023], o Oscar 2024 foi exibido pelo canal pago TNT e também pelo streaming do Max a partir das 19h com cobertura especial de aquecimento à premiação e às 20h a cerimônia inteira. A cerimônia teve como anfitrião o apresentador Jimmy Kimmel.
Confira a Lista de Indicados e Vencedores abaixo:

OBS.: Os Vencedores estão marcados em Negrito.

Melhor Filme:
Anatomia De Uma Queda
Assassinos Da Lua Das Flores
Barbie
Ficção Americana
Maestro
Oppenheimer
Os Rejeitados
Pobres Criaturas
Vidas Passadas
Zona De Interesse

Melhor Direção:
Jonathan Glazer – Zona De Interesse
Yorgos Lanthimos – Pobres Criaturas
Christopher Nolan – Oppenheimer
Martin Scorsese – Assassinos Da Lua Das Flores
Justine Triet – Anatomia De Uma Queda

Melhor Ator:
Bradley Cooper – Maestro
Colman Domingo – Rustin
Paul Giamatti – Os Rejeitados
Cillian Murphy – Oppenheimer
Jeffrey Wright – Ficção Americana

Melhor Atriz:
Annette Bening – Nyad
Lily Gladstone – Assassinos Da Lua Das Flores
Sandra Hüller – Anatomia De Uma Queda
Carey Mulligan – Maestro
Emma Stone – Pobres Criaturas

Melhor Ator Coadjuvante:
Sterling K. Brown – Ficção Americana
Robert De Niro – Assassinos Da Lua Das Flores
Robert Downey Jr. – Oppenheimer
Ryan Gosling – Barbie
Mark Ruffalo – Pobres Criaturas

Melhor Atriz Coadjuvante:
Emily Blunt – Oppenheimer
Danielle Brooks – A Cor Púrpura
America Ferrera – Barbie
Jodie Foster – Nyad
Da’Vine Joy Randolph – Os Rejeitados

Melhor Filme Internacional:
A Sala Dos Professores
A Sociedade Da Neve
Dias Perfeitos
Eu, Capitão
Zona De Interesse

Melhor Filme de Animação:
Elementos
Homem-Aranha: Através Do AranhaVerso
Meu Amigo Robô
Nimona
O Menino e a Garça

Melhor Roteiro Original:
Anatomia De Uma Queda
Maestro
Os Rejeitados
Segredos De Um Escândalo
Vidas Passadas

Melhor Roteiro Adaptado:
Barbie
Ficção Americana
Oppenheimer
Pobres Criaturas
Zona De Interesse

Melhor Fotografia:
Assassinos Da Lua Das Flores
Maestro
O Conde
Oppenheimer
Pobres Criaturas

Melhor Design De Produção:
Assassinos Da Lua Das Flores
Barbie
Napoleão
Oppenheimer
Pobres Criaturas

Melhor Figurino:
Assassinos Da Lua Das Flores
Barbie
Napoleão
Oppenheimer
Pobres Criaturas

Melhor Documentário em Longa-Metragem:
20 Dias Em Mariupol
A Memória Infinita
As 4 Filhas De Olfa
Bobi Wine: O Presidente Do Povo
Matar Um Tigre

Melhor Documentário em Curta-Metragem:
A Última Loja De Reparações
Island In Between
Nai Nai & Wài Pó
O ABC Da Proibição De Livros
The Barber Of Little Rock

Melhor Montagem:
Anatomia De Uma Queda
Assassinos Da Lua Das Flores
Oppenheimer
Os Rejeitados
Pobres Criaturas

Melhor Maquiagem e Penteado:
A Sociedade Da Neve
Golda – A Mulher De Uma Nação
Maestro
Oppenheimer
Pobres Criaturas

Melhor Trilha Sonora Original:
Assassinos Da Lua Das Flores
Ficção Americana
Indiana Jones e a Relíquia Do Destino
Oppenheimer
Pobres Criaturas

Melhor Canção Original:
It Never Went Away – Jon Batiste: American Symphony
Wahzhazhe (A Song For My People) – Assassinos Da Lua Das Flores
I’m Just Ken – Barbie
What Was I Made For? – Barbie
The Fire Inside – Flamin’ Hot: O Sabor Que Mudou a História

Melhor Curta-Metragem:
A Incrível História De Henry Sugar
E Depois?
Invincible
Red, White And Blue
Ridder Lykke

Melhor Curta-Metragem de Animação:
Carta a Um Porco
Ninety-Five Senses
Our Uniform
Paquiderme
War Is Over! Inspired By The Music Of John And Yoko

Melhor Som:
Maestro
Missão: Impossível – Acerto De Contas: Parte Um
Oppenheimer
Resistência
Zona De Interesse

Melhores Efeitos Especiais:
Godzilla Minus One
Guardiões Da Galáxia Volume 3
Missão: Impossível – Acerto De Contas: Parte Um
Napoleão
Resistência

Prêmio Honorário:
Angela Bassett, Mel Brooks e Carol Littleton

Prêmio Humanitário Jean Hersholt:
Michelle Satter

Grande Vencedor da Noite:
Oppenheimer
Vencedor de 7 Oscar 2024.

Duna: Parte Dois

DunaParteDois

Após uma tentativa cancelada e uma primeira adaptação irregular, o livro Duna finalmente conseguiu ver uma adaptação que fazia jus à toda a sua influência, e em meio à pandemia ainda em 2021, o diretor Denis Villeneuve fez do seu Duna um divisor de águas, uma obra excepcional e grandiosa, um espetáculo impressionante que me fez sair do cinema absolutamente maravilhado com a força das suas imagens e sons e com a sensação de ter visto algo novo e pequeno demais para uma tela de cinema, deixando ainda um gostinho de quero mais. E Duna: Parte Dois volta a impressionar com sua produção grandiosa e de uma escala ainda mais épica, e embora a princípio não supere o filme anterior, é um filmaço espetacular.
Continuando a história do anterior agora com Paul Atreides se unindo aos Fremen na busca por liberdade, Duna: Parte Dois se aproveita do fato de termos sido apresentados aos conceitos mitológicos antes para poder continuar a desenvolver sua história sem pressa e sem parar para explicar muitos dos seus conceitos, e com isso, o filme surpreende em seu primeiro ato ao retratar os costumes dos Fremen, de forma a nos aproximar daquele universo e da cultura deles. E o roteiro também acerta ao trazer vários núcleos narrativos, que inevitavelmente se encontram, embora aqui senti que os blocos ficaram excessivamente espaçados, desperdiçando alguns personagens que mereciam mais tempo de tela (como o Imperador e sua filha) e também levando bem mais tempo que o necessário para a história de fato engrenar. Além disso, o filme acerta em seu comentário de fundamentalismo religioso, ao trazer uma discussão sobre a dita profecia de Paul, nos levando a refletir sobre as visões de quem acredita ou não na profecia, e como alguns utilizam da mesma para seu próprio proveito, e de brinde o filme consegue estabelecer uma bela relação entre Paul Atreides e Shani, retratando o fascínio que possuem um pelo outro.
Enquanto isso, o excelente Denis Villeneuve se mostra ainda mais seguro e confiante na direção e na condução da história, estabelecendo um clima de tensão crescente, e as sequências de ação surpreendem ao trazer Villeneuve evoluindo nesse aspecto, e se o anterior via a ação de forma relativamente distante, este aqui o diretor não teme mergulhar a câmera na ação e se torna mais participativa. Aliás, Villeneuve consegue criar sequências que arrepiam no casamento da escala e da grandiosidade vista em tela junto do design de som e da trilha sonora. Ainda assim, a abordagem de Villeneuve encontra pequenos empecilhos: A narrativa de diversos núcleos acaba desperdiçando alguns personagens, e a habilidade do diretor de criar um sentimento de apreensão sem sabermos exatamente o que temer, como forma de plantar uma forte expectativa no espectador, encontra dificuldades, já que tamanha expectativa acaba gerando um clímax impactante em suas imagens, mas curto em sua entrega. E confesso que senti falta de mais imagens grandiosas e espetaculares (e que o primeiro filme tinha de sobra). Não que este não tenha, mas aqui Villeneuve se mostra disciplinado, se dando a esse luxo em passagens como aquela da arena, a da chegada de Paul enquanto um verme surge ao fundo ou de uma nave espelhada em chamas.
E mais uma vez, a grandiosa produção volta a nos encantar com a força dos sons e das imagens enquanto busca manter a coerência visual do anterior e expandi-lo ao máximo, e nesse aspecto, o filme é absolutamente sublime: Retornando ao universo apresentado, o design de produção é espetacular na grandeza de seu universo surpreendendo em seus novos cenários e em como os expande, como a espetacular e impressionante Arena (que ainda traz criaturas pra lá de sinistras como espécie de protetores e com fogos de artifício diferenciados que se tornam belíssimos) e o Sietch Tabr onde vivem os Fremen (e que traz um lago profundo e pessoal para eles), mantendo também a sobriedade e a coerência técnica do anterior com seus cenários vastos e imensos que preenchem a tela do cinema de forma impressionante, quase fazendo-a parecer pequena demais. Enquanto isso, a fotografia se mostra majestosa em seus enquadramentos de escala impressionante, e ainda brinca com o preto e branco na fantástica sequência da arena, já os figurinos encantam pela simplicidade e pela elegância. Já os efeitos especiais, não há o que falar, apenas se impressionar com o quão extraordinários eles são, sendo ainda mais impressionantes que os vistos no anterior. E nos aspectos sonoros o filme volta a brilhar, e se a trilha sonora de Hans Zimmer não é tão inspirada quanto a do anterior, ao menos ele volta a trazer temas empolgantes e grandiosos, reaproveitando alguns dos temas do filme anterior para conferir unidade aos dois filmes, enquanto o design de som volta a impressionar com a sua força e potência, nos levando para dentro do filme e nos fazendo sentir o peso do universo grandioso do filme, de cada efeito sonoro, de cada sequência de ação, que é impossível não sentir o som do filme na pele. E se possível, veja o filme em uma sala IMAX para uma experiência extremamente imersiva, além de ser a maneira definitiva de assistir ao filme, já que foi inteiramente rodado com câmeras IMAX digitais certificadas, e somente nas salas IMAX o filme tem quase 30% a mais de imagem que nas salas convencionais, potencializando também o som espetacular e potente.
Contando ainda com atuações muito boas (Timothée Chalamet demonstra uma segurança ainda maior como Paul Atreides, comprovando também o crescimento do personagem ao longo do filme, Zendaya ganha mais tempo de tela e transforma Chani em uma figura interessante e com personalidade, Rebecca Ferguson surge mais ambígua e instigante como Jessica, Austin Butler quase desaparece sob a maquiagem e cria uma figura psicótica e ainda mais sombria que seu tio, Christopher Walken acaba sendo ligeiramente desperdiçado, mas é eficaz em criar uma figura imponente e Javier Bardem explora mais ainda o seu tempo de tela ao criar uma figura devota às suas crenças) e finalizando com mais um gancho para uma continuação (o que de certa forma, é ligeiramente decepcionante, já que o anterior, embora termine no meio do livro, dava a sensação de uma conclusão), se continuar assim, a franquia Duna certamente marcará o Cinema como um dos grandes marcos da ficção científica, assim como o seu livro influencia o gênero até hoje.
Nota: 10!!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Max

Continuação de Duna.
Baseado no Livro de Frank Herbert.

Gênero: Aventura/Ficção Científica
Duração: 166 Minutos
Classificação Indicativa: 14 Anos (Violência)
Distribuição: Warner Bros.
Direção: Denis Villeneuve
Elenco: Timothée Chalamet, Zendaya, Rebecca Ferguson, Josh Brolin, Austin Butler, Florence Pugh, Dave Bautista, Christopher Walken, Léa Seydoux, Souheila Yacoub, Stellan Skarsgård, Charlotte Rampling e Javier Bardem

Ruby Marinho – Monstro Adolescente

RubyMarinhoMonstroAdolescente

Ruby Marinho – Monstro Adolescente é previsível e similar a Red – Crescer é Uma Fera, mas é uma animação divertida e que tem sua personalidade.
Trazendo a protagonista Ruby Marinho descobrindo seus poderes até então desconhecidos de Kraken, Ruby Marinho – Monstro Adolescente se inspira bastante em Red – Crescer é Uma Fera ao ancorar sua história em uma protagonista adolescente lidando com novas descobertas onde é claro, a descoberta dos seus poderes surgem como metáfora eficaz para a puberdade e a adolescência. E mesmo com uma inspiração clara, é notável que o filme se mostra bem mais contido que a produção da Pixar, evitando o histrionismo daquela em favor de algo mais direto e objetivo, e se inicialmente, o filme parece se esforçar para nos convencer de que Krakens precisam se disfarçar sabe-se lá o motivo (e bem, dizer, que eles são do Canadá não faz lá muito sentido no Brasil), aos poucos, o filme se desenrola muito bem e encontra a sua personalidade em função da ótima qualidade visual da animação e dos bons personagens, onde o roteiro encontra uma maneira mais fácil de nos aproximar dos personagens (e a sequência que a protagonista está desesperada em sua forma monstruosa, até que a mãe dela senta em sua mão e diz que vai ficar tudo bem é bela e muito tocante). Ainda assim, a previsibilidade da história acaba nos levando a adivinhar certa reviravolta, e o filme acaba demorando em nos alcançar (e não fica exatamente claro o motivo da guerra entre Krakens e sereias), além disso, o filme usa músicas de maneira intrusiva demais para acompanhar algumas sequências (e o grande confronto final é prejudicado por isso), prejudicando ainda mais a trilha sonora instrumental que acaba sendo pouco notada, e a piadinha de catastrofismo acaba irritando pela repetição.
De toda forma, o filme se mostra sempre divertido e envolvente, com clichês e a manjada mensagem de autoaceitação usados de forma bem realizada e se revelando uma boa diversão, e ainda conta com uma ótima dublagem (Lana Condor faz um ótimo trabalho, Toni Collette é impecável ao traduzir o carinho pela filha, mas também nos faz sentir a humanidade por trás da personagem e a compreensão pelo que a filha está passando, Annie Murphy traz um ar deliciosamente cruel para a sereia e Jane Fonda confere imensa elegância e imponência à sua personagem), um belíssimo design de produção (que encanta com a variedade dos seus cenários, especialmente os ambientados debaixo d’água que se tornam visualmente fascinantes, como o Poço dos Mares – cujo ponto interno adota um design abstrato – ou o castelo aquático dos Krakens, que encanta com o seu padrão que remete aos tentáculos, e vale destacar o design da sereia, que numa divertida subversão a transforma em uma figura vilanesca, e o design dela em sua forma maligna é assustador e realmente demoníaco), uma bela fotografia, ótimos efeitos sonoros, enfim, é um ótimo filme.
Nota: 9!!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Amazon Prime Video

Gênero: Animação/Aventura
Duração: 91 Minutos
Classificação Indicativa: Livre
Distribuição: Universal Pictures
Direção: Kirk DeMicco e Faryn Pearl
Elenco de Vozes (Versão Original): Lana Condor, Toni Collette, Annie Murphy, Colman Domingo, Will Forte, Sam Richardson, Blue Chapman e Jane Fonda

Napoleão

Napoleão impressiona em seus aspectos técnicos, mas é frágil e excessivamente condensado em seu relato histórico.
Narrando a história da ascensão de Napoleão Bonaparte dentro do contexto da França e do seu relacionamento com Josefina, Napoleão surge relativamente envolvente na história que conta e no interesse que ela causa no espectador, tornando as quase três horas de duração interessantes de assistir. No entanto, o roteiro surge excessivamente condensado e repete os mesmíssimos problemas que vemos acontecer em cinebiografias, onde frequentemente salta entre diversos eventos importantes da vida do biografado com imensa rapidez e sem dar o devido tempo, e que nos surpreendem quando elas acontecem ou são informadas em tela através de passagens de tempo. E no caso de Napoleão são eventos históricos importantes que acabam não tendo um devido contexto que nos leve a compreender a trajetória do próprio Napoleão e da França, o que acaba nos afastando emocionalmente e intelectualmente do filme. E o que dizer dos personagens que entram e saem do filme, sem mais nem menos (como os filhos de Josefina) ou que simplesmente mudam de personalidade a cada cena (o relacionamento entre Napoleão e Josefina é um exemplo)?
Problemas narrativos e históricos à parte, Napoleão compensa seus problemas com um trabalho técnico arrasador. Sim, é um dever (melhor, obrigação) que filmes históricos e de época sejam bem realizados, mas aqui é outro nível (é o que podemos esperar de uma produção do Ridley Scott): Podemos até estar narrativamente distantes, mas ao menos o esmero técnico da produção nos mergulha nos diversos períodos retratados em tela. O design de produção impressiona com a recriação de época, trazendo cenários espetaculares e grandiosos como os diversos palácios e campos de batalha (e que o diretor Ridley Scott filma em planos abertos espetaculares que nos faz perceber a dimensão dos cenários), enquanto os figurinos surgem belíssimos, impecáveis e fiéis aos períodos retratados, se destacando também em seus detalhes e na variedade vista em tela, onde complementa-se também ao ótimo trabalho de maquiagem. Além disso, as sequências de batalha surgem espetaculares e grandiosas, impressionando em suas belas imagens, mas também impactante na violência, se destacando a sequência do lago congelado que retrata bem as estratégias de batalha.
Contando ainda com ótimas atuações (Joaquin Phoenix é excelente e sempre interessante, como de hábito, buscando converter o Napoleão em um sujeito ambicioso e por vezes, patético, mas ligeiramente doce com sua amada e Vanessa Kirby está muito bem, mesmo que prejudicada pelo roteiro), uma excelente fotografia (que traz planos espetaculares que realçam a grandeza das batalhas, mas que aposta em uma paleta de cores fria e melancólica), uma boa montagem (que oscila em ritmo em alguns momentos, e o impacto da batalha final é diluído ao se estender demais), uma trilha sonora correta, um design de som muito bom (que se destaca nos efeitos sonoros das sequências de batalha), excelentes efeitos especiais (que surgem de forma sutil e orgânica ao longo do filme, complementando a ação e os cenários), enfim, é um bom filme.
Nota: 8,5!!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Apple TV+

Inspirado em Fatos Reais.
3 Indicações ao Oscar 2024 nas categorias de Melhor Design de Produção, Melhor Figurino e Melhores Efeitos Especiais.

Gênero: Drama
Duração: 158 Minutos
Classificação Indicativa: 16 Anos (Violência Extrema, Conteúdo Sexual e Drogas Lícitas)
Distribuição: Apple/Sony Pictures
Direção: Ridley Scott
Elenco: Joaquin Phoenix, Vanessa Kirby, Tahar Rahim e Rupert Everett

Golda – A Mulher De Uma Nação

GoldaAMulherDeUmaNacao

Golda – A Mulher De Uma Nação é eficaz como relato histórico, mas desinteressante em sua execução.
Ancorando sua história na então primeira-ministra de Israel Golda Meir e as várias decisões dramáticas durante a Guerra de Yom Kippur, Golda – A Mulher De Uma Nação busca criar uma narrativa de urgência através da montagem nervosa e com cortes rápidos que ressaltam a tensão e o temor de uma guerra iminente, porém, conforme o filme se desenrola, mais repetitivo ele vai ficando, já que o filme constantemente salta entre reuniões, salas de escuta, exames da Golda Meir e outros que ela se mostra mais vulnerável ou que o roteiro busca humanizá-la, tornando o filme visualmente e narrativamente entediante, e o fato de que as reuniões se tornam confusas com o excesso de nomes e estratégias torna a narrativa ainda mais cansativa (que não se dá ao trabalho de explicar melhor o contexto histórico). Claro, há momentos ocasionais que o filme surpreende o espectador (como o momento que a Golda Meir do Cinema assiste a um vídeo da verdadeira Golda Meir, a impactante sequência que vemos à distância uma sequência de bombardeios, a sequência inicial que resume o contexto histórico de forma excessivamente simplória e as duas sequências que remetem a um pesadelo – uma envolvendo um longo plano com diversas ligações atordoantes e outra que a fumaça do cigarro se converte em um bombardeio -), mas estes são poucos ao longo do filme. E mesmo não seguindo o padrão dos filmes históricos com mais de duas horas de duração, este acaba dando a sensação de ter a duração que não tem.
Felizmente, o filme é interessante em seus aspectos técnicos, e mesmo visualmente limitado pelo próprio filme, o design de produção e a fotografia extraem o melhor de suas ambientações, enquanto os figurinos são eficazes. Já a trilha sonora é eficaz, por vezes exagerando em alguns temas dissonantes, mas em outros momentos tive a impressão que a compositora Dascha Dauenhauer estava se inspirando nas trilhas de Munique (com a típica orquestração do mestre John Williams) e Desejo e Reparação (como no momento que adota sons de máquina de escrever para ressaltar a tensão). Enquanto isso, o design de som se destaca nas sequências mais tensas e que envolve uma visão impactante de diversos bombardeios, e na mais interessante, a que acompanha um pesadelo de Golda Meir com diversas ligações e efeitos sonoros que nos ancoram no desespero alarmante da protagonista. Mas é a maquiagem do filme que realmente impressiona: Colocando Helen Mirren sob próteses e uma pesada maquiagem para ficar mais parecida com a primeira-ministra, o trabalho é tão impressionante que o diretor Guy Nattiv faz questão de logo na primeira cena que vemos Golda, nos forçar a tentar encontrar qualquer traço da atriz (e o fato é que não encontramos, ao menos fisicamente, e só sabemos que é Helen Mirren em função da sua voz inconfundível).
Trazendo mais uma ótima atuação de Helen Mirren, que busca tornar a Golda Meir em uma mulher decidida e segura de suas decisões, mas também vulnerável e que realmente se importa com todas aquelas vidas perdidas na guerra (Camille Cottin e Liev Schreiber também fazem um bom trabalho), enfim, é um filme irregular, embora competente.
Nota: 7!!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Amazon Prime Video

Baseado em Fatos Reais.
Indicado ao Oscar 2024 de Melhor Maquiagem e Penteado.

Gênero: Drama
Duração: 100 Minutos
Classificação Indicativa: 14 Anos (Violência, Drogas Lícitas e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Diamond Films
Direção: Guy Nattiv
Elenco: Helen Mirren, Camille Cottin e Liev Schreiber

Casamento Grego 3

Casamento Grego 3 tem pequenos problemas, mas nada que tire o brilho de uma comédia divertidíssima e digna dos ótimos anteriores.
Trazendo Toula e sua família indo conhecer a Grécia e também cumprir uma promessa para o seu pai, Casamento Grego 3 surge mais como uma desculpa para reunir todos os personagens de volta (tanto que para justificar o título, um casamento inesperado acontece), e felizmente acaba valendo a pena já que o filme mostra-se divertido do início ao fim, e a calorosa família Portokalos continua uma graça de assistir com suas divertidas tradições gregas. E a diretora/roteirista/protagonista Nia Vardalos, como criadora da agora trilogia, fica nítido o carinho dela por aqueles personagens, e ela se esforça ao máximo para dar o devido espaço para todos os personagens daquela família (chegando até mesmo a diluir seu protagonismo), o que por vezes torna a narrativa atropelada em seus diversos personagens. Felizmente, as tiradas continuam hilárias e há algumas passagens que realmente divertem graças ao jeito exagerado da família Portokalos (que traz traços típicos dos nossos mais queridos familiares). Além disso, a forma com que os personagens buscam celebrar suas tradições familiares (e também, as tradições seculares de uma pequena vila) é retratada com tanto carinho que acaba nos aproximando daquilo tudo.
No entanto, apesar de trazer um ritmo perfeito e que flui bem, a montagem surge por vezes desconjuntada, onde traz planos e contraplanos que parecem deslocados e indicam que a cena foi regravada ou costurada para o enquadramento (como se a diretora estivesse focada no plano aberto que quando passa para outro mais fechado parece diferir ligeiramente do plano anterior, ou mesmo enquadrando através da montagem os personagens com base na sua importância para a cena), além disso, a passagem do tempo acaba parecendo confusa, já que os personagens parecem ficar dias (ou semanas) por lá (e isso fica claro quando a prima Nikki consegue atravessar o continente rapidamente em busca de algo), e até mesmo a decisão de colocar um galo cantando para indicar a passagem do dia acaba diluindo pela repetição, o que comprova que Nia Vardalos se sai muito melhor como roteirista (é o seu segundo trabalho na direção depois do ótimo Eu Odeio o Dia Dos Namorados em 2009). Além disso, o roteiro também exagera na quantidade de vezes em que as situações ocorrem onde os personagens resolvem fazer alguma coisa de imediato (como quando Toula e Ian decidem passar um dia sozinhos), e até mesmo a realização da promessa de Toula acaba não atingindo o efeito dramático esperado, e acaba soando anticlimático (ainda mais tendo em vista a importância dada a essa promessa).
Ainda assim, esses problemas levam a tornar este terceiro filme como o menos bom de uma trilogia extremamente agradável e gostosa de assistir, e este aqui ainda conta com ótimas atuações (Nia Vardalos continua a trazer o mesmo carisma que a torna sempre divertida de assistir, e se John Corbett pouco pode fazer, ao menos Andrea Martin volta a roubar a cena como a divertidíssima tia Voula), uma bela fotografia (que traz uma beleza de tirar o fôlego às belas paisagens gregas vistas no filme, além de trazer uma atmosfera sempre agradável ao filme), um belíssimo design de produção (que se destaca nas fantásticas e impressionantes locações encontradas para o filme, e que nos faz desejar conhecer a Grécia), enfim, é um ótimo filme.
Nota: 9!!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Amazon Prime Video

Continuação de Casamento Grego e Casamento Grego 2.

Gênero: Comédia
Duração: 92 Minutos
Classificação Indicativa: 12 Anos (Conteúdo Sexual e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Cinecolor Films/Universal Pictures
Direção: Nia Vardalos
Elenco: Nia Vardalos, John Corbett, Louis Mandylor, Elena Kampouris, Gia Carides, Joey Fatone, Melina Kotselou, Elias Kacavas, Lainie Kazan e Andrea Martin

Dinheiro Fácil

DinheiroFacil

Dinheiro Fácil é um filme divertido em sua abordagem e que prende a atenção com sua fascinante história real.
Trazendo a história real de uma ação coordenada de usuários que apostaram na loja GameStop – que estava quase à beira da falência – e que abalou o mercado financeiro, Dinheiro Fácil surge como mais um filme que mergulha no universo do mercado financeiro, desta vez ganhando força ao trazer personagens de fácil identificação (leia-se: pessoas comuns), onde foge de personagens ricos e evita também a linguagem influente que Adam McKay criou para seus filmes (e que tem aparecido em outros tantos), e o roteiro acerta ao não didatizar para o espectador a linguagem do mercado financeiro, o que ajuda o filme a não parar sua história para explicar aos leigos (ao qual faço parte). Melhor ainda é que o roteiro consegue criar uma narrativa cheia de personagens, e que embora tenha o protagonismo maior de Keith, dividem o protagonismo geral da história ao trazer um contexto de conexão entre estes personagens, e que a excelente montagem ressalta ao criar conexões ocasionais entre todos os personagens, seja através de uma música que é ouvida por todos os personagens ou um plano que é complementado pelo seguinte (e a montagem também acerta ao criar um ritmo perfeito e que lida bem com os diversos núcleos narrativos).
Se esforçando ocasionalmente para ser que nem o excepcional A Rede Social, especialmente na abordagem de suas informações e nos relatos de sua história (chegando a herdar daquele filme o premiado montador Kirk Baxter, uma trilha sonora que ocasionalmente lembra a daquele filme, um livro do mesmo autor que inspirou aquele filme, e é no mínimo curioso que os irmãos Winklevoss produzam esse filme), Dinheiro Fácil se mostra uma obra sempre envolvente, mais ainda, ao trazer os ricos tentando sabotar a maneira com que os demais personagens ganharam as ações na Bolsa é certeiro em seu discurso da riqueza desmedida e da arrogância dos colarinhos brancos – e do Mercado – em julgar sempre estarem acima de todos nós.
Contando ainda com ótimas atuações e direção (onde a direção se aproveita da escalação certeira do elenco para facilitar nossa identificação quase imediata com os personagens, e o elenco cria ótimos personagens e acertam em suas abordagens com os personagens, onde Paul Dano acerta ao conferir uma jovialidade e uma sutil rebeldia ao personagem que acaba nos fazendo simpatizar com seu personagem, Vincent D’Onofrio está corretamente antipático e Seth Rogen está bastante eficaz em outra atuação dramática), uma fotografia correta (e eficaz em sua abordagem sóbria), enfim, é um filme muito bom.
Nota: 9!!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Max

Baseado em uma História Real.
Baseado no Livro de Ben Mezrich.

Gênero: Comédia Dramática
Duração: 105 Minutos
Classificação Indicativa: 16 Anos (Atos Criminosos, Drogas e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Sony Pictures
Direção: Craig Gillespie
Elenco: Paul Dano, Pete Davidson, Vincent D’Onofrio, America Ferrera, Nick Offerman, Anthony Ramos, Sebastian Stan, Shailene Woodley, Myha’la, Talia Ryder e Seth Rogen

Sisu – Uma História De Determinação

SisuUmaHistoriaDeDeterminacao

Lançado nos Cinemas nos EUA. Lançado Diretamente em Plataformas Digitais no Brasil. Sisu – Uma História De Determinação é puro estilo e nenhuma substância, e ainda se revela um filme divertidíssimo e empolgante.
Trazendo um homem que tem seu ouro roubado por nazistas e tenta recuperar o ouro e ainda se vingar dos mesmos, Sisu – Uma História De Determinação acerta por ser objetivo e incrivelmente enxuto, indo direto ao ponto em sua história (algo que também aconteceu no filme anterior do diretor Jalmari Helander, o ótimo Caçada Ao Presidente). E melhor é que o filme não se leva nem um pouco a sério, e ao adotar uma abordagem estilizada e com uma violência cartunesca e absurda, o filme se torna super divertido, nos levando a rir do absurdo de tudo o que acontece, e claro, ao trazer nazistas caricaturais morrendo, acaba ficando fácil para o espectador gostar daquilo tudo, sem se sentir culpado com o choque da violência (tanto que só há um único momento que realmente sentimos o impacto da violência com uma morte particularmente triste). No entanto, o estilo demais sob a narrativa acaba impedindo uma maior aproximação emocional do protagonista. Isso pode não ser um problema, já que o filme surge como um cruzamento entre os excelentes Anônimo e John Wick, e com isso, o protagonista se mostra incrivelmente indestrutível (em alguns momentos até demais, mesmo se levarmos em conta ser um filme de ação, isso sem contar o exagero das conveniências como personagens que surgem rapidamente de um lugar a outro, mesmo estando a uma distância muito longa), e conforme percebemos as suas incríveis habilidades, mais o filme se torna divertido, e neste aspecto, o clímax do filme faz jus à palavra e se revela o ponto alto do filme, já que além de empolgante, é incrivelmente espetacular e absurdo na ação retratada. Aliás, as sequências de ação surgem divertidíssimas e conseguem empolgar bastante, merecendo destaque pela coreografia brutal e absurda.
Contando ainda com boas atuações (Jorma Tommila se sai bem em sua atuação física não só pelas habilidades do seu personagem, mas também ao evocar sentimentos pelos seus olhos, conseguindo criar um personagem com uma determinação inabalável), uma bela fotografia (que traz uma paleta estilizada e plasticamente bela, e ainda concebe planos belíssimos, como aquele que o protagonista se encontra no fundo de um lago enquanto diversas bolhas flutuam ao seu redor ou aquele que rodado em um travelling circular, mostra o protagonista enquanto passam vários aviões no céu), um ótimo design de produção e maquiagem, uma eficiente trilha sonora, um design de som muito bom, efeitos especiais corretos, enfim, é um ótimo filme.
Nota: 9!!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Max

Gênero: Ação
Duração: 91 Minutos
Classificação Indicativa: 16 Anos (Violência Extrema e Nudez)
Distribuição: Sony Pictures
Direção: Jalmari Helander
Elenco: Jorma Tommila, Aksel Hennie, Jack Doolan, Mimosa Willamo e Onni Tommila

Hypnotic – Ameaça Invisível

HypnoticAmeacaInvisivel

Hypnotic – Ameaça Invisível tenta emular o cinema de Christopher Nolan, mas se revela um filme eficaz e divertido em suas reviravoltas.
Trazendo um policial traumatizado após o desaparecimento de sua filha, enfrentando um homem capaz de realizar truques mentais em suas vítimas, Hypnotic – Ameaça Invisível busca criar uma narrativa envolvente e instigante, e ao lidar com truques mentais ficamos sempre incertos com o que está acontecendo, e juntando com as reviravoltas por vezes absurdas, mas divertidas, tornam o filme sempre interessante e bacana.
Mas poucas vezes vi um filme que tenta emular o cinema de Christopher Nolan (especialmente A Origem e Tenet, e não duvido que Nolan faria miséria com esse roteiro), inclusive em sua trilha sonora (que é incrivelmente parecida com as parcerias de Hans Zimmer com Nolan, e para piorar, é bem fraquinha), e aqui o diretor Robert Rodriguez se diverte com as possibilidades e os absurdos do roteiro (que exige muita suspensão de descrença), e até o design de produção é certeiro ao adotar padrões em seus cenários que remetem a labirintos e o emaranhado da mente humana, e também no seu uso das cores, que apesar de não ser utilizado de maneira simbólica, é eficaz em seu visual estilizado (e gosto de como uma personagem utiliza roupas com padrões das peças de dominó, evidenciando o seu significado). E se o roteiro tem sua parcela de furos de lógica, especialmente ao lidar com personagens com intensa capacidade de hipnose a ponto de mudar a realidade (algo que me lembrou o ótimo Vidas Em Jogo que também possuía um jogo capaz de mudar totalmente a realidade), é mérito do seu diretor conseguir que uma premissa absurda se torne algo minimamente convincente, e melhor, o filme é enxuto e curto o suficiente para distrair e divertir, mesmo que não alcance a inventividade de sua proposta.
Contando ainda com boas atuações (Ben Affleck surge relativamente eficaz em sua atuação, embora ocasionalmente sua limitação como ator é visível e poucas vezes vi o ator tão no piloto automático como aqui, Alice Braga projeta bem a confiança e a inteligência de sua personagem, enquanto isso, o sempre subestimado William Fichtner parece se divertir com o seu vilão, que não faz feio a outra de suas atuações inspiradas, como a de Fúria Sobre Rodas), ótimos efeitos especiais (que são eficazes em sua artificialidade), enfim, é um bom filme.
Nota: 8,5!!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Amazon Prime Video

PS.: Há uma cena adicional durante os créditos finais.

Gênero: Suspense/Ficção Científica
Duração: 93 Minutos
Classificação Indicativa: 14 Anos (Violência)
Distribuição: Diamond Films
Direção: Robert Rodriguez
Elenco: Ben Affleck, Alice Braga, JD Pardo, Hala Finley, Dayo Okeniyi, Jeff Fahey, Jackie Earle Haley e William Fichtner

Guerra Entre Herdeiros

GuerraEntreHerdeiros

Guerra Entre Herdeiros é uma comédia surpreendente e bastante eficaz em seu humor sombrio e ácido.
Trazendo a história de duas irmãs que tentam conquistar sua tia com doença terminal para que consigam se tornar herdeiras, apenas para perceberem que seus primos também tiveram a mesma ideia, Guerra Entre Herdeiros parte de uma premissa divertida e até mesmo sombria para uma comédia, e felizmente, o filme se mostra bastante divertido, servindo como um ótimo e rápido entretenimento, onde o roteiro diverte ao ver toda uma família disputando a herança, fazendo de tudo para alcançar seus objetivos, sendo por vezes escusos e cruéis (e não duvido muito de que na vida real, muitas famílias façam de tudo para conseguir a herança polpuda de algum parente), e ajuda também a ótima caracterização do elenco nessa tarefa.
E é aí que se encontra a graça do filme e que o diretor/roteirista Dean Craig busca explorar ao máximo: Mestre em explorar o humor de constrangimento junto de um humor mais ácido e sombrio (ele escreveu o roteiro da excelente comédia Morte No Funeral e do pouco visto Depois Dos 30), o roteiro não nega a natureza humana de seus personagens, que moralmente apodrecidos, parecem saídos das comédias dos irmãos Coen em suas ações absurdas para alcançarem seus objetivos, e mesmo aqueles que mais se aproximam do espectador como bússola moral (como Macey, interpretada por Toni Collette) são levados a tomar decisões na base no desespero (embora o roteiro tenda a nos levar a torcer pelas protagonistas já que elas têm um motivo justo para conseguir o dinheiro, enquanto os demais querem favorecer a si próprios). Aliás, o diretor é inteligente em manter uma certa distância daqueles personagens para que possamos rir deles, e não com eles (algo que escapou totalmente a Emerald Fennell no horroroso Saltburn), o que alivia a nossa culpa de rirmos quando um personagem sutilmente parece inclinado em matar a tia apenas ao aumentar a dose do remédio. E o terceiro ato do filme comprova sua eficácia nesse aspecto ao nos fazer sentir pena de todos os personagens que tentam a herança, já que em sua tentativa de alcançar a riqueza, acabam destruindo a própria humanidade apenas pela ambição de conseguir alguns trocados, o que acaba tornando o filme uma inesperada reflexão da natureza humana.
Contando ainda com ótimas atuações (Toni Collette está excelente e a atriz é perfeita em nos compadecer com ela, já que é a hesitação dela diante de algumas atitudes que ela vai tomar, e que sabe que não terá como fugir daquilo que nos leva a encará-la como uma figura mais digna diante dos demais, e a atriz também é inteligente ao escancarar a própria hipocrisia da personagem, Anna Faris é divertida, como de hábito, David Duchovny diverte como um tipo cafajeste, algo que o ator já é mais do que acostumado em fazer, Rosemarie DeWitt devora sua personagem com uma ambição desmedida, e até mesmo seu sorriso cínico diverte, Ron Livingston confere humanidade a um personagem trágico e Kathleen Turner é ótima como a tia chatona, mas divertida), enfim, é um ótimo filme.
Nota: 9!!!
Status do Filme: Disponível em Plataformas Digitais e no Amazon Prime Video

Gênero: Comédia
Duração: 96 Minutos
Classificação Indicativa: 16 Anos (Violência, Drogas e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Diamond Films
Direção: Dean Craig
Elenco: Toni Collette, Anna Faris, David Duchovny, Rosemarie DeWitt, Ron Livingston, Keyla Monterroso Mejia e Kathleen Turner