Quem Fizer Ganha segue bem as bases dos filmes esportivos de superação, ainda assim, é um filme que envolve e diverte.
Narrando a história de um treinador que acaba sendo forçado a treinar o time da Samoa Americana (que sofreu a maior derrota em uma partida de futebol, perdendo de 31 a 0), Quem Fizer Ganha tem um primeiro ato relativamente irregular, já que os tons de comédia e drama parecem não se encontrar na narrativa. Felizmente, conforme o filme se desenrola e os personagens ganham contornos que os humanizam, melhor ele vai ficando, onde percebe-se que o roteiro está tentando usar o estilo cômico do diretor/roteirista Taika Waititi enquanto se adequa à velha história dos azarões que tentarão dar a volta por cima (e como já é fato, nós espectadores sempre tendemos a racionalmente torcer para aqueles que demonstram maior vulnerabilidade).
Além disso, o roteiro acerta ao retratar os habitantes da Samoa Americana com bom humor e sensibilidade em relação à cultura deles (embora acabe não se preocupando muito em ir além do básico) e o fato de trazer não só o time, mas o próprio treinador como um azarão também ajuda a aumentar a nossa torcida por todos, nos envolvendo ainda mais na história, que claro, não se furta em trazer os velhos clichês dos filmes esportivos, onde além do próprio time azarão (que ainda traz uma interessantíssima personagem transgênero como jogadora), tem também a sequência de treinamento (aqui embalada pela maravilhosa Everybody Wants To Rule The World), os discursos motivacionais e até a rivalidade com outro time na partida clímax (que o roteiro praticamente investe na sátira e na caricatura ao apostar no exagero dos jogadores para criar medo ao sibilar como cobras para o time da Samoa Americana, onde até seu líder, com linhas de expressão na testa que quase o converte em uma figura demoníaca), tudo num bom ritmo, e para quem como eu, não suporta futebol e não conhecia a história real, acaba se tornando bacana, mesmo sendo notável o esquematismo da narrativa em alguns momentos para mover a história adiante (e o roteiro exagera ao trazer pelo menos duas passagens em que o treinador desiste do time, apenas para mudar de ideia). E não há como negar a eficácia da partida clímax, que funciona ao criar um divertido suspense ao fazer um personagem contar como foi a partida para alguém que não conseguiu vê-la.
Trazendo piadas que ora funcionam pelo inesperado (como o rápido momento que percebemos um figurante esfaqueado ou quando o treinador usa parte do memorável discurso de Liam Neeson em Busca Implacável ao chegar no país) ora soam bobinhas demais (como a da catadora de latinhas), Quem Fizer Ganha acaba contagiando pela boa diversão, e claro, por funcionar muito bem como filme feel good que é, onde ainda conta com ótimas atuações (Michael Fassbender surge intenso e seu crescimento ao longo do filme é convincente o bastante para funcionar – só não dá pra perdoar a ridícula barba falsa que o personagem usa no início do filme -, Kaimana está muito bem e Oscar Kightley convence como alguém disposto a fazer o time vencer), uma boa fotografia (que aproveita os belíssimos cenários do filme, e adota uma paleta colorida), enfim, é um ótimo filme.
Nota: 9!!!
Status do Filme: Disponível no Star+
PS.: Há uma cena adicional depois dos créditos finais.
Inspirado em Fatos Reais.
Baseado no Documentário Next Goal Wins de 2014.
Gênero: Comédia Dramática
Duração: 104 Minutos
Classificação Indicativa: 12 Anos (Violência, Drogas Lícitas e Linguagem Imprópria)
Distribuição: Disney
Direção: Taika Waititi
Elenco: Michael Fassbender, Oscar Kightley, Kaimana, David Fane, Rachel House, Beulah Koale, Will Arnett e Elisabeth Moss