Quem Fizer Ganha

Quem Fizer Ganha segue bem as bases dos filmes esportivos de superação, ainda assim, é um filme que envolve e diverte.
Narrando a história de um treinador que acaba sendo forçado a treinar o time da Samoa Americana (que sofreu a maior derrota em uma partida de futebol, perdendo de 31 a 0), Quem Fizer Ganha tem um primeiro ato relativamente irregular, já que os tons de comédia e drama parecem não se encontrar na narrativa. Felizmente, conforme o filme se desenrola e os personagens ganham contornos que os humanizam, melhor ele vai ficando, onde percebe-se que o roteiro está tentando usar o estilo cômico do diretor/roteirista Taika Waititi enquanto se adequa à velha história dos azarões que tentarão dar a volta por cima (e como já é fato, nós espectadores sempre tendemos a racionalmente torcer para aqueles que demonstram maior vulnerabilidade).
Além disso, o roteiro acerta ao retratar os habitantes da Samoa Americana com bom humor e sensibilidade em relação à cultura deles (embora acabe não se preocupando muito em ir além do básico) e o fato de trazer não só o time, mas o próprio treinador como um azarão também ajuda a aumentar a nossa torcida por todos, nos envolvendo ainda mais na história, que claro, não se furta em trazer os velhos clichês dos filmes esportivos, onde além do próprio time azarão (que ainda traz uma interessantíssima personagem transgênero como jogadora), tem também a sequência de treinamento (aqui embalada pela maravilhosa Everybody Wants To Rule The World), os discursos motivacionais e até a rivalidade com outro time na partida clímax (que o roteiro praticamente investe na sátira e na caricatura ao apostar no exagero dos jogadores para criar medo ao sibilar como cobras para o time da Samoa Americana, onde até seu líder, com linhas de expressão na testa que quase o converte em uma figura demoníaca), tudo num bom ritmo, e para quem como eu, não suporta futebol e não conhecia a história real, acaba se tornando bacana, mesmo sendo notável o esquematismo da narrativa em alguns momentos para mover a história adiante (e o roteiro exagera ao trazer pelo menos duas passagens em que o treinador desiste do time, apenas para mudar de ideia). E não há como negar a eficácia da partida clímax, que funciona ao criar um divertido suspense ao fazer um personagem contar como foi a partida para alguém que não conseguiu vê-la.
Trazendo piadas que ora funcionam pelo inesperado (como o rápido momento que percebemos um figurante esfaqueado ou quando o treinador usa parte do memorável discurso de Liam Neeson em Busca Implacável ao chegar no país) ora soam bobinhas demais (como a da catadora de latinhas), Quem Fizer Ganha acaba contagiando pela boa diversão, e claro, por funcionar muito bem como filme feel good que é, onde ainda conta com ótimas atuações (Michael Fassbender surge intenso e seu crescimento ao longo do filme é convincente o bastante para funcionar – só não dá pra perdoar a ridícula barba falsa que o personagem usa no início do filme -, Kaimana está muito bem e Oscar Kightley convence como alguém disposto a fazer o time vencer), uma boa fotografia (que aproveita os belíssimos cenários do filme, e adota uma paleta colorida), enfim, é um ótimo filme.
Nota: 9!!!
Status do Filme: Disponível no Star+

PS.: Há uma cena adicional depois dos créditos finais.

Inspirado em Fatos Reais.
Baseado no Documentário Next Goal Wins de 2014.

Gênero: Comédia Dramática
Duração: 104 Minutos
Classificação Indicativa: 12 Anos (Violência, Drogas Lícitas e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Disney
Direção: Taika Waititi
Elenco: Michael Fassbender, Oscar Kightley, Kaimana, David Fane, Rachel House, Beulah Koale, Will Arnett e Elisabeth Moss

Oscar 2024

Oscar2024

Ontem [10/03/2023], o Oscar 2024 foi exibido pelo canal pago TNT e também pelo streaming do Max a partir das 19h com cobertura especial de aquecimento à premiação e às 20h a cerimônia inteira. A cerimônia teve como anfitrião o apresentador Jimmy Kimmel.
Confira a Lista de Indicados e Vencedores abaixo:

OBS.: Os Vencedores estão marcados em Negrito.

Melhor Filme:
Anatomia De Uma Queda
Assassinos Da Lua Das Flores
Barbie
Ficção Americana
Maestro
Oppenheimer
Os Rejeitados
Pobres Criaturas
Vidas Passadas
Zona De Interesse

Melhor Direção:
Jonathan Glazer – Zona De Interesse
Yorgos Lanthimos – Pobres Criaturas
Christopher Nolan – Oppenheimer
Martin Scorsese – Assassinos Da Lua Das Flores
Justine Triet – Anatomia De Uma Queda

Melhor Ator:
Bradley Cooper – Maestro
Colman Domingo – Rustin
Paul Giamatti – Os Rejeitados
Cillian Murphy – Oppenheimer
Jeffrey Wright – Ficção Americana

Melhor Atriz:
Annette Bening – Nyad
Lily Gladstone – Assassinos Da Lua Das Flores
Sandra Hüller – Anatomia De Uma Queda
Carey Mulligan – Maestro
Emma Stone – Pobres Criaturas

Melhor Ator Coadjuvante:
Sterling K. Brown – Ficção Americana
Robert De Niro – Assassinos Da Lua Das Flores
Robert Downey Jr. – Oppenheimer
Ryan Gosling – Barbie
Mark Ruffalo – Pobres Criaturas

Melhor Atriz Coadjuvante:
Emily Blunt – Oppenheimer
Danielle Brooks – A Cor Púrpura
America Ferrera – Barbie
Jodie Foster – Nyad
Da’Vine Joy Randolph – Os Rejeitados

Melhor Filme Internacional:
A Sala Dos Professores
A Sociedade Da Neve
Dias Perfeitos
Eu, Capitão
Zona De Interesse

Melhor Filme de Animação:
Elementos
Homem-Aranha: Através Do AranhaVerso
Meu Amigo Robô
Nimona
O Menino e a Garça

Melhor Roteiro Original:
Anatomia De Uma Queda
Maestro
Os Rejeitados
Segredos De Um Escândalo
Vidas Passadas

Melhor Roteiro Adaptado:
Barbie
Ficção Americana
Oppenheimer
Pobres Criaturas
Zona De Interesse

Melhor Fotografia:
Assassinos Da Lua Das Flores
Maestro
O Conde
Oppenheimer
Pobres Criaturas

Melhor Design De Produção:
Assassinos Da Lua Das Flores
Barbie
Napoleão
Oppenheimer
Pobres Criaturas

Melhor Figurino:
Assassinos Da Lua Das Flores
Barbie
Napoleão
Oppenheimer
Pobres Criaturas

Melhor Documentário em Longa-Metragem:
20 Dias Em Mariupol
A Memória Infinita
As 4 Filhas De Olfa
Bobi Wine: O Presidente Do Povo
Matar Um Tigre

Melhor Documentário em Curta-Metragem:
A Última Loja De Reparações
Island In Between
Nai Nai & Wài Pó
O ABC Da Proibição De Livros
The Barber Of Little Rock

Melhor Montagem:
Anatomia De Uma Queda
Assassinos Da Lua Das Flores
Oppenheimer
Os Rejeitados
Pobres Criaturas

Melhor Maquiagem e Penteado:
A Sociedade Da Neve
Golda – A Mulher De Uma Nação
Maestro
Oppenheimer
Pobres Criaturas

Melhor Trilha Sonora Original:
Assassinos Da Lua Das Flores
Ficção Americana
Indiana Jones e a Relíquia Do Destino
Oppenheimer
Pobres Criaturas

Melhor Canção Original:
It Never Went Away – Jon Batiste: American Symphony
Wahzhazhe (A Song For My People) – Assassinos Da Lua Das Flores
I’m Just Ken – Barbie
What Was I Made For? – Barbie
The Fire Inside – Flamin’ Hot: O Sabor Que Mudou a História

Melhor Curta-Metragem:
A Incrível História De Henry Sugar
E Depois?
Invincible
Red, White And Blue
Ridder Lykke

Melhor Curta-Metragem de Animação:
Carta a Um Porco
Ninety-Five Senses
Our Uniform
Paquiderme
War Is Over! Inspired By The Music Of John And Yoko

Melhor Som:
Maestro
Missão: Impossível – Acerto De Contas: Parte Um
Oppenheimer
Resistência
Zona De Interesse

Melhores Efeitos Especiais:
Godzilla Minus One
Guardiões Da Galáxia Volume 3
Missão: Impossível – Acerto De Contas: Parte Um
Napoleão
Resistência

Prêmio Honorário:
Angela Bassett, Mel Brooks e Carol Littleton

Prêmio Humanitário Jean Hersholt:
Michelle Satter

Grande Vencedor da Noite:
Oppenheimer
Vencedor de 7 Oscar 2024.

Melhores Filmes de 2023

MelhoresFilmesde2023

Ano vai e ano vem, sempre chega a lista de Melhores Filmes do Ano, e para quem acompanha o blog há anos, deve ter notado que parei de colocar “Um dos Melhores Filmes do Ano” acompanhado de “Um dos Melhores Filmes de Gênero tal do Ano” antes do início de cada texto, assim como uma descrição mais detalhada do elenco, produção e direção dos filmes, o que diminuiu parte do meu tempo de escrita e tornava a crítica menos gigante com toda aquela descrição. E assim como aconteceu nos últimos anos, continuei a assistir tanto aos novos títulos, assim como pude assistir a filmes que não tive a oportunidade de assistir, e rever outros que há muito desejava rever (você pode ver todos os filmes que vi em 2023 no meu Letterboxd). Curiosamente, escrevi a mesma quantidade de filmes que 2022, embora bem menos que em outros anos (sem contar os seriados, que este ano vi pouquíssimos). De toda forma, espero que 2024 seja um ótimo ano e que tenhamos ótimos filmes, além de poder descobrir outros.
Para montar essa lista, escolhi 5 filmes que no ano de 2023 me causaram algum impacto, que me empolgaram ou que provocaram alguma catarse ou reflexão. Claro, muitos dos que não entraram na lista também fizeram isso, mas esses aqui foram os que tiveram um impacto maior comigo. Sempre lembrando que o gosto de cada um é pessoal, por isso, é muito provável que muitos acabem não gostando dos filmes que considero os melhores de 2023, e por isso, fique à vontade para concordar e discordar nos comentários. No próprio título do filme, já deixarei um link direto para a crítica do filme em questão. Aí vão os 5 melhores filmes de 2023:

1 – John Wick 4: Baba Yaga
Não teve pra ninguém: O quarto filme do mítico John Wick conseguiu elevar o patamar do cinema de ação a outros níveis, e não houve filme algum do gênero que conseguiu superar em adrenalina, criatividade e o mais puro espetáculo visual o que foi visto aqui, que é o mais puro Cinema, onde trouxe também a sequência de ação – ou melhor, o momento – mais impressionante do ano (a sequência rodada em um longo plano plongée).

2 – Resistência
A ficção científica mais subestimada do ano mistura muito bem suas inspirações, mas tem personalidade própria e efeitos especiais impressionantes, além de ser um filme muito envolvente e emocionante.

3 – Guardiões Da Galáxia Volume 3
Talvez o melhor filme de super-herói do ano (em um ano difícil para o gênero nos cinemas), é também um encerramento perfeito e realmente emocionante para os adorados personagens da Marvel.

4 – Assassinos Da Lua Das Flores
O épico de Martin Scorsese se revela uma obra importante em seu relato histórico, mas também é um filme magnético que mal vemos sua duração passar, e nos faz questionar os limites da ambição humana.

5 – Os Fabelmans
A excelente cinebiografia do grande Steven Spielberg – e dirigida por ele mesmo – é outro de seus belos dramas, nos envolvendo e nos encantando com a história pessoal do cineasta e o carinho com que a retrata.

Menções Honrosas:
Aquaman 2: O Reino Perdido; Primeira Temporada de The Last Of Us; O Assassino; Missão: Impossível – Acerto De Contas: Parte Um; Homem-Aranha: Através Do AranhaVerso; The Flash; Pânico 6; A Mulher Rei; A Morte Do Demônio: A Ascensão; Batem à Porta; A Família Mitchell e a Revolta Das Máquinas; Indiana Jones e a Relíquia Do Destino; A Médium; A Noite Das Bruxas; Super Mario Bros. – O Filme; Que Horas Eu Te Pego?; Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan; Jogos Vorazes: A Cantiga Dos Pássaros e Das Serpentes; Nyad; Gran Turismo – De Jogador a Corredor; A Fuga Das Galinhas: A Ameaça Dos Nuggets; A Baleia; Órfã 2: A Origem; Tár; Halloween Ends; Fantasma e CIA; Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes; A Queda; Velozes e Furiosos 10; Não Olhe Para Cima; Sobrenatural: A Porta Vermelha; O Pacto; Barbie; Oppenheimer; Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe; Vermelho, Branco e Sangue Azul; O Exorcista Do Papa; Jogos Mortais 10; Creed 3; Sombras De Um Crime; Elementos; Jogo Justo; Fale Comigo.

Confiram também a lista com os filmes dos anos anteriores:
2015, 2016, 2017, 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022.

O Menu

OMenu

O Menu é uma refeição saborosa, divertidamente ácida e nervosa, mas igualmente satisfatória.
Trazendo um jovem casal viajando para uma ilha onde vão comer em um restaurante exclusivo, onde o chef preparará algumas surpresas para os convidados, O Menu busca criar uma narrativa tensa a partir do estranhamento constante (que compartilhamos com a personagem de Anya Taylor-Joy, que será o nosso guia dentro do filme), e também pela direção de Mark Mylod plantar a ideia de que algo está errado dentro daquele restaurante. E com isso, o filme consegue nos envolver e instigar com aquele restaurante chiquérrimo, divertindo também na forma com que satiriza a alta sociedade e os excessos da culinária gourmet, que cobram preços exorbitantes por pratos que não fazem jus ao valor pago (apesar de visualmente serem belíssimos, como no caso desse filme), e no processo, acaba remetendo ao ótimo Triângulo Da Tristeza, embora um pouco menos ácido e coeso em suas ideias. E a partir do momento que as refeições se tornam mais sombrias, por assim dizer, o filme se torna ainda mais tenso e imprevisível, onde uma nova refeição pode ganhar contornos surpreendentes. No entanto, depois de dois atos bastante eficazes, achei que o filme meio que se perde um pouco quando começa a dar respostas às perguntas que o espectador levanta, e mesmo com uma sequência sensacional que serve como clímax (quando Anya Taylor-Joy bate de frente para o chef e ainda pede um x-burguer) concluindo ainda em um anticlímax, que embora coerente com as ideias do filme, me pareceu deslocado das atitudes dos personagens.
Ainda assim, o filme funciona muito bem enquanto assistimos, e ainda conta com ótimas atuações (Ralph Fiennes é ótimo e confere uma expressão que oscila entre o desprezo, o orgulho e o perfeccionismo da sua arte, Anya Taylor-Joy se sai muitíssimo bem como a personagem que mais se aproxima de nós como espectadores, criando no processo uma mulher corajosa, determinada e esperta, e se Nicholas Hoult é eficaz como um personagem patético, Hong Chau projeta uma disciplina quase assustadora), um excelente design de produção (que se destaca no restaurante espetacular que vemos ao longo do filme, criando um visual belo e elegante, mas ameaçador), uma boa fotografia, uma trilha sonora eficiente, enfim, é um ótimo filme.
Nota: 9!!!!
Status do Filme: Disponível no Star+

Gênero: Suspense
Duração: 107 Minutos
Classificação Indicativa: 16 Anos (Violência Extrema, Drogas Lícitas e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Disney
Direção: Mark Mylod
Elenco: Ralph Fiennes, Anya Taylor-Joy, Nicholas Hoult, Hong Chau, Janet McTeer, Judith Light e John Leguizamo

Resistência

Resistencia

Dentro do cinema, a Inteligência Artificial vem sendo debatida conforme a sua constante evolução, e se por vezes são retratadas como criaturas malignas (como na franquia O Exterminador Do Futuro), em outros são utilizadas como máquinas de altíssima inteligência para discutir a humanidade dentro de si (como em Ex Machina – Instinto Artificial ou na franquia Blade Runner). E em um ano que foi o estopim para a greve dos roteiristas e atores em Hollywood, onde também tivemos dois filmes que traziam Inteligências Artificiais como vilãs, o tema volta à tona com este Resistência e é um filme tecnicamente espetacular, mas também uma ficção científica envolvente e muito emocionante.
Trazendo um homem sendo recrutado para localizar uma arma de Inteligência Artificial em meio a um cenário de uma iminente guerra entre humanos e inteligência artificial, Resistência se mostra um filme envolvente desde o início, e conforme sua história se desenrola, mais interessante ele fica. E se o roteiro não traz tantas novidades em relação à história, ele merece créditos por conseguir criar personagens muito interessantes e que nos leva a se importar com eles (e o início do filme consegue estabelecer um centro emocional importante que ganhará força ao longo do filme). E o fato do filme fazer questão de nos fazer sentir o impacto das perdas e retratar o quão desafiadora a missão se torna para o protagonista só ajuda a tornar o filme uma experiência sempre intensa (e que chega ao ápice em seu terceiro ato empolgante, mas também de forte impacto emocional). Além disso, o filme se apoia em uma construção de universo absolutamente fascinante que nos faz sentir e estar dentro do filme (e que quase rivaliza com o do fantástico Duna), e como boa ficção científica, o filme busca discutir seus temas de forma brilhantemente sutil, como ao discutir o conceito de Paraíso e principalmente, por trazer aspectos que remetem à Guerra do Vietnã (boa parte das lutas armadas no filme ocorre dentro de matas ou em vilas, enquanto grande parte da guerra ocorre na chamada Nova Ásia).
Vale destacar também a direção de Gareth Edwards, que mantém algumas características de seus filmes anteriores, onde traz a mesma atmosfera sóbria e urgente, mas carregada de emoções intensas de Rogue One: Uma História Star Wars, mas sem jamais esquecer dos personagens e do espetáculo que está criando com suas imagens. E que imagens! Pois Resistência é irrepreensível (e digno de prêmios) em seus aspectos técnicos: O design de produção busca conceber um universo que apesar de fictício, consegue soar realista e – até certo ponto – plausível com a integração entre humanos e robôs na sociedade (a nave Nomad se destaca com sua imensa escala), além de encantar com a beleza das locações e a grandiosidade dos cenários, enquanto a fotografia aposta em uma atmosfera sóbria, mas também grandiosa desejada pela direção, e foram vários os momentos que a força e a escala das imagens tornavam a experiência visualmente impressionante. Enquanto isso, o design de som é excepcional e consegue nos levar para dentro do filme, se destacando na qualidade dos efeitos sonoros e da mixagem de som perfeita e imersiva (e o uso de uma canção do Radiohead em um determinado momento do filme é fantástico), já os efeitos especiais são espetaculares e realmente impressionantes, onde além da integração impecável entre os rostos humanos e as partes robóticas, traz robôs com peso e veracidade que nunca deixam de convencer (mais ainda, nos faz acreditar se tratarem de robôs de verdade).
Revelando-se uma bela surpresa do gênero, o filme ainda conta com ótimas atuações (John David Washington está muito bem e convence nas sequências mais dramáticas do filme, Allison Janney é impecável como uma coronel disciplinada e objetiva, mas o destaque absoluto é a pequena Madeleine Yuna Voyles que está fantástica e empresta força à pequena Alphie, além de impressionar nos momentos dramáticos), uma belíssima trilha sonora (onde o compositor Hans Zimmer traz temas grandiosos e épicos, mas também contemplativos e emocionantes), uma excelente montagem (que além do ritmo crescente, acerta em diminuí-lo nos momentos certos, onde aposta nas imagens contemplativas de seus flashbacks que conferem um caráter belo ao filme, e a sequência que Joshua e Alphie discutem o conceito de Paraíso e da existência humana onde exibe imagens que ressaltam o que foi falado é belíssima nesse aspecto), enfim, é um filme excelente.
Nota: 10!!!!
Status do Filme: Disponível no Star+

2 Indicações ao Oscar 2024 nas categorias de Melhor Som e Melhores Efeitos Especiais.

Gênero: Ação/Ficção Científica
Duração: 133 Minutos
Classificação Indicativa: 14 Anos (Violência, Temas Sensíveis e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Disney
Direção: Gareth Edwards
Elenco: John David Washington, Gemma Chan, Ken Watanabe, Sturgill Simpson, Ralph Ineson, Madeleine Yuna Voyles e Allison Janney

Ninguém Vai Te Salvar

NinguemVaiTeSalvar

Lançado Diretamente no Hulu nos EUA. Lançado Diretamente no Star+ no Brasil. Ninguém Vai Te Salvar é um suspense tenso e diferenciado, ainda que repetitivo em estrutura.
Trazendo uma garota que vive sozinha tendo que lidar com uma invasão alienígena dentro da sua casa, Ninguém Vai Te Salvar aposta em uma abordagem narrativa próxima dos excelentes Um Lugar Silencioso ao apostar no silêncio dos personagens para narrar a história. E se nos dois filmes do universo silencioso havia uma motivação clara para o silêncio, dessa vez o silêncio dos personagens é uma escolha clara por parte da protagonista e daqueles ao redor dela (e os motivos para isso eu deixo para que seja descoberto no filme), e com isso, o filme é eficaz ao demonstrar a inteligência (e a imensa sorte) da protagonista ao conseguir lidar com os extraterrestres e tentar escapar deles, remetendo no processo ao subgênero de invasão domiciliar (como Os Estranhos). No entanto, o roteiro acaba se repetindo demais, já que grande parte do filme é basicamente a protagonista tentando escapar dos alienígenas dentro de casa, e mesmo quando o roteiro a leva para fora de casa por algum período, ela acaba tendo que retornar para casa, o que acaba cansando. Por outro lado, a ausência de diálogos permite que o filme ganhe uma camada de mistério, jamais se detendo em responder questões que qualquer outro filme do gênero buscaria responder (e o terceiro ato acaba sendo justamente o mais interessante).
Adotando um design de produção curioso, onde apesar de ser um filme contemporâneo, os objetos de cena e os figurinos remetem a produções de época, o que confere uma bacana atemporalidade narrativa, o diretor Brian Duffield (que também assina o roteiro) consegue conferir um clima de tensão quase constante, e que vai aumentando conforme se desenrola. No entanto, o diretor erra ao mostrar demais as criaturas alienígenas (que mesmo realizadas em efeitos especiais relativamente bons, não são tão convincentes), e apesar de que seria inevitável para o filme mostrá-las, investir mais na sugestão faria muito bem ao filme, já que são reveladas cedo demais (e é fato que os melhores filmes do subgênero são justamente aqueles que menos mostram os alienígenas). Enquanto isso, se o roteiro se sai bem nas estratégias da protagonista para escapar dos alienígenas, sem revelar diretamente para o público, por outro lado, deixar para o final o motivo do trauma – e o silêncio – da protagonista acaba se revelando uma estratégia certeira, já que por um lado, caso soubéssemos antes, provavelmente os espectadores se afastariam da personagem, mas ao deixar para o final, fica um vazio emocional entre espectador e protagonista, e que caso melhor explorado, nos aproximaria da personagem.
Contando ainda com uma esforçada atuação física da talentosa Kaitlyn Dever (que sempre convence em cena), uma boa trilha sonora, uma fotografia eficiente (e cuja paleta de cores sóbria confere um clima frequentemente tenso ao filme) e um design de som excepcional (e como filme de narrativa silenciosa, os efeitos sonoros são impecáveis, seja para os alienígenas, com sua comunicação gutural e os seus poderes, ou para retratar a calmaria da cidade, é uma mixagem incrivelmente imersiva e caso lançado nos cinemas, seria um grande candidato ao Oscar 2024 de Melhor Som), enfim, é um ótimo filme.
Nota: 9!!!!
Status do Filme: Disponível no Star+

Gênero: Suspense
Duração: 93 Minutos
Classificação Indicativa: 14 Anos (Violência e Medo)
Distribuição: Disney
Direção: Brian Duffield
Elenco: Kaitlyn Dever

A Noite Das Bruxas

ANoiteDasBruxas

Desde que Kenneth Branagh decidiu encarnar o detetive Hercule Poirot nos cinemas, o resultado só trouxe ótimos frutos e reacendeu a vontade do público por whodunnits (e que também inspirou os maravilhosos Entre Facas e Segredos), e felizmente, A Noite Das Bruxas não deve em nada aos anteriores e é um suspense tenso, excelente e surpreendente.
Trazendo o detetive Hercule Poirot agora aposentado indo para uma sessão espírita até que um dos convidados é assassinado e o detetive mais uma vez tentará descobrir o assassino, A Noite Das Bruxas, assim como os anteriores, busca criar um clima de tensão que vai aumentando gradativamente conforme a história se desenrola, e ao contrário do anterior que tinha uma primeira metade bem mais demorada, este aqui é mais alinhado com o primeiro filme, investindo sabiamente no que é necessário no primeiro ato para a história funcionar, onde além de enxuto e objetivo, desenrola-se em um ritmo incrivelmente fluido e que não para nunca. E como é praxe no gênero, a investigação mostra-se sempre fascinante, e é sempre um prazer tentar adivinhar e montar o quebra-cabeça junto do protagonista, que fascina com a inteligência das suas suposições e deduções. Aliás, ao trazer elementos sobrenaturais para o roteiro, o filme consegue criar um clima tenso (por conhecermos muito bem as convenções dos filmes de assombração), que entra em conflito com a própria racionalidade do detetive, o que se torna um ótimo elemento dramático.
Além disso, parece que o diretor Kenneth Branagh extraiu as melhores lições dos filmes anteriores (especialmente do primeiro) e mostra-se ainda mais seguro na direção, mas também com vontade de experimentalismos: Dono de um estilo bastante clássico e com tendência ao melodrama e ao teatral (Branagh nunca escondeu seu fascínio pela literatura de Shakespeare, algo que até mesmo o excelente – e subestimado – Thor também teve), dessa vez ele adota uma razão de aspecto diferente (os anteriores eram o padrão WideScreen rodado em película, enquanto este é rodado em digital e com uma razão de aspecto maior), troca de compositor na trilha sonora (seu frequente compositor Patrick Doyle não pôde trabalhar no filme, mas foi substituído pela compositora Hildur Guðnadóttir) e busca fugir um pouco do seu estilo clássico e grandioso (tanto em tom e estilo) e confere um clima de mistério e sobriedade à própria narrativa, conferindo também uma melancolia palpável a boa parte dos personagens suspeitos. Além disso, Branagh merece aplausos em como explora um pequeno – e sutil – arco narrativo para Poirot a cada filme (e que o leva a confrontar seus próprios ideais): Se no primeiro filme o detetive acreditava piamente no balanço e equilíbrio das coisas, na sequência era a sua descrença no amor, e aqui ele é confrontado com aspectos sobrenaturais ou místicos. Claro, há pequenos erros pontuais ao longo do filme, e uma briga intensa acaba sendo prejudicada pela montagem caótica que nos impede de entender quem está brigando com quem e também pela escolha da trilha sonora bastante dissonante para essa sequência, mas no restante do tempo, o diretor mostra-se tão disciplinado quanto o próprio Poirot.
Trazendo um clímax perfeito em como desvenda o assassinato e as pontas da narrativa (onde também acerta no impacto emocional de seu mistério) e também ao deixar em aberto se de fato os eventos sobrenaturais são verdadeiros, o filme ainda conta com atuações muito boas (Kenneth Branagh mostra-se cada vez mais à vontade como Poirot, evocando com tremenda facilidade a inteligência e a vulnerabilidade do personagem, Tina Fey traz um bem-vindo bom humor ao filme, além de trazer imensa personalidade à sua divertida personagem, Riccardo Scamarcio deixa uma ótima impressão como o guarda-costas de Poirot, enquanto isso, o elenco cheio de estrelas explora ao máximo cada uma das suas principais cenas geralmente marcadas por monólogos, e Kyle Allen traz uma raiva intensa que se contrapõe com a surpreendente tristeza que evoca em um tocante monólogo, Jamie Dornan surpreende com uma atuação mais sutil, se saindo muito bem na sua cena chave, exceto no breve momento que se entrega ao exagero ao destruir uma cadeira, Jude Hill faz um ótimo trabalho como um menino precoce e Michelle Yeoh é excelente, como de hábito), excelente fotografia e design de produção (que explora a beleza de Veneza e confere tensão ao mergulhar os personagens em uma atmosfera sombria, além disso, a razão de aspecto maior confere grandiosidade aos diversos cenários, especialmente no palácio que se ambienta o filme), uma ótima trilha sonora (se falta a grandiosidade e a beleza que Patrick Doyle trouxe às aventuras anteriores de Poirot, ao menos a compositora Hildur Guðnadóttir acerta ao apostar em temas levemente dissonantes que compõem a atmosfera, mas sem deixar de lado as emoções expressivas da história), belos figurinos, ótimos efeitos especiais e sonoros, enfim, é um filme excelente.
Nota: 9,5!!!!
Status do Filme: Disponível no Star+

Continuação de Assassinato No Expresso Do Oriente e Morte No Nilo.
Baseado no Livro de Agatha Christie.

Gênero: Suspense
Duração: 103 Minutos
Classificação Indicativa: 14 Anos (Violência e Medo)
Distribuição: Disney
Direção: Kenneth Branagh
Elenco: Kyle Allen, Kenneth Branagh, Camille Cottin, Jamie Dornan, Tina Fey, Jude Hill, Ali Khan, Emma Laird, Kelly Reilly, Riccardo Scamarcio e Michelle Yeoh

Império Da Luz

Lançado nos Cinemas nos EUA. Lançado Diretamente no Star+ no Brasil. Império Da Luz pode até ser belissimamente fotografado, mas é um drama sem foco e desesperado por prêmios.
Ambientado em um cinema de uma cidade litorânea e apostando na relação entre os personagens que lá trabalham (em específico, a gerente – e protagonista – Hilary e Stephen, o jovem novo atendente), Império Da Luz tem um início de certa forma promissor ao trazer um ritmo paciente em estabelecer a rotina da protagonista e o convívio com seus colegas de trabalho dentro e fora do cinema. E a atmosfera melancólica e aconchegante que o filme possui, acaba ajudando a mergulharmos naquela história e nas relações entre os personagens. Porém, conforme ele se desenrola, mais parece que o filme não tem um objetivo claro, onde tenta abordar diversos temas (racismo, machismo, o amor por Cinema), e com isso, o roteiro não parece ter um foco narrativo e pior, discute seus temas da maneira mais rasa possível. E a partir da metade o filme se perde de vez, demonstrando uma equipe de produção disposta a tudo por prêmios: A sequência da pré-estreia, com Olivia Colman lendo um poema, com o diretor Sam Mendes ressaltando o pouco cuidado da personagem (como o batom sujando os dentes) é vergonhosa em seu objetivo de ganhar prêmios. E com isso, o filme se torna uma colcha de retalhos das mais bagunçadas: Ora se torna um romance (que ao menos tem o mérito de retratar uma relação com uma mulher madura com o de um jovem), ora quer abordar racismo, machismo e doença mental, e por vezes, se transforma do nada em uma versão do belo clássico Cinema Paradiso (com direito a um projecionista bondoso e com um grande passado).
Beneficiado pela fotografia espetacular do sempre confiável Roger Deakins (que faz mais que o filme aqui, onde concebe planos de imensa beleza plástica, trazendo ainda uma paleta de cores sempre agradável e belíssima, que ajudam a compor a atmosfera melancólica, aconchegante e por vezes calorosa do filme), o filme ainda conta com boas atuações (Olivia Colman se sai bem quando a atriz adota a composição sóbria que domina boa parte da projeção, mas sequências como a da pré-estreia, a que destrói vários castelos de areia e aquela que bêbada, declama ao colega todo o seu passado trágico, são péssimas e demonstra que a atriz estava com muita vontade de vencer mais um Oscar, pior, torna a sua composição absurda, já que depois dessas três sequências, fica difícil comprar o resto da sua performance, Micheal Ward confere uma atuação sóbria, mas também calorosa e cheia de energia e carisma, Tom Brooke cria um personagem interessante, e se Toby Jones tenta tornar seu projecionista um pouco mais profundo do que parece, Colin Firth pouco pode fazer no filme), uma direção extremamente bagunçada (onde prova que o diretor Sam Mendes ficou amargo depois de sua derrota no Oscar 2020 – quando seu 1917 perdeu o prêmio para Parasita – e decidiu criar um filme sob medida para o Oscar – o chamado isca de Oscar -, mas o resultado é que depois do primeiro ato sólido, o diretor não tinha a menor ideia do que fazer com o filme e acreditou que os temas que abordava – e o seu próprio nome – seriam suficientes para levar o filme a prêmios, felizmente foi devidamente execrado e esquecido), um belíssimo design de produção (a recriação de época é sóbria, e o cinema que ambienta boa parte do filme traz uma beleza descomunal e nostálgica), uma trilha sonora muito boa (que traz temas melancólicos e muito bonitos, mas apesar de composta por Trent Reznor e Atticus Ross, parece idêntica às trilhas do compositor Thomas Newman, parceiro habitual de Sam Mendes), enfim, é um filme fraquíssimo.
Nota: 5!!!!
Status do Filme: Disponível no Star+

Indicado ao Oscar 2023 de Melhor Fotografia.

Gênero: Drama
Duração: 115 Minutos
Classificação Indicativa: 16 Anos (Violência, Conteúdo Sexual e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Disney
Direção: Sam Mendes
Elenco: Olivia Colman, Micheal Ward, Tom Brooke, Tanya Moodie, Hannah Onslow, Crystal Clarke, Toby Jones e Colin Firth

Os Banshees De Inisherin

OsBansheesDeInisherin

Certas amizades são para a vida toda. Já outras são rápidas e momentâneas como a chuva. Porém, há algumas que são marcantes e especiais, mas que o tempo revela que já não fazem mais sentido na nossa vida, mesmo que amemos nossos amigos e sintamos ocasionalmente sua falta. E Os Banshees De Inisherin compreende isso e é uma comédia melancólica, um drama angustiante e uma experiência agridoce, mas muito boa.
Trazendo a simples história de um homem que decide não ser mais amigo de outro e a partir disso, explora as consequências dessa decisão, Os Banshees De Inisherin procura criar uma narrativa a princípio bem humorada ao não apenas dar o pontapé da história, mas ao povoar aquela ilha com figuras divertidas numa ambiência pacata e cuja maior diversão é o barzinho que reúne a todos. E como já é costume em seus trabalhos, o diretor/roteirista Martin McDonagh aposta em diálogos secos e por vezes cruéis com os seus personagens (e também entre eles) que nos leva ao riso nervoso, carregando também na atmosfera melancólica que domina o filme (e é uma decisão inteligente não retratar a convivência entre Pádraic e Colm antes da decisão do término da amizade).
Mas aos poucos, a atmosfera melancólica domina cada vez mais o filme, que mergulha em um clima cada vez mais angustiante, melancólico e amargo ao levar a história a consequências trágicas, e que se tornam ainda mais dolorosas ao vermos aquela amizade apodrecendo ao machucarem um ao outro, em nada lembrando o que era antigamente (mesmo que não saibamos exatamente como era). E é graças a isso que o terceiro ato funciona tão bem ao convergir toda a história e causar um forte impacto dramático, e a sequência final deixa um gosto agridoce na boca do espectador, o que certamente era a intenção do seu realizador (que também é especialista em levar sua história até às últimas consequências).
Triste no seu retrato de amizades, e reflexivo – e interessante – ao discutir o legado que deixamos (ao outro e à História), o filme ainda conta com excelentes atuações (Colin Farrell está muito bem e o ator é perfeito ao evocar uma vulnerabilidade surpreendente a Pádraic, e suas tentativas de reconciliar-se com o amigo podem ser desajeitadas e até mesquinhas, mas surgem tocantes pela sua vontade de retornar ao amigo, e o momento que se entrega ao choro após ser ajudado pelo amigo é tocante e bonito, Brendan Gleeson é excelente ao conferir sobriedade a Colm, o que nos impede de encará-lo como alguém desprezível, já que demonstra perceber as consequências de sua decisão, Kerry Condon está muito bem como a irmã de Pádraic, que também parece servir como bússola do espectador e Barry Keoghan é ótimo como uma figura divertida e também trágica), uma bela fotografia (que aposta em uma paleta sóbria e até mesmo em planos contemplativos para criar a atmosfera melancólica), ótimos figurinos e design de produção, uma excelente trilha sonora (que traz temas melancólicos e belíssimos que retratam bem não só a atmosfera do filme, como também o mergulho gradual da trama em seus caminhos mais tristes), uma montagem muito boa (que confere um ritmo perfeito ao filme, e que nunca se torna cansativo), enfim, é um filme muito bom.
Nota: 9!!!!
Status do Filme: Disponível no Star+

9 Indicações ao Oscar 2023 nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção – Martin McDonagh, Melhor Ator – Colin Farrell, Melhor Ator Coadjuvante – Brendan Gleeson, Melhor Ator Coadjuvante – Barry Keoghan, Melhor Atriz Coadjuvante – Kerry Condon, Melhor Roteiro Original, Melhor Montagem e Melhor Trilha Sonora Original.

Gênero: Comédia Dramática
Duração: 114 Minutos
Classificação Indicativa: 16 Anos (Violência Extrema, Nudez, Drogas Lícitas e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Disney
Direção: Martin McDonagh
Elenco: Colin Farrell, Brendan Gleeson, Kerry Condon e Barry Keoghan

Amsterdam

Amsterdam

Amsterdam pode até ter um elenco estrelado e ser muito bem produzido, mas é uma bagunça completa.
Trazendo a história de três amigos que se veem envolvidos em uma complexa trama investigativa após testemunharem um assassinato, Amsterdam tem uma premissa até interessante, que vai se desenrolando em uma cadeia complexa de personagens, mas que ao invés de ficar mais interessante, o efeito é o contrário, já que a narrativa se revela caótica, inchada e dispersa, com a história tornando-se tão absurda que se torna ridícula demais para levar a sério, e para piorar, é um filme que se arrasta demais e que testa a paciência do espectador ao ultrapassar as mais de duas horas de duração, nos levando a momentos que acreditamos ter passado longos minutos quando não passou nem dez. Investindo também em uma trama cuja dispersão é tão grande que acaba dispersando o espectador ao complicar demais a história (e também pelo roteiro estar aparentemente encantado em situar seus personagens fictícios dentro de um universo real, com alguns personagens que realmente existiram e pequenos acontecimentos que de fato aconteceram na vida real), e mesmo quando o filme parece encontrar um foco narrativo e indica que vai dar uma engatada, o caos e a autoindulgência da direção coloca tudo a perder.
Trazendo o geralmente confiável David O. Russell na direção, ele parece atirar para tudo quanto é lado que um ser humano é capaz de atirar em um filme, e tanto caos em um filme resulta em uma bagunça completa, e isso pode ser observado pelo próprio tom da narrativa, que parece ser uma colcha de retalhos, pois ora o filme parece uma comédia, depois parece uma trama de suspense flertando com o noir, para logo depois parecer um drama histórico, flertando logo depois com o romance. Isso também parece se aplicar à trilha sonora de Daniel Pemberton, já que o compositor também parece estar tão perdido quanto um espectador casual, já que também investe em temas que saltam entre o suspense, a comédia e o romance, sem haver uma coesão sonora. E até mesmo o elenco parece estar atuando da maneira que julgam ser melhor para o que interpretaram do roteiro, com artistas como Chris Rock, Mike Myers e Alessandro Nivola flertando com a caricatura, enquanto Margot Robbie, John David Washington, Michael Shannon e Zoe Saldaña apostam na sobriedade, e se Anya Taylor-Joy parece estar totalmente dedicada a devorar o cenário com o veneno da sua personagem (tornando-se irritante), o grande Christian Bale continua o provar o seu brilhantismo como ator, já que é ele que torna Amsterdam minimamente interessante e realmente parece interessado em criar um personagem instigante.
Tudo bem que o filme tem uma produção caprichadíssima: A fotografia é muito bonita, os figurinos são impecáveis, o design de produção é um espetáculo e com uma recriação de época perfeita, a maquiagem também impressiona (especialmente no retrato dos machucados de guerra, que surgem incrivelmente realistas, sem contar os típicos penteados de época), mas isso tudo é dever de qualquer filmezinho de época meia-boca. Não basta Amsterdam ser um teste de paciência, como me faz perguntar qual a intenção de seu diretor e roteirista com este filme, e sinceramente, não encontrei até agora, a não ser uma tentativa desesperada de concorrer a prêmios (já que aparentemente dramas de época existem apenas para isso) ou de uma das maiores lavagens de dinheiro que Hollywood já produziu, e se não for nem uma dessas opções, temos aqui um dos maiores desperdícios de talento e dinheiro já exibidos em uma tela de Cinema. No Elenco do Filme está: Christian Bale (O Pálido Olho Azul e Thor: Amor e Trovão), Margot Robbie (Babilônia e Esquadrão Suicida 1 e 2), John David Washington (Beckett e Malcolm e Marie), Alessandro Nivola (O Estrangulador De Boston e Um Amor Na Itália), Andrea Riseborough (Please Baby Please e Matilda: O Musical), Anya Taylor-Joy (O Menu e dublou Super Mario Bros. – O Filme), Chris Rock (Espiral: O Legado De Jogos Mortais e dublou Convenção Das Bruxas – 2020), Matthias Schoenaerts (Brothers By Blood e The Old Guard), Michael Shannon (Trem-Bala e Entre Facas e Segredos), Mike Myers (Bohemian Rhapsody e A Vingança Perfeita), Taylor Swift (Cats e O Doador De Memórias), Timothy Olyphant (Um Ninho Para Dois e Era Uma Vez Em… Hollywood), Zoe Saldaña (Guardiões Da Galáxia 1,2 e 3 e Avatar 1 e 2), Rami Malek (007 – Sem Tempo Para Morrer e Os Pequenos Vestígios) e Robert De Niro (Meu Pai é Um Perigo e Vigaristas Em Hollywood). E na Direção está: David O. Russell (Joy: O Nome Do Sucesso e Trapaça).
Nota: 4!!!!
Status do Filme: Disponível no Star+ e no Amazon Prime Video

Gênero: Comédia/Drama/Suspense
Duração: 134 Minutos [2h14]

Classificação Indicativa: 16 Anos
Inadequações: Violência, Drogas e Linguagem Imprópria