Lançado Diretamente no Netflix no Brasil e nos EUA. Um dos Melhores Filmes de Drama do Ano. O Tigre Branco é um filme magnético e envolvente, e ainda tem uma excelente atuação central do Adarsh Gourav.
Narrando a história de um motorista indiano tentando alcançar o sucesso, O Tigre Branco tem uma história que consegue prender a atenção desde o início, e um dos fatores para o seu sucesso é sua imprevisibilidade, pois não conseguimos adivinhar o que pode acontecer, remetendo de certa forma ao excepcional Parasita nos temas que aborda e mesmo que não traga a estrutura impecável daquele filme, ainda assim, reserva boas surpresas em sua narrativa. Aliás, é em seu desenvolvimento que o filme se sai muito bem: A primeira metade (que engloba o primeiro e grande parte do segundo ato) é desenvolvida de forma relativamente leve, até que sua história passa a mergulhar em aspectos sombrios que nos leva a questionar até que ponto vai a servidão do protagonista ao seu chefe (onde o filme também passa a ficar mais tenso), embora a narração em off do protagonista exija uma boa vontade em nos fazer acreditar que ele narrou o filme todo em um e-mail para um embaixador (que provavelmente não lerá o longo e-mail).
No entanto, o filme não tem concessões e o retrato da Índia e do cotidiano do personagem é visto aqui de forma bem realista e palpável, fugindo completamente da abordagem visual sempre amarelada que grande parte dos filmes adotam para retratar a Índia e outros países, nos levando a compreender o mundo do protagonista, embora nem sempre concordemos com suas atitudes (apesar do meio levá-lo a tomar essas atitudes). E o arco narrativo do protagonista é excelente em como vai de uma figura simpática, mas com uma perigosa ambição, e o roteiro é inteligente em plantar pistas da sua ambição desde o início, e um grande mérito do ator Adarsh Gourav é nos fazer simpatizar com seu personagem – e gostar dele -, nos levando a perdoar alguns de seus atos, para aí mergulhar o protagonista em uma jornada que pouco a pouco vai nos distanciando da figura que simpatizávamos, e ainda assim, o filme também é inteligente ao nos levar a questionar a ambição do protagonista e o desfecho que ele tem (algo que o próprio filme nos leva a questionar nossa posição moral no seu último plano). E por mais que seja o sonho de muitos, chegar ao topo pode ser maravilhoso e sonhamos em chegar nele, mas a que custo? No final das contas, a famosa frase do filósofo Paulo Freire nunca esteve correta, a de que “o sonho do oprimido é se tornar o opressor“.
Contando ainda com ótimas atuações (se Adarsh Gourav se destaca totalmente em sua atuação, o elenco coadjuvante também se sai muito bem ao criar seus personagens), uma boa direção, uma ótima montagem (que confere um ótimo ritmo ao filme), uma eficiente trilha sonora, um ótimo design de som (eficaz ao criar o caos sonoro da Índia), uma fotografia excelente (e que em conjunto com o design de produção, foge do visual cosmética da fome muito popularizado por Quem Quer Ser Um Milionário? e adota uma estética mais realista e que reflete bem o olhar do protagonista para aquele mundo, onde ressalta maravilhosamente bem as diferenças entre as diversas cidades da Índia, indo da miséria absoluta à beleza das metrópoles e do absoluto glamour dos belos apartamentos onde os ricos vivem, mas sem jamais esquecer da realidade dura do país), enfim, é um filme muito bom. Altamente Recomendado. Baseado no Livro de Aravind Adiga. Indicado ao Oscar 2021 de Melhor Roteiro Adaptado. No Elenco do Filme está: Adarsh Gourav, Rajkummar Rao (HIT: O Primeiro Caso e Badhaai Do: Casamento Por Conveniência) e Priyanka Chopra Jonas (O Amor Mandou Mensagem e Matrix Resurrections). Produzido por: Ava DuVernay (dirigiu Uma Dobra No Tempo e A 13ª Emenda). E na Direção está: Ramin Bahrani (Fahrenheit 451 – 2018 e 99 Casas).
Nota: 9!!!!
Status do Filme: Disponível no Netflix
Gênero: Drama
Duração: 126 Minutos [2h06]
Classificação Indicativa: 18 Anos
Inadequações: Violência Extrema, Conteúdo Sexual e Drogas