Furiosa: Uma Saga Mad Max

FuriosaUmaSagaMadMax

A trilogia Mad Max estrelada por Mel Gibson teve um início bastante modesto em 1979, se elevando em uma excelente continuação que tinha a oportunidade de expandir melhor seus temas e a ação espetacular, apenas para ser encerrada por um terceiro filme, que embora muito problemático em sua metade muito oscilante da gênese da franquia, ainda era um filme ótimo. E o que já dava para ver na trilogia era a capacidade da direção de criar sequências de ação intensas e de cair o queixo, e do roteiro de explorar sutilmente seus temas de exploração de recursos naturais e da desumanização do ser humano após o fim da civilização. Mas nada disso nos preparou para o jovem clássico Mad Max: Estrada Da Fúria em 2015, que elevou a síntese da saga a um patamar cinematográfico arrebatador ao criar um filme com ação praticamente constante e incessante, podendo ser considerado um dos melhores filmes de ação já feitos (ou melhor, de qualquer gênero), e que já está se tornando influente. Mais do que o próprio Max, a Imperatriz Furiosa de Charlize Theron se tornou uma personagem icônica a ponto de render um filme próprio, e este Furiosa: Uma Saga Mad Max é digno do fantástico filme anterior, e mesmo não o superando, o complementa perfeitamente e é um filme espetacular em ação e história.
Retratando toda a vida de Furiosa da infância à vida adulta enquanto busca uma vingança pessoal, Furiosa: Uma Saga Mad Max surpreende ao ir na contramão do anterior ao deixar a ação constante de lado para apostar fortemente na história, no desenvolvimento de personagens e principalmente, na expansão do seu universo. Paciente em seu desenrolar, o filme fascina ao explorar os seus personagens onde traz novas informações sobre aqueles que já vimos antes (como ao retratar a Cidadela quando ainda estava em seus primórdios), enquanto os novos que surgem aqui também fascinam em sua construção. Com isso, o filme se permite explorar seus temas de forma ainda mais clara ao trazer personagens lutando por recursos naturais e retratando a desumanização do ser humano, e claro, ao surgimento de falsos profetas (e a primeira aparição de Dementus, com barba e vestes que se assemelham às clássicas figuras santificadas, revela absolutamente tudo que precisamos saber sobre o personagem). E é a necessidade de encontrar qualquer resquício de humanidade que parece mover alguns dos seus personagens assim como na busca incessante de alguns deles pelo poder. Não à toa que o grande clímax do filme não é com uma grande explosão, e sim com a triste constatação de uma personagem ao perceber que está mais próxima do que imaginava de uma figura que tanto odiava.
Mas Furiosa: Uma Saga Mad Max não seria um filme digno da saga sem ação, e aqui, se inicialmente o filme parece se demorar um pouco para engatar, a partir da primeira grande sequência de ação, o filme engata, e engata mesmo. Caramba, essa primeira sequência de ação é tão fantástica, tão incrível, ela vai aumentando a sua escala e grandiosidade de uma maneira tão impressionante que é de cair o queixo, já que quando pensamos que ela atingiu um ápice, somos surpreendidos com mais novos elementos que sustentam-na mais um pouco. Mais ainda, ela revela novamente o talento fora do comum do diretor George Miller em construir sequências de ação complexas, já que o diretor preenche o quadro com movimentos, ação e informações que podem surgir de qualquer ponto da tela, encantando com a precisão impressionante da coreografia e das diversas manobras e peripécias que podem ser feitas com qualquer veículo, algo que se mantém pelo resto do filme na condução impecável das sequências de ação (e a montagem merece aplausos por conseguir sustentar o ritmo da ação e cortar nos momentos certos, sempre permitindo tornar a ação clara em sua decupagem e sem nos deixar perdidos na ação).
Visualmente espetacular, Furiosa: Uma Saga Mad Max ainda encanta em seus aspectos técnicos: O design de produção impressiona com os cenários diferentes uns dos outros, buscando trazer personalidade aos habitantes do universo distópico e de seu vasto escopo, especialmente os veículos, que soam improvisados e surpreendentes em suas capacidades, enquanto os figurinos são bastante criativos em revelar muito de quem os veste. Além disso, a fotografia encanta com os enquadramentos belíssimos e que trazem uma escala de tirar o fôlego, e mesmo se passando totalmente no deserto, o diretor de fotografia Simon Duggan encontra maneiras de sempre tornar o filme visualmente interessante pelo uso de contrastes e cores intensas. Já a maquiagem é excepcional (e digna de prêmios) ao retratar as diversas figuras vistas em tela, impressionando nos detalhes das caracterizações (seja em cicatrizes e próteses propositalmente artificiais) e por nos convencer da vivência daqueles personagens no deserto. E se o design de som é extraordinário na imersão que nos provoca no filme (e claro, nos belos efeitos sonoros para as explosões, tiros e roncos de motores, que chegam a parecer extensões dos personagens), os efeitos especiais são excelentes e muitíssimo bem empregados, e mesmo a artificialidade de alguns deles (que só são levemente prejudicados pela aparição dos bonecos digitais e de elementos digitais em alguns momentos) podem ser perdoadas, já que são usados com parcimônia.
E no final das contas, é na maneira surpreendente que expande e complementa o anterior que torna este filme um excelente esforço, e que acaba tornando Furiosa uma personagem ainda mais trágica do que imaginávamos, e que agora seu grito no meio do deserto carregará uma dor ainda maior ao rever aquele filme em retrospecto. E este aqui ainda conta com atuações muito boas (Anya Taylor-Joy pode até não superar o memorável trabalho de Charlize Theron naquele filme, mas a atriz explora ao máximo a oportunidade de tornar a personagem ainda mais fascinante, onde além da fisicalidade em cena, a atriz expressa pelo seu intenso olhar o que precisamos sentir sobre a personagem, Chris Hemsworth entrega aquela que deve ser a melhor atuação da sua carreira, já que o ator confere ao vilão Dementus uma figura que diverte pela caracterização, mas que consegue impor alguma imprevisibilidade e ambição ao seu personagem que o torna implacável, além disso, o ator humaniza o seu personagem a partir de elementos como o ursinho de pelúcia ou o fato dele cuidar da pequena Furiosa quase como uma filha e parecer se importar com a mesma, Tom Burke chama a atenção com seu personagem que remete pontualmente ao conhecido Max e Charlee Fraser faz uma ótima participação como a mãe de Furiosa), uma trilha sonora muito boa, enfim, é mais um filme excelente de uma franquia muito boa.
Nota: 10!!!!
Status do Filme: Em Exibição Nos Cinemas

Prelúdio de Mad Max: Estrada Da Fúria.
Baseado nos Filmes Mad Max, Mad Max 2: A Caçada Continua e Mad Max – Além Da Cúpula Do Trovão.

Gênero: Ação
Duração: 148 Minutos
Classificação Indicativa: 16 Anos (Violência Extrema e Drogas Ilícitas)
Distribuição: Warner Bros.
Direção: George Miller
Elenco: Anya Taylor-Joy, Chris Hemsworth, Tom Burke, Alyla Browne, Lachy Hulme e Charlee Fraser

Deixe um comentário